Capítulo 8 - Que tal... Lila?

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"Se for pra me perder, que seja em você".

Pov Maraisa

Organizei os cadernos e as canetas em pequenas pilhas em cima da minha mesa, dando uma olhada nos alunos enquanto eles eram escoltados para fora da sala de volta às suas celas.

- Belo trabalho hoje - elogiei Gustavo quando ele se aproximou com um sorriso tímido - Quem diria que Shakespeare aumentaria seu entusiasmo.

Estava explodindo de orgulho pela dedicação de Gustavo à minha redação. Ele vinha se esforçando tanto e, apesar de sua dislexia deixá-lo frustrado, era óbvio que era muito inteligente.

- É - ele deu de ombros - Não curto esse negócio de poesia, mas meio que gosto desse tal de Gustavo.

Ri e me debrucei na mesa, cruzando os braços.

- O que posso fazer por você, gustavo? - ele pareceu nervoso e estalou as juntas ruidosamente.

- Você sabe que a reunião de análise da minha liberdade condicional é na semana que vem, né? - assenti com a cabeça.

- Mioto! - gritou o guarda atrás de nós - Acabou o tempo!

- Com licença! - rosnei, levantando-me - O Sr. Mioto quer discutir algo importante comigo em relação ao seu aprendizado e não precisa que você - apontei um dedo acusador na direção do guarda - Fique gritando com ele enquanto isso - o guarda pareceu sem palavras. Ótimo! Voltei minha atenção para meu aluno - Desculpe, gustavo. Continue.

Ele juntou as mãos.

- Hum... É, então, a reunião de análise da minha liberdade condicional é na semana que vem e eu estava pensando... - ele esfregou um pulso no outro - Digo, sei que você está ajudando Mendonça - disse, colocando o peso do corpo em cima do outro pé.

- O quê você quer de mim, Gustavo? - perguntei de forma gentil, botando a mão sobre a dele em uma tentativa de acalmá-lo - Pode me pedir qualquer coisa, se eu puder, vou ajudar.

Os seus ombros parecem desabar de alívio.

- Henrique disse que você ia falar isso, porque você é legal e tudo mais.

- Obrigada- agradeci com um sorriso em meus lábios.

- Você faria um... um relatório de personalidade na frente da banca? Você sabe, para me ajudar a conseguir uns pontos extras, dizendo que sou um cara incrível?

Apertei seu braço gentilmente.

- Com o maior prazer.

- Sério?

- Sim, sério - respondi com um tom de voz brincalhão.

- Você é do caralho, Srta. Maraisa! - gritou ele, abraçando-me com tanta força que quase me sufocou.

Aquilo me deixou feliz, estava a ajudar, a fazer a diferença e acredito que todos merecem uma segunda oportunidade de vida.

(....)

Atravessei, apressada, o corredor em direção à sala de aula, atrasada, mas animada. Estava muito ansiosa para perder a cabeça com Marília mais uma vez. Tinha ficado pasma com o conhecimento que ela demonstrou na primeira aula. Sabia que ela era inteligente. Havia lido em sua ficha. Mas, nossa! Ela era mais que isso. Mendonça era inteligente e educada de uma maneira extraordinariamente sedutora.

Sorri para o guarda à porta e entrei, vendo Marília parada no canto da sala, as mãos entrelaçadas e um cigarro quase no fim preso entre seus lábios. Aquilo era sexy para caramba. Seu rosto era severo e ficou ainda mais quando ela olhou para mim. Arrancou o cigarro da boca, fazendo com que as cinzas caíssem no chão.

Desejo Proibido - Malila Onde histórias criam vida. Descubra agora