O Quarto

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Margot finalmente havia conseguido abrir a porta do quarto do Sr. Castillo. A cortesã então adentrou o local fechando a porta ao passar por ela. A morena ergueu a lamparina iluminando o quarto que se encontrava completamente escuro. O cômodo era muito espaçoso, talvez o maior quarto da mansão. Margot se movia lentamente pelo local avistando tenebrosas cabeças de cervos empalhadas que se encontravam penduradas nas paredes do quarto. Os animais mortos tinham um olhar vazio e ao mesmo tempo aterrorizante. Das janelas era possível ver os relâmpagos que cortavam o céu, iluminando o cômodo todas as vezes que caíam. Nesse momento um trovão pegou a jovem de surpresa a fazendo estremecer de medo.

- Maledizione!... - Disse Margot, xingando baixinho.

A cortesã respirou fundo continuando a observava o local. Além das cabeças de animais empalhadas também haviam armas, espadas e adagas penduradas como troféus nas paredes. O homem realmente parecia gostar de colecionar coisas assim como dito por Nina na biblioteca. Margot achava que a amiga parecia um pouco com o pai naquele aspecto, já que a mais nova também tinha o curioso costume de guardar objetos.

Ao se aproximar da cama Margot avistou um enorme quadro que cobria praticamente toda a parede da cabeceira. Era uma imagem aterrorizante pintada a tinta óleo de um homem grande de cabelos brancos que estava devorando algo que se assemelhava a uma criança. O olhar do homem era insano e violento, parecia não ter nem um remorso em cometer aquele ato. Margot então se assustou mais uma vez quando a luz de um dos relâmpagos iluminou o quadro o dando uma áurea ainda mais aterrorizante. Ninguém em sã consciência colocaria um quadro daqueles em seu próprio quarto. A não ser que aquela terrível imagem causasse algum tipo de satisfação no seu dono o que seria algo totalmente questionável.

Margot sacudiu a cabeça indo olhar o restante do quarto. A cortesã então notou uma pequena caixa de madeira sobre uma mesa. A jovem se aproximou iluminando o objeto com a lamparina. Ao tocar na tal caixa a morena sentiu uma sensação horrível. Margot respirou fundo colocando a lamparina sobre a mesa. Ela então abriu a caixa avistando algo enrolado em um lenço branco. A jovem fez uma pequena careta pois dele vinha um cheiro estranho que fez o seu estômago se revirar. Era algo que se assemelhava ao aroma de vinho velho e ferrugem. Com cuidado a jovem colocou o lenço sobre a mesa o abrindo. Na parte interna do pano havia uma mancha escura que se assemelhava a uma borra de café. Haviam alí dois objetos um pequeno broche em forma de um pássaro e uma velha navalha de prata, que se encontrava com a sua lâmina suja. Rapidamente a jovem afastou as suas mãos em um gesto automático.

- Mio Dio, cos'è questo?!

Margot se perguntava o que se tratava aquilo. Pela mancha e o cheiro a jovem imaginou que poderia ser sangue velho. Pensar naquilo fez com o que ela sentisse o seu estômago se revirar novamente. A cortesã manteve os seus olhos fixos naqueles objetos tentando entender o seu significado. Por que o pai de Nina guardava algo como aquilo? De onde haviam vindo o broche e a navalha e qual era a ligação entre os objetos. Margot sacudiu a cabeça decidindo devolver tudo para a caixa. A jovem enrolou com cuidado o lenço o colocando de volta exatamente da mesma forma a qual estava. Após isso Margot pegou a lamparina dando uma última olhada no quarto antes de sair. A cortesã se sentiu aliviada ao deixar o local. Em seguida a jovem resolveu ir até o escritório devolver a chave para o seu lugar, assim o Sr. Castillo não desconfiaria de nada.

Enquanto isso, no quarto de Nina. A jovem dormia profundamente quando um forte trovão caiu abalando o local fazendo a mais nova despertar abruptamente. Assustada a garota esticou os seus braços a procura de Margot. Nina então franziu a testa ao ver que a amiga não se encontrava alí. A jovem se sentou na cama olhando ao redor a procura da outra. O quarto estava escuro enquanto o céu era castigado com a forte chuva que não parava de caír.

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