Capítulo Cinco

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[...]

Antes mesmo de abrir seus olhos, Clarice tomou consciência e percebeu o quão ferrada estava.

Sua cabeça latejava como o inferno, sua boca seca indicava uma ressaca das brabas e todo o seu corpo doía, parecendo ter sido torcido e retorcido milhares de vezes.

Tomou coragem e, mesmo sem saber se resistiria, abriu os olhos.

Pela graça de Deus o quarto estava escuro. As pesadas cortinas sobre a grande janela impediam que a luz do Sol entrasse e atacasse sem piedade seus...

Espera! Onde diabos estava?!

Esquecendo suas dores de cabeça e corpo, se sentou na cama num salto só. Os olhos arregalados tentavam enxergar em meio a penumbra, enquanto seus dedos sentiam o colchão macio sobre si, num lugar que ela não fazia a mínima ideia da localização.

Tinha sido sequestrada?! Tinha vindo parar na casa de um estranho?!

Admitia que não se lembrava de absolutamente nada após a janta. Certeza que tinha enfiado o pé na jaca e bebido todas, tudo o que podia e também o que não podia, e agora estava aqui, sofrendo as consequências.

Engoliu seco e com cautela baixou os olhos para seu corpo. Ainda vestia o vestido do casamento, apenas seus sapatos de salto haviam sumido.

Bom, isso era um bom sinal, certo? Pelo menos não estava pelada em algum lugar completamente desconhecido.

Respirou fundo duas e três vezes, até acalmar seu coração acelerado, e então se forçou a pensar logicamente.

Primeiro passo: descobrir onde estava. Segundo passo: encontrar uma garrafa bem grande de água e beber tudo de uma única vez.

Assentiu, concordando consigo mesma, e então jogou os pés para fora da cama. Era consideravelmente alta, levando em conta que não sentiu o chão nem mesmo na ponta dos pés. Porém, antes que pudesse dar um pulinho e pegar impulso para finalmente se levantar, seus olhos captaram outra coisa.

Um criado-mudo com um abajur e alguma coisa branca que se destacava em meio a penumbra, parecendo ser um pedaço de papel.

Um bilhete de seu possível anfitrião? Ela esperava que sim.

Levou a mão a fim de alcançar o papel, e então a luz do abajur se acendeu automaticamente, fazendo-a dar um salto para trás.

– Ai, caralho! – exclamou baixinho por conta do susto.

Novamente levou sua mão até o criado mudo, alcançando o pequeno papel dobrado ao meio. Escrita numa letra cursiva floreada que não era comum a ela, haviam apenas 4 palavras:

"Assista antes de levantar".

O que aquilo queria dizer, afinal?

Voltando a olhar para o criado-mudo, viu um tablet com a tela escurecida. O tomou nas mãos, e após dois toques suaves a tela se acendeu, revelando um vídeo pausado.

Ainda sem entender direito, deu play no vídeo.

Conforme assistia, suas bochechas ficaram vermelhas e ela considerou praticamente impossível respirar.

Sim, morreria de vergonha e seria agora mesmo.

O vídeo de aproximadamente dez minutos estava dividido em duas partes. A primeira mostrava ela mesma chegando ao lugar onde estava, carregada por Aidan, enquanto ria de alguma coisa e aparentemente dizia muitas outras desconexas. O vídeo era de uma câmera de segurança, por isso não tinha som, e ela agradecia aos céus por isso.

Dangerous LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora