Capítulo Vinte e Três

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[...]

– Você jura que está bem? – Clarice repetiu a mesma pergunta pela enésima vez.

Olivia soltou uma risada abafada.

– Já disse que sim, Clare, ou você não escutou minha resposta das últimas oito vezes que me fez a mesma pergunta?

Clarice soltou o ar que segurava, vencida.

– Você sabe o quanto eu já sofri desde ontem? Pensar que você e meu afilhado se machucaram por minha-

– Chega! – interrompeu Olivia, a face repuxada entregando sua irritação – Você não tem culpa, Clarice! Quantas vezes vou precisar repetir isso também?!

A morena abaixou os ombros, rendida, mas sua expressão tristonha entregava que ainda se sentia responsável.

Ainda estavam no hospital, Olivia confortavelmente sentada sobre a cama estreita do quarto. Parecia bem com a camisola azul clara e os cabelos ruivos embaraçados. As mãos continuavam firmes sobre a barriga avantajada, protetoras.

Tinham estado assim desde que ela acordara pela manhã.

Clarice tinha chegado na primeira hora das visitas, às oito da manhã, e ficado no quarto esperando pela amiga desde então. Olivia havia acordado perto das dez, dizendo que se sentia completamente bem. Após uma inspeção rápida dos médicos e a constatação de que ela realmente estava estável, Luca havia saído para tomar um café após passar a noite em claro, deixando as amigas sozinhas.

Desde então, Clarice não parava de pedir desculpas.

– Desculpa – murmurou pela milésima vez.

Olivia bufou, irritada, e revirou os olhos.

– Se vai continuar com essa ladainha é melhor sair.

A morena encolheu os ombros, sentindo as palavras lhe atingirem, mas entendia sua amiga.

Ambas tinham passado por uma experiência horrível, mas já era hora de seguirem em frente. Se ficassem se lamentando, se deixassem a culpa e o medo dominarem, a Maiali simplesmente ganharia.

Isso elas não podiam permitir.

– Está precisando de alguma coisa? – Clarice perguntou, querendo mudar de assunto – Está com fome? Sede? Quer um travesseiro mais fofinho?

Olivia encarou a amiga, os olhos cor de mel brilhando com uma profundidade nova.

Talvez a maternidade já estivesse mudando a ruiva.

– Como estão as coisas entre você e o Aidan?

Clarice piscou, confusa pela mudança repentina de assunto.

– Como assim?

– Vocês conversaram? – insistiu Olivia.

– Nós... Conversamos, acho.

– Então porque ainda não vejo um anel de noivado no seu dedo?

Clarice coçou sua nuca, constrangida.

– Nós conversamos, mas não sobre isso. Quer dizer, ontem à noite eu não estava com cabeça e ele me respeitou. Não que eu tenha certeza de que ele queria falar sobre isso, até porque não sei se ele mudou mesmo de ideia. Tipo, eu passar por uma experiência de quase morte não deve ter feito com que ele-

– Clare! – interrompeu Olivia balançando a cabeça – Quando você começa a tagarelar eu já sei que está querendo desviar o assunto.

A morena respirou fundo, encarando as mãos largadas sobre o colo.

Dangerous LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora