Capítulo Seis

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[...]

A noite havia sido calma, e o Sol lentamente já começava a entrar pelas janelas da sala do pronto socorro.

Ao olhar para o grande relógio na parede oposta à onde estava sentada, Clarice percebeu que faltavam apenas quinze minutos para às sete horas.

Levantando os braços bem acima da cabeça, se espreguiçou.

Apesar de ter sido um plantão calmo, sem nenhuma intercorrência grave, sentia-se cansada como se um caminhão tivesse passado sobre seu corpo.

Estava sendo assim desde que havia voltado da Itália.

Faziam dois dias desde que aterrissou novamente em solo americano. 48 horas que não falava com Olivia.

Mas o que podia ter feito? Assim que chegou, pensou apenas em tomar um banho e morrer para o mundo em sua cama. Depois disso, ainda precisou ir atrás de um celular novo. Por sorte conseguiu manter o mesmo número, o que lhe poupou o trabalho de ligar para seus contatos mais importantes e informar que havia mudado. Em seguida, teve que trabalhar, seu primeiro plantão depois de sua folga de uma semana e não podia ficar atendendo as ligações de sua melhor amiga durante esse tempo.

Mas a ruiva ligava. Ligava muito, mais de trinta vezes nas últimas doze horas, no mínimo.

Aquela idiota não estava aproveitando a lua de mel? Por que estava se preocupando tanto? Ela sabia que faria um draminha por alguns dias, mas que depois as duas voltariam a se falar como se nada tivesse acontecido.

Até mesmo Luca havia ligado algumas vezes, o que era uma surpresa. O moreno nunca ligava para ela, a não ser que fosse caso de vida ou morte, como encontrar uma Olivia perdida e bêbada em pleno Halloween.

Pensando nisso, sentiu seu celular vibrar no bolso de seu jaleco.

Revirou os olhos, pegando o aparelho nas mãos. Para sua surpresa, não era Olivia, nem mesmo Luca, e sim um número que não estava gravado em sua agenda de contatos.

Deslizando a tela, encerrou a ligação.

Mesmo que quisesse, não poderia atender o telefone no horário de trabalho. Se essa pessoa quisesse mesmo falar com ela, teria que ligar dali a... dez minutos.

Graças a Deus, apenas dez minutos a separavam de sua cama tão confortável. Claro que não tão confortável como a que tinha experimentado na casa de Aidan e...

E, simples assim, quis voltar a se socar.

Essa era uma cena que tinha se repetido com frequência nos últimos dias. Sua mente lhe pregava peças e a fazia relembrar os momentos com Aidan até mesmo em sonhos. Talvez fosse por isso que estivesse se sentindo tão cansada. Sonhava com o moreno e acordava suada, quente e excitada.

E se isso não fosse o suficiente, as lembranças lhe ocorriam durante o dia também. De vez enquanto se pegava distraída, pensando em alguém que ela sabia não merecer seu tempo.

Tinham tido um momento estranho no aeroporto – inclusive tinha deixado que ele a beijasse outra vez. Mas o que isso mudava? Nunca mais o veria e, rápido como um raio, a relação catastrófica com o italiano havia começado e terminado.

Ponto final, fim de papo. Teria que parar de pensar nisso se quisesse seguir em frente.

O relógio finalmente bateu sete horas, e bocejando, Clarice se levantou, caminhando em direção ao vestiário. Tirou seu jaleco e guardou suas coisas em seu armário. Após trocar de roupa, estava finalmente pronta para ir embora.

Despediu-se dos colegas que chegavam o mais rápido que pôde, apenas pensando em sua cama.

Quando saiu da porta para fora, o ar frio da manhã atingindo seu rosto, respirou fundo.

Dangerous LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora