A Chave

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Todas a mesa fizeram a refeição em silêncio. Logo após o almoço Mercedes trouxe uma sobremesa chamada Perrunillas as quais ela tinha sempre o costume de fazer. Margot se serviu de uma delas olhando para Nina que estava mais quieta que o normal. A cortesã então usou um dos seus pés tocando na perna da mais nova. Nina olhou para a morena que fez um sinal perguntado se ela estava bem. A garota acenou com a cabeça em afirmação pegando uma das Perrunillas. Margot ainda tinha os seus olhos sobre a amiga que parecia pensativa e distante. Não era a intensão da cortesã deixar a mais nova naquele estado. Realmente falar sobre casamento deixava a garota muito triste. Nina olhou para a mesa suspirando, a jovem então se levantou.

- Para onde você está indo? - Perguntou Mercedes.

- Biblioteca. - Disse Nina, se retirando do local.

Margot imediatamente se pôs de pé decidindo ir atrás da mais nova.

- Com licença. - Disse a morena ao se retirar da mesa.

Margot seguiu pelos corredores da mansão tentando acompanhar os passos da mais nova. Ela então viu quando a garota adentrou uma das portas. Ao entrar no local a mais velha se deparou com uma grande biblioteca. Haviam muitos livros organizados perfeitamente em enormes estantes que se estendiam do chão até o teto. Haviam grandes luminárias e o chão era todo coberto por um longo tapete. Margot caminhava pelo local que parecia mais com um labirinto. As estantes davam uma sensação estranha de claustrofobia como se elas fossem a qualquer monumento desabar sobre ela. Margot então seguiu por entre o labirinto de livros avistando de longe Nina, que se encontrava de cabeça para baixo em uma grande poltrona. Os pés da jovem estavam para o alto enquanto ela lia um livro o qual segurava nas mãos. Margot se aproximou fingindo que estava olhando os exemplares em uma das estantes.

- Há muitos livros aqui. - Comentou a morena.

- O meu pai gosta de colecioná-los. - Disse Nina, sem tirar os olhos do livro o qual lia.

- Então ele é um colecionador de livros? Isso é bom, pelo menos você terá muitos para ler. - Disse Margot.

- Para falar a verdade eu não posso entrar na biblioteca. - Disse Nina.

- Então por que você veio? - Perguntou Margot.

- Bem, ele não está aqui então não saberá. - Disse Nina.

- Você gosta de desafiá-lo, não é? - Disse Margot.

- Talvez. - Respondeu Nina.

- Não tem medo? - Perguntou Margot.

- Sim. - Disse Nina.

- Então por que você faz isso? - Perguntou Margot.

Nina fez uma pausa pensando.

- É porque eu tenho raiva dele e desobedecer as suas regras é a única forma a qual tenho para revidar. - Disse a mais nova.

Margot suspirou, achando que a garota estava brincando com fogo. A cortesã sentia que o homem não era alguém quem deveria ser desafiado. Só em olhar a organização perfeita da biblioteca era possível ver que se tratava de alguém rigido e metódico. Margot olhava para os livros passando os dedos sobre eles lendo os seus títulos.

- Este eu conheço... - Disse a cortesã pegando o pesado livro em suas mãos.

Nina ergueu os seus olhos fitando curiosa a amiga.

- Hum, que livro é? - Perguntou ela.

- "La Divina Commedia" A Divina Comédia de Dante Alighieri. Um poeta famoso na Itália. - Disse Margot, animada ao ver algo o qual lembrava a sua terra natal.

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