Capítulo Vinte e Dois

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[...]

– Então você vai morar com o Aidan, é isso? – Leonel perguntou num tom quase entediado.

Clarice respirou fundo, encarando o pai.

Não podia mais adiar essa conversa e não era algo que poderia fazer por telefone. Por isso, tinha decidido fazer uma viagem rápida a Nápoles para conversar com Leonel sobre sua decisão e sua nova moradia.

Olivia, ao saber que a amiga visitaria o pai, insistiu em vir junto, dizendo que por Luca estar muito ocupado nos últimos dias, estava entediada dentro de casa. Obviamente, Clarice não conseguiu dissuadi-la da ideia e agora estavam ambas na casa do pai, porém a ruiva havia deixado os dois assim que a conversa teve início no escritório.

Devia estar na cozinha, procurando alguma coisa gostosa para comer.

– Você sabe qual é meu objetivo. Se quero alcançá-lo, preciso ficar em Milão.

Leonel estalou a língua, insatisfeito.

– Sei muito bem qual o seu objetivo, já recebi os relatórios sobre suas atividades.

Clarice sentiu as bochechas esquentarem. Em nenhum momento passou por sua cabeça que seu pai saberia de tudo que ela fazia em Milão.

Um erro, já que ele sabia de tudo.

– E seu treinamento? – ele voltou a indagar.

A morena respirou fundo, tentando dissipar o constrangimento.

– Pensei em contratar alguns professores particulares para continuar meus treinos físicos e de tiro.

– Hm – Leonel apenas murmurou.

– Você não aprova?

– Um instrutor, por mais talentoso que seja, não vai ensinar a você o que precisa saber.

– O que sugere, então?

– O ideal seria que ficasse em Nápoles por mais um ano, no mínimo, mas como sei que isso não vai acontecer, terei que me mudar para Milão.

Clarice arregalou seus olhos.

– Você vai voltar para Milão?!

Leonel ergueu uma sobrancelha.

– Por que o espanto? Não posso?

– Não é isso, é que... Achei que tinha memórias ruins da cidade.

– E tenho – confirmou ele – Mas prezo mais pela sua segurança do que qualquer coisa, e você só estará segura quando estiver preparada.

A morena piscou, sentindo os olhos arderem.

Quanto tempo fazia que não sentia isso? Essa proteção... Esse amor...

Com certeza, desde que sua mãe havia morrido.

Não que não recebesse outros tipos de amor, como o de Olivia, mas aquilo era diferente...

Amor paternal.

– Não se preocupe – Leonel voltou a falar perante o silêncio atônito de Clarice – Não vou ficar na mansão com você e Aidan. Tenho minha própria casa.

Clarice soltou uma risada abafada.

– Não era essa minha preocupação.

– Então qual é?

– Será que vou estar viva até o fim desse ano?

Leonel revirou os olhos.

– Para de fazer drama, Clarice.

Dangerous LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora