[...]
Clarice acordou sentindo-se totalmente dolorida.
Dos pés à cabeça, seu corpo doía, porém haviam alguns pontos mais específicos que ardiam e latejavam com mais intensidade, um deles sendo sua testa.
Sentia sua boca e garganta secas, uma coberta macia sobre seu corpo e nenhum cheiro que lhe fizesse ter a sensação de que estava em casa.
Se remexeu na cama, deitando-se de barriga para cima, gemendo conforme seu corpo protestava.
Que dia era hoje? Precisava ir trabalhar? Estava atrasada? Tinha esquecido de pôr seu celular para carregar?
Por que tinha a sensação de que estava esquecendo alguma coisa importante?
Apertou os olhos, forçando sua mente a pensar no que se lembrava.
Tinha ido ao trabalho, como de costume, chegado perto das sete da noite e saído alguns minutos depois das sete da manhã. Havia sido um plantão tranquilo, sem nenhuma urgência, e então havia resolvido perdoar Olivia e atender sua ligação.
Aidan havia falado com ela? Sim, havia. Grosseiramente, ele havia tomado o celular de Olivia e exigido saber onde estava...
As lembranças voltaram como um baque surdo, e ela abriu os olhos de rompante, se sentando na cama.
Os agentes da Interpol que a levaram, o tiroteio, por Deus, ela havia atirado em alguém.
Onde estava? Para onde tinha sido levada? Por quanto tempo estava apagada?
Ainda confusa, seus olhos começaram a percorrer o ambiente a sua volta.
Não reconhecia o quarto. Decorado com um ar que mesclava o moderno e o antigo, era algo que remetia riqueza e elegância.
Baixando os olhos, encarou sua própria situação.
Não eram suas roupas. O short de tactel preto e a camisa branca definitivamente não eram seus, porque eram masculinos.
Abraçou seu próprio corpo e então começou a se dar conta dos machucados que lhe cobriam. Seu lábio estava cortado, assim como o topo de sua testa e vários arranhões e ralados espalhados por seus braços e pernas. Provavelmente tudo adquirido durante o acidente de carro provocado por aqueles três palhaços armados.
Agora que existia apenas em suas lembranças, agora que a sensação fria do revólver contra seus dedos parecia apenas um fragmento de memória criada por sua mente, tudo parecia um filme de terror.
Tentou engolir para se situar, tentar pensar logicamente, mas não existia um pingo de saliva em sua boca. Se sentia fraca, resvalante até mesmo para se mexer sobre a enorme cama.
Onde diabos estava?!
Olhou ao redor, e numa fração de segundos pareceu estar vivendo um dejavu.
Ao lado da cama onde estava existia um pequeno móvel. Sobre ele, um tablet com a tela escurecida e um bilhete.
Lentamente se aproximou, o coração acelerando conforme pegava o pequeno papel nas mãos.
"Assista se acordar confusa."
Se?! Se acordar confusa?! E existia outro jeito de acordar perante sua situação?!
Sentindo um gosto amargo na boca, alcançou o tablet e com um deslize sobre a tela o desbloqueou, dando play no vídeo pausado.
Era uma filmagem da hora em que saiu do carro tombado, provavelmente o vídeo que o próprio cara em quem havia atirado tinha feito com seu celular.
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Dangerous Love
Romansa[CONCLUÍDA] Clarice Gouthier não imaginava que ser madrinha de casamento de sua melhor amiga lhe traria tantos problemas. Após uma série de eventos que a obrigaram a morar com um completo estranho, ela só gostaria de acordar e descobrir que tudo não...