Dangerous Love

Capítulo Dezesseis

[...]

A viagem até Nápoles estava sendo extremamente silenciosa.

Com o canto dos olhos, discretamente, Clarice lançou uma olhadela em direção à Aidan, percebendo que ele ainda estava com aquela expressão fechada, a testa vincada e a boca contraída com tensão.

A morena voltou seus olhos verdes para a estrada à frente e deu um longo suspiro.

Desde a noite anterior, quando havia chegado tarde da noite ao apartamento que agora dividiam e lhe dado a notícia que teriam um jantar com o antigo chefe da família, Aidan não trocara mais do que duas ou três palavras com ela. Parecia estar preocupado, tenso, com a cabeça em outro lugar.

No meio da madrugada, ela sentiu o moreno se remexer e então se levantar, não voltando para a cama até de manhã cedo. Não sabia se tinha tido um pesadelo e acordado ou se nem havia conseguido dormir, mas tinha deixado que ele fosse sem interrupções porque pensou que ele talvez precisasse de um tempo.

Bom, não havia funcionado.

Pela manhã, ostentando olheiras escuras sob os olhos, Aidan ainda se mostrava preocupado e não dava indícios de que iria melhorar, pelo menos não até que aquele maldito jantar passasse.

Ainda faltavam algumas horas de viagem. Tinha se surpreendido quando o moreno afirmara que viajariam de carro para Nápoles, mesmo que fosse uma viagem de horas.

Parecia que ele estava querendo adiar aquilo o máximo que podia.

Dessa vez, virou seu rosto inteiro para o lado e o encarou intensamente. Se percebeu sua atenção, Aidan não demonstrou, não mexeu nem sequer um músculo da face, os olhos azuis fixos na estrada.

– Aidan – Clarice chamou, o tom amoroso e preocupado.

O moreno não pareceu ouvir, perdido em pensamentos profundos demais.

– Aidan – Clarice tentou de novo, dessa vez o tom de voz mais firme.

Aidan finalmente piscou, parecendo sair de um transe, e então jogou os olhos para ela, mas em seguida voltou a fitar a estrada.

– O que foi? – a voz dele parecia rouca como se não falasse há dias.

– Eu que pergunto – contrapôs Clarice – O que é que deu em você Está tão calado desde ontem que mal falou comigo.

– Não foi nada.

A morena puxou o ar profundamente, querendo mostrar sua insatisfação, e não tirou os olhos inquisidores da imagem do perfil do moreno.

– Sinceridade, lembra? Você pode me contar qualquer coisa.

Aidan piscou algumas vezes, única reação visível.

– Está tudo bem – ele voltou a afirmar, mas não havia mais tanta certeza na voz.

Clarice jamais havia visto o moreno desse jeito. Ele era sempre muito seguro de si, sempre parecendo ter tudo sob controle.

Mas agora...

– Eu sei que é esse jantar que está te deixando preocupado, mas por quê?

Foi a vez de Aidan respirar fundo. Ele parecia mortalmente cansado, como se apenas algumas horas tivessem sugado toda a sua energia.

– Ele é... Ele é a única pessoa que não posso enfrentar, Clarice – as palavras saíam com dificuldade – Se ele se opuser a você, a nós... Não posso enfrentá-lo, não tenho poder suficiente para isso, ainda não. Mesmo que eu seja o chefe há mais de oito anos, ainda não tenho o poder que ele tem. Se ele não aceitar você, se me mandar escolher entre você e a família... Não sei o que vou fazer.