Capítulo 7 - Qualquer coisa

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"As memórias não são apenas sobre o passado, elas determinam o nosso futuro".

Pov Marília

- Preciso buscar meu pai!

- Continue andando! Precisamos nos afastar deles. Eles vão matar você! Ande! - falei para a pequena garota, que segurava meus braços.

- Mendonça? - escutei meu nome que parecia vir de longe, olhei para todos os lados mas apenas conseguia ver chamas.

- Não! Ele precisa de mim! - direcionei meu olhar agora para a menina desesperada à minha frente, seus olhos estavam sem vida, completamente opacos.

- Mendonça. Você pode abrir os olhos para mim?

MARÍLIA!

Levantei rapidamente da cama, sentando-me ofegante e com os olhos arregalados. Dei uma olhada em volta, quase desesperada, e pulei de susto quando uma mão tocou no meu braço. Virei-me e vi Henrique em pé ao lado da cama em que estava, seu rosto enrugado em preocupação.

Engoli em seco, tentando ao máximo proteger a garganta irritada. A confusão em minha cabeça ainda era grande.

- Onde estou? - pisquei repetidas vezes antes de olhar em torno da sala, olhei para as paredes e parei na expressão surpresa de um médico e de dois guardas.

- Você está na clínica da penitenciária, Marília - respondeu o médico à minha frente.

- É Mendonça e quem diabos estava falando com você, doutor? - retruquei irritada.

O médico se encolheu e deu um passo para trás.

- Mendonça - disse Henrique suavemente - Você teve uma crise de pânico.

Soltei uma risada, ignorando o calor da vergonha que subia por meu corpo.

- Quem disse?

- Eu disse - interferiu o médico.

Fiquei olhando para ele por um momento.

- Vou me mandar daqui - joguei as pernas para a direita, de modo que elas ficaram balançando no ar - Cadê os meus sapatos?
- Receio que isso não seja possível - começou o médico.

- Eu não estou pedindo - gritei enfurecida mas logo me arrependi.

Senti uma martelada bem no fundo do meu crânio. Meus tímpanos pareciam explodir e só conseguia enxergar pequenos pontos pretos flutuando e dançando. Fantástico. Cerrei os olhos por uma fração de segundos para recuperar o equilíbrio, inclinando-me para a frente.

Henrique colocou as mãos em meus ombros para manter-me ereta.

- Você tem que se acalmar - murmurou ele - Simplesmente relaxe. Você ficou apagada por um tempo. Precisa pegar leve.

Com uma das mãos pressionei entre as sobrancelhas para tentar amenizar as palpitações por trás dos olhos. Nunca tinha sentido nada parecido. Estava completamente esgotada, fisicamente e emocionalmente. Nem sequer conseguia brigar com o Henrique quando ele me empurrou de volta para a cama. Apenas suspirei e franzi a testa para a plateia que estava parada ali me observando, como se estivesse esperando que eu explodisse.

- Sua cabeça dói? - perguntou o médico e o fitei com severidade, exausta demais para conseguir pensar em algo engenhoso para responder - Vou buscar uns analgésicos - disse, saindo rapidamente da sala.

Fiquei surpresa ao ver que os dois guardas também saíram juntamente com ele.

- Caramba, ao menos ainda consigo fazer com que todo mundo vá embora - concluí.

Desejo Proibido - Malila Onde histórias criam vida. Descubra agora