"Pensar em você já virou rotina".
Marília mal tinha dormido. Estava agitada e animada, tal como uma criança na manhã do dia de sua soltura, ela estava entusiasmada e ocupada em colocar livros e outros pertences em uma pequena caixa. A folha de papel que confirmava que Mendonça ganhara oficialmente a liberdade condicional era, agora, o que ela possuía de mais precioso e, em intervalos regulares, lia e relia as palavras ali escritas, só para ter certeza de que o texto não tinha mudado de alguma maneira. Não tinha.
As roupas de civil de Marília eram as que ela estava usando no dia em que entrou na penitenciária, uma calça preta com rasgos, uma blusa de banda e nos pés umas botas também pretas. A seguir vinham os anéis. Ela colocou a argola larga de prata no polegar da mão direita e uma cruz celta no dedo do meio.
- Está pronta?
Marília se virou com um sorriso para Henrique, que estava apoiado na porta aberta de sua cela.
- Praticamente - respondeu ela - Quando posso sair?
Henrique deu uma olhada no relógio.
- As portas se abrem às dez. Estamos esperando pelo Fernando Zor.
- Isso é fantástico - murmurou Mendonça.
Ela deu uma olhada em volta da cela para ver se não tinha deixado nada para trás. Então, pegou a caixa e a fechou.
- Ah! - Henrique enfiou as mãos nos bolsos - Entreguei o seu presentinho.
A loira evitou o olhar do conselheiro.
- Ótimo - disse ela de forma casual - Tinha dinheiro suficiente?
- Mais que suficiente e escrevi exatamente o que você pediu - o estômago de Marília deu uma cambalhota quando ela pensou em Pêssegos recebendo o livro. Ficou imaginando se ela teria gostado ou se teria achado um exagero e piegas demais - Preciso perguntar... - continuou Henrique, inspecionando a ponta de seu sapato direito.
- O quê? - perguntou Mendonça com um tom de desaprovação.Henrique sorriu, com ar de sabedoria, antes de erguer os olhos.
- Eu só queria saber como você conseguiu o livro tão rápido - finalizou ele, inocentemente.
Os ombros de Marília relaxaram de alívio.
- Pêsse... Ela, Maraisa, a Carla havia... hum, bem, droga, ela havia mencionado o livro em uma de nossas aulas, então procurei na internet da biblioteca e fiz uma reserva. Eu ia comprar quando saísse daqui, mas, na semana passada, quando ela mencionou que era aniversário dela... - ela ergueu os olhos, passando o peso do corpo de um pé para outro, totalmente desconfortável - Não é nada demais, cara. Pare de me olhar desse jeito.
- Ei - falou Henrique após um risinho rápido - Eu não disse nada. Acho que foi um ótimo presente, muito atencioso.
Ela o observou com cautela.
- Mesmo?
- Mesmo - respondeu ele, dando um aceno firme de concordância com a cabeça - Aposto que ela adorou.
O estômago de Marília revirou de novo. Ela esperava que sim. Era o mínimo que podia fazer por Maraisa depois de tudo o que ela fizera.
- Detenta 081056 - chamou Zor, passando pela porta da cela de Marília - Estou aqui para escoltá-la para fora das nossas instalações.
- Beleza - murmurou Marília com um olhar sarcástico.
Mendonça seguiu Zor, um guarda e Henrique em direção à saída dos fundos da penitenciária, onde assinou mais um formulário de soltura e ainda recebeu uma outra cópia das regras de sua condicional.
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Desejo Proibido - Malila
FanfictionCarla Maraisa nasceu em berço de ouro. Filha e neta de senadores, a bela garota de cabelos negros e curvas perfeitas se formou em Literatura e surpreendeu a todos ao decidir dar aulas em uma penitenciária. Mas quando Marília Mendonça, uma detenta in...