Capítulo 34 - Irmã

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O amor é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser".

Pov Luisa

Duas semanas depois, fui convocada aos escritórios da WCS. Depois da visita de Rosi, eu havia passado dias e noites fazendo contato com cada um dos filhos da puta que possuíam dívidas gigantescas comigo, mas parecia que nada poderia livrar-me do fosso cavernoso que Mendonça e Rosi tinham arranjado para mim.

Aproximei-me da sala de reuniões de cabeça erguida, ignorando o olhar desconfiado de minha secretária quando parei na mesa dela.

- A diretora deve chegar às...

- Eles já estão lá dentro - disse ela, evitando os meus olhos.

Arqueei uma sobrancelha.

- Estão?

- Sim, senhora.

Bem, aquilo era... esquisito. Respirei fundo, empurrei a pesada porta de mogno e logo desejei não tê-lo feito. Eu. Estou. Fodida. Fiquei incrédula olhando para Mendonça, de pé junto à ponta da mesa da diretoria, usando um terno feminino de quatro mil dólares. De costas eretas e sorrindo como se soubesse o segredo da vida, ela parecia infinitamente diferente daquela ex-presidiária que tinha visto poucos meses antes.

Senti vontade de apagar aquele sorriso torto do rosto dela.

- Bom dia - Mendonça apontou para a cadeira vazia à sua esquerda - Gostaria de se sentar?

- Prefiro ficar de pé - respondi, dando uma olhada para às quinze pessoas em torno da mesa, inclusive Simone- Acolhedor pra caralho aqui dentro - abaixei a cabeça em uma tentativa de acalmar os nervos - Acho que é isso que eles querem dizer quando usam a expressão "aquisição hostil".

- Talvez - replicou Mendonça - Mas isso não é hostil, nem uma aquisição, estou apenas reivindicando o que já era meu. Os membros da diretoria concordaram, por unanimidade, que os contratos assinados por nossos avós mostram que sou a CEO legítima e sócia maioritária da WCS.

- Concordaram, é? - grunhi.

- Sim, concordaram - respondeu Simone. Ela se levantou e deu um passo na minha direção - E eles o teriam feito bem antes, se você não tivesse escondido deles. Precisamos que você assine a cedência dos seus direitos. Já assinei a minha. Legalmente, precisamos fazer isso na frente da diretoria.

Estreitei os olhos na direção de Simone. Onde estava a porra da lealdade?

- Eu sei - murmurei entre os dentes.

- Não se preocupe - interrompeu Mendonça - Eu me certifiquei de que vocês ainda tenham ações. E o pagamento que receberão por elas é mais do que suficiente para manter vocês e suas famílias em uma boa situação por duas vidas inteiras.

- Não se trata de dinheiro.

- Exatamente - censurou Marília. A voz dela se tornou um sussurro severo - Nunca se tratou de dinheiro, Luisa. Tratava-se da porra de um princípio, uma palavra que continua fugindo de você todos os dias.

Olhei para Mendonça e para Rosi, completamente derrotada.

- Onde está o contrato?

- Aqui, Sra. Luísa - disse um dos advogados da WCS.

A natureza astuta e sarcástica da situação começou a me rodear como uma nuvem tóxica. Passei por Mendonça, peguei uma caneta na mesa e assinei meu nome. Todo o meu trabalho duro, todos os meus sonhos, abri mão de tudo com uma assinatura rápida. O gosto do vômito se tornou forte no fundo de minha garganta.

Desejo Proibido - Malila Onde histórias criam vida. Descubra agora