Capítulo 9 - Disponha

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"A implicância é uma declaração de amor".

Pov Marília

Estava ansiosa e nervosa. Droga, onde diabos Pêssegos estava? Eu aguardava sentada em uma sala melhor do que as que costumava frequentar, ao lado de Henrique e de meu advogado com cara de rato. Angel, a avaliadora do meu caso, chegaria em 15 minutos e Pêssegos ainda não tinha chegado. Ela com certeza estava no prédio, Henrique tinha me contado quando perguntei casualmente por onde ela andava. E não consegui ignorar o jeito como ele me olhou. Aquilo me deixou nervosa.

A porta se abriu e minha perna parou de tremer quando Maraisa entrou. Ela estava deslumbrante com uma blusa azul-clara e uma saia-lápis preta. Seu cabelo estava preso em um coque frouxo e imediatamente quis soltá-lo e agarrá-lo, só para ver se ainda tinha o cheiro de pêssegos doces de que me lembrava.

- Desculpem meu atraso - falou ela dando uma olhada em minha direção.

Seu olhar demorou em mim e sorri de lado para ela. Henrique pigarreou e minha alegria sumiu na hora. Merda... Ele tinha noção de que estava rolando "alguma coisa" entre nós duas. E, desde que tinha desmaiado, só falava sobre Pêssegos. Era só uma questão de tempo até Henrique descobrisse tudo.

Teria que ser mais cautelosa. Sabia que ficava muito mais calma perto dela. Quando se tratava de Pêssegos, o meu temperamento tinha ficado sob controle e, por mais positivo que isso fosse, poderia se mostrar muito perigoso.

Com esse pensamento, me larguei na cadeira, afastando os olhos de Maraisa, e comecei a batucar com os dedos na mesa à minha frente, uma maneira de me distrair. Naquele exato momento, Zor entrou na sala, seguido por Angel. Era uma mulher notável na casa dos 35 anos, com grandes olhos escuros e cabelos castanhos que escorriam até pouco abaixo dos ombros em ondas.

Zor começou apresentando Maraisa, que corou lindamente quando Angel elogiou seu trabalho. A avaliadora foi até minha mesa, sem dizer uma palavra, pegou todos os papéis de que precisava, se sentou na cadeira à minha frente e começou a escrever no topo do formulário de requerimento.

- Como você está? - perguntou ela - Você parece bem.

- É porque sou elegante - respondi em tom blasé e arrogante de sempre.

Ela apenas ignorou.

- A banca avaliadora da liberdade condicional vai se reunir daqui a seis semanas. É quando vai ser sua audiência. Mas tenho algumas preocupações com relação a certas questões que podem afetar seu requerimento - os meus pelos se arrepiaram - Tenho evidências aqui - afirmou ela enquanto pegava outro formulário - De que você demonstrou comportamento agressivo com outros detentos, funcionários, incluindo a Srta. Maraisa e o Sr. Zor, e agrediu guardas quando estava sob a vigilância deles.

- Isso aconteceu porque um deles me agrediu - respondi com raiva - Quase quebrou a porcaria do meu pulso!

- Marília - avisou Henrique com um aceno imperceptível de cabeça.

- Vou averiguar essa questão - Angel garantiu, fazendo uma anotação em sua agenda - Mas, mesmo assim - continuou ela, erguendo a cabeça - Você tem muito mais pontos negativos do que positivos a essa altura. A questão é: O quê você está fazendo para compensar esses incidentes?

- Como você sabe - disse Henrique após um momento tenso de silêncio durante o qual fingi que meu sapato direito era a coisa mais fascinante do planeta - Mendonça tem trabalhando com a Srta. Maraisa três vezes por semana, estudando literatura inglesa.

- Sim, estou sabendo disso - respondeu - Como têm sido as aulas, Srta. Maraisa?

Pêssegos sorriu. Aquele maldito sorriso que me matava aos poucos, que atormentava meus pensamentos.

Desejo Proibido - Malila Onde histórias criam vida. Descubra agora