Capítulo Catorze

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**Aviso: esse capítulo contém cenas de violência.**

**Em caso de gatilho, pule as cenas Extra 1 e 2**

[...]

Clarice não soube dizer quantos minutos ou quantas horas se passaram desde que ela tinha esbarrado com Ethan e se trancado no banheiro.

Mesmo que já sentisse sua respiração mais calma e as lágrimas já tivessem parado de cair, suas mãos e pernas ainda se encontravam trêmulas, resquícios do verdadeiro pavor que sentiu assim que seus olhos identificaram a figura de seu ex bem em sua frente.

Puxou o ar pela milésima vez, sentindo o oxigênio correr livre por seu sangue, acalmando ainda mais seus sentidos.

Por que tinha vindo até ali? Em que merda estava pensando?! Já era ruim o suficiente estar envolvida com a máfia italiana, ainda tinha cogitado se envolver com a máfia russa?

Fechou os olhos com força, o arrependimento fazendo um gosto amargo subir para sua boca. Ela sentiu a bile vir, e se levantou com rapidez, erguendo a tampa do vaso e se preparando, mas o vômito não veio. Apenas a ânsia agonizante, mas nada saiu de seu estômago.

Talvez o remédio que estava tomando finalmente estivesse fazendo efeito.

Voltou a se sentar sobre o vaso, encostando a cabeça contra a porta. Não ligava que fosse nojento, não ligava para nada. Só precisava relaxar.

– Clare – ouviu uma voz tão conhecida chamar por ela.

Com movimentos ainda um pouco atrapalhados, ela se levantou e abriu a porta do banheiro. Olivia, assim que encontrou a amiga, correu até ela, abraçando-a forte.

– Calma, eu tô aqui – murmurou afagando os cabelos negros – Ele não vai mais chegar perto de você, eu prometo.

A morena apenas conseguiu assentir, apertando a ruiva entre seus braços, querendo sentir que ela estava realmente ali.

– Você está gelada – ouviu a ruiva protestar enquanto esfregava suas costas com carinho.

Clarice respirou fundo, afastando-se da ruiva apenas o suficiente para poder olhar para a amiga.

– Ele está aqui – conseguiu balbuciar – Você não sabe o susto que levei, o pavor que senti quando pensei que ele pudesse ter de alguma forma me seguido, não sei... Você sabe que em Atlanta eu tenho uma medida protetiva contra ele, mas aqui... Aqui eu não tenho nada.

Olivia balançou sua cabeça.

– Aqui você tem uma coisa muito melhor do que uma merda de uma medida protetiva, você tem a nós. Vamos resolver isso.

Clarice franziu sua testa.

– Você falou como uma mafiosa.

A ruiva não achou graça.

– Acredite: em alguns momentos, é muito bom fazer parte da máfia.

– Do que está falando?

– Vem, vamos embora. Ah, e você vai ter que explicar muito bem o que te deu na cabeça para sair sozinha com o Ítalo.

A morena respirou fundo, parecendo cansada, mas assentiu, apenas se deixando ser arrastada pela amiga para fora do banheiro.

Assim que passaram pela porta, as amigas perceberam que alguma coisa estava errada. Mesmo que a música ainda tocasse alta e as luzes ofuscassem os olhos, a boate parecia mais silenciosa. As pessoas não dançavam, não bebiam e não conversavam, apenas tinham os olhos fixos em algum lugar.

Dangerous LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora