𝐃𝐨𝐩𝐚𝐧𝐢𝐦𝐞 𝐇𝐢𝐠𝐡 - 𝐶. 𝐶𝑢𝑙𝑙𝑒𝑛 | Hiatus E Reescrita

Forty One

⚠️Aviso: esse capítulo pode conter os seguintes gatilhos; bulimia, bullying e gordofobia.

- Então, quando começou?

A pergunta pairou no ar por um momento enquanto Lorelai cutucava as unhas. Ela não tinha certeza de onde começou, sempre presumiu que isso aconteceu quando ela realmente se envolveu com a medicina, mas não sabia quando isso passou a ser considerado prejudicial à saúde.

- …Escola, eu suponho.

Lorelai ficou quieta novamente por um momento, deixando as palavras serem absorvidas para que ela só tivesse que se explicar uma vez. Ela olhou para ele quando ele não respondeu e em sua sobrancelha dourada franzida e olhos atentos ela esclareceu:

- Faculdade, suponho que todo o bombardeio desta doença me deixou um pouco cética em relação ao açúcar e gorduras.

Carlisle parecia considerar isso de onde ele estava a alguns metros de distância dela, olhando-a enquanto ela se sentava em uma grande pedra perto do rio. Seus olhos cor de mel brilhavam sob os raios dispersos da luz do sol que atravessavam o dossel acima.

- Você está mentindo.

- Eu absolutamente não estou - Lorelai olhou para ele com raiva, recusando-se a sorrir para aquele rosto bonito enquanto ele lhe lançava acusações. Sério, quem ele pensava que era para dar um sermão nela...

- Está bem - Ele convocou.

Bem... essa foi uma história diferente. 
Lorelai suspirou, segurando o rosto para evitar olhar nos olhos dele.

- Não tenho orgulho disso - Ela admitiu em voz baixa - Não quero falar sobre esse assunto.

Ela o ouviu suspirar e, depois de um silêncio longo e penetrante, olhou para ele com hesitação. Olhos inflexíveis a seguraram no lugar, e ela começou a suar nervosamente. As sobrancelhas dele se juntaram, como se ele também tivesse notado, e de repente ela se sentiu muito constrangida com as funções naturais de seu corpo.

Ele realmente não iria deixar isso passar, ela percebeu, ele não iria parar porque a estava deixando desconfortável. Ela se sentiu como uma criança sendo repreendida e de repente percebeu que tinha causado isso, andando por aí com um médico bonito como uma adolescente nervosa. Ela era uma adulta, pensou com humilhação, certamente ela havia superado isso.
 
Carlisle suspirou novamente e ela se encolheu.

Um dedo tocou logo abaixo de seu queixo, acenando para que ela olhasse para cima, e ela pulou alguns centímetros de seu assento. Ela não o ouviu se aproximar, apesar do dossel de folhas decadentes que se espalhava pelo chão. Ele acariciou sua bochecha gentilmente com as costas da mão antes de dar a ela um sorriso quase tímido, retraindo as mãos e segurando-as juntas.

- Desculpe - Sua voz estava ligeiramente abafada, definitivamente mais leve, e um sorriso minúsculo, quase infeliz, surgiu em seus lábios - Estou um pouco frio demais para você agora, eu acho. Mas eu precisava... ah... queria sua atenção.

Ela sentiu uma onda de culpa quando percebeu que ele interpretou mal sua resposta ao tocá-la. Ela estendeu a mão para as mãos dele, balançando entre as pernas que estavam abertas em um agachamento, mas ele as puxou para trás ligeiramente - uma rejeição minúscula.

- Isto...

- Você me faz sentir terrível - Ela admitiu, seu coração começou a martelar de ansiedade quando ela viu o breve lampejo de mágoa naqueles olhos lindos e suaves - Não assim! Não, é só... você me faz sentir péssima por não contar todos os meus problemas, mas honestamente, eu deveria?

- É assim que os relacionamentos funcionam, sim.

- Com quais problemas você está lidando agora? - Ela retrucou.