Dangerous Love

Capítulo Treze

[...]

Os dias se arrastaram conforme todos enfrentavam o luto de seu próprio jeito.

Alguns dias depois, Clarice ainda tentava absorver a notícia.

Ivana estava morta. Quer dizer, ela nem conhecia a loira direito, mal tinha trocado algumas palavras com ela durante o casamento de Olivia, mas mesmo assim... Era um choque imenso.

Conhecia a dor da perda, conhecia aquela sensação de desespero, como estar caindo de um penhasco em direção à escuridão, ao desconhecido. Queria ter conseguido falar com Ítalo, tentar de algum jeito transmitir seu conhecimento de que, apesar de sufocante, com o tempo aquela dor iria se transformar em algo mais brando, mas não tinha visto o moreno em lugar nenhum.

Ivana havia sido enterrada no cemitério particular da família. Uma cerimônia rápida, feita na mesma capela onde Olivia havia se casado, com a participação de poucas pessoas e nenhum choro, apenas expressões abatidas e preocupadas.

Ítalo não estivera presente na cerimônia, nem Vittorio. Não quis saber o porquê, nem pensou em perguntar a alguém sobre o que teria acontecido entre eles. Era uma história que tinha acabado mal, com certeza, e ela não queria fofocar logo após a morte de um dos envolvidos.

Aidan estava na cerimônia, mas não tinha chegado perto dela nem uma vez, sequer olhou em sua direção. Clarice, com seu orgulho ferido por estar esperando há tanto tempo que ele voltasse a se aproximar, apenas resolveu que ignorá-lo também seria a melhor saída, afinal, ambos estavam fazendo o certo: evitarem um ao outro e quaisquer sentimentos que pudessem vir a ter com o convívio.

Após a cerimônia, tinha pedido para ir ao apartamento da amiga e dormir por lá. Luca tinha concordado e explicado que provavelmente passaria a noite fora resolvendo algumas questões importantes, e que ficava satisfeito em saber que Olivia teria uma companhia.

Algumas questões. Naquela mesma noite, Olivia havia explicado que Ítalo estava exigindo uma retaliação. Ele queria caçar os envolvidos na morte de Ivana e estava deixando todos loucos com sua sede de vingança.

Clarice sabia o que era isso: a culpa o estava corroendo tão profundamente que ele queria conseguir achar outra pessoa para culpar e, desse jeito, amenizar as próprias dores.

Porém, aparentemente, o moreno não tinha tido sucesso. Pelo que tinha ouvido nos últimos dias, Aidan tinha negado veementemente qualquer retaliação, afinal, quem havia começado toda a confusão, segundo informações, foi o próprio Ítalo. Uma briga na boate, uma perseguição de carros e uma fatalidade: simples assim, a vida de Ivana tinha ido embora.

Clarice bufou, sentindo o suor lhe escorrer pelas costas.

Nesse momento, estava na academia da mansão, correndo na esteira. Na verdade, já fazia isso com intensidade há duas horas inteiras e não tinha a intenção de parar. Sentia que, se não ocupasse seu corpo e sua mente, surtaria a qualquer momento.

Apesar das visitas de Olivia e dos passeios que davam, se sentia extremamente sozinha. O tédio tinha sido substituído por uma solidão sofrida e ela já não sabia mais o que pensar de tudo o que estava vivendo.

Conforme os dias passavam, ela ficava na dúvida se as coisas que estavam acontecendo eram reais. Alguns dias acordava, confusa, esquecendo de onde estava, procurando sentir o cheiro de seu apartamento e ver sua própria mobília. Quando lembrava de onde estava, um amargo profundo subia até sua boca, e ela caía de volta na cama, desanimada.

Mas essa manhã tinha sido diferente. Irritada consigo mesma e com toda a melancolia que a estava envolvendo, Clarice pulou da cama, vestiu uma roupa confortável e resolveu correr.