Dangerous Love

Capítulo Doze

[...]

Uma semana inteira se passou com a ausência de Aidan.

Desde a conversa que tinham tido, onde Clarice pedia para que ele se afastasse e até mesmo se mudasse da mansão, a morena não tinha mais cruzado com o moreno, nem mesmo de relance.

Ele parecia ter tomado chá de sumiço. Não apareceu nem um dia sequer na mansão e, mesmo quando saía por aí com Olivia e Luca, às vezes com Vittorio, também não via o moreno em lugar nenhum da cidade, que não era tão grande assim para que não chegassem a se esbarrar.

Seus amigos nem mesmo mencionavam o nome do moreno. Por algum motivo, o tópico "Aidan" havia se tornado um completo tabu na vida de Clarice.

Mas a morena também não fazia questão de perguntar. Mesmo que estivesse morrendo de curiosidade e que seu estômago se apertasse a cada vez que voltava para a mansão e não o via, ela não se permitia fraquejar.

Sim, era melhor assim. Quanto mais distância mantivessem, mais seu coração estaria protegido.

Seus vômitos tinham se tornado mais frequentes. Todos os dias, pelo menos uma das refeições que fazia eram jogadas pelo ralo. Certa vez, quando saiu em companhia de Olivia e com Vittorio de guarda, teve um mal súbito dentro do shopping onde estavam, vomitando todos os mondeghili* que havia acabado de comer.

*Comida tradicional de Milão. Almôndegas preparadas com um mix de carne de vitela e vaca assadas, juntamente com mortadela, salsicha, pão, ovos e especiarias, e depois fritas na manteiga.

Claro que Vittorio, ao ver aquilo, insistiu que fossem ao médico. Retornaram ao mesmo hospital onde Olivia estava fazendo o pré-natal e, após uma consulta, foi diagnosticada: estresse. O médico, um senhorzinho que devia estar na casa dos setenta anos, explicou que o estresse aumentado ativou sua gastrite nervosa* e causou os episódios de mal estar e também os vômitos frequentes.

*É uma doença do estômago que, apesar de não causar inflamação como a gastrite clássica, provoca sintomas como azia, queimação, sensação de estômago cheio e vômito. Os sintomas surgem devido a tensões emocionais como estresse, ansiedade e nervosismo.

Ele receitou alguns remédios para ajudá-la com os enjoos e também recomendou que evitasse passar por emoções fortes. Mas como conseguiria evitar fortes emoções quando estava presa em toda aquela situação com uma família da máfia italiana? Sabia que jamais poderia dizer algo parecido ao médico, ainda mais com os olhos castanhos de Vittorio tão fixos sobre ela, avaliando cada ação e julgando cada palavra.

Sentiu-se desanimada ao sair do consultório e não se surpreendeu quando os remédios não aliviaram seus sintomas, apenas espaçaram as crises de enjoo. Por hora, teria que se conformar com isso, e já sentia que provavelmente teria emagrecido alguns bons quilos.

E, ao contrário do que pensou, Aidan não se preocupou com ela. Não sabia se alguém ao menos havia informado o moreno de seu estado de saúde, mas se sim, ele não havia se importado. Nenhuma mensagem, ou ligação, ou visita...

Mas deveria esperar alguma coisa quando ela mesma tinha pedido que ele se afastasse?

A resposta era simples e óbvia: não, não devia. Seria egoísta de sua parte fazer isso, mas infelizmente ainda não havia aprendido a controlar as próprias emoções, para sua infelicidade.

Bufou, encarando seu próprio reflexo na parede espelhada do elevador.

O tédio a tinha enlouquecido ao ponto de tomar coragem e sair de casa sozinha. Chamou um táxi e deu a ele o endereço de Olivia, as pontas dos dedos tão geladas que as sentia dormentes.