A Espreita

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Philipe havia retornado para a residência, após pegar o necessário em sua mansão. O homem estava com os seus pensamentos longe por causa da sua breve conversa com William. O nobre sabia que havia tomado a decisão certa em relação ao outro, mas aquilo não o fazia se sentir menos culpado pela volta forçada do seu amigo para a Inglaterra. Philipe deu um longo suspiro, desejando que um dia William entendesse as suas motivações.

O nobre passava pela sala trazendo com ele a sua mala com roupas, quando se deparou com Miguel sentado em um dos sofás. O rapaz estava de braços cruzados e tinha uma cara emburrada.

- Hum, aconteceu alguma coisa? - Perguntou Philipe, fitando o outro.

- Eu prefiro não falar. - Disse Miguel.

- Entendo. - Disse Philipe.

O nobre imaginou que havia acontecido algo envolvendo Margot, mas resolveu não perguntar mais pois sabia que o rapaz iria ficar chateado.

- Eu trouxe alguns alimentos para abastecer a dispensa. - Disse o duque.

- Que bom. - Disse Miguel, suspirando.

- Como está a Nina? - Perguntou Philipe.

- Ela está na companhia daquela outra. - Disse Miguel, se recusando a falar o nome da cortesã.

Philipe suspirou, balançando a cabeça.

- Eu irei dar uma olhada nela. - Disse o nobre.

Ele então deixou a sua mala na sala subiu as escadas rumo ao quarto. Ao adentrar o cômodo o duque avistou Nina, que dormia profundamente nos braços de Margot. Logo a morena olhou para o nobre fixando os seus olhos verdes nele. Era um olhar profundo e sério. Estranhamente Philipe sentiu como se a cortesã não o quisesse alí. Era como se a mulher fosse uma leoa feroz defendendo o seu território e o duque fosse o invasor.

- Eu vim ver como a Nina está. - Disse o nobre.

- Ela está um pouco melhor e a febre baixou. - Disse Margot, ainda fitando o homem.

- É bom ouvir isso. - Disse Philipe, aliviado.

O nobre então se aproximou se sentando a beira da cama. Margot ao vê-lo se aproximar apertou Nina em seus braços como se a protegesse. Philipe havia notado aquele comportamento peculiar da mulher sentindo como se ela quisesse afastá-lo da mais nova.

- Eu posso fazer uma pergunta? - Disse o nobre.

- Pode. - Disse Margot, um pouco receosa.

- Por que você se tornou amiga da Nina? - Perguntou Philipe.

- Como assim? - Perguntou Margot.

- Bem, é que vocês são tão diferentes. Enquanto você é uma mulher inteligente e intensa, a Nina é uma jovem reclusa e tímida. A amizade de vocês não faz muito sentido para mim. - Disse o nobre curioso.

- No início eu também já pensei assim, mas eu e a Nina temos mais coisas incomuns do que você imagina. - Disse Margot.

- Por exemplo? - Perguntou Philipe.

Margot fitou o homem fazendo uma pequena pausa, não gostando nada daquelas perguntas, mas decidiu responder para não levantar alguma suspeita.

- Bem, nós duas temos alguns problemas de família e nos sentimos estranhamente sozinhas e deslocadas no mundo. Eu acho que foi por isso que eu me aproximei tanto da Nina. - Disse a morena.

- Entendo. - Disse Philipe, pensativo.

O duque ficou alguns minutos em silêncio o que deixou Margot preocupada. A morena temia que o homem estivesse suspeitando de algo, mas tentou não ficar nervosa pois não havia motivos para isso. Nesse momento o duque voltou a sua atenção para a cortesã.

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