"Você percebe que encontrou a pessoa certa, quando olha em seus olhos e enxerga tudo o que você precisa".
Pov Maraisa
Assim que abri os olhos tive a certeza de duas coisas: Primeiro, não estava na minha própria cama. Era confortável e grande demais para ser a minha. Segundo, não estava sozinha. Estava sendo abraçada, e muito bem abraçada, por um corpo feminino bem quente e cheiroso. Permiti que meus olhos passassem pelo braço desnudo que estava firmemente enrolado em minha cintura, deixando que meu olhar subisse lentamente pelo cotovelo até o preto, cinza e vermelho das tatuagens que decoravam a pele macia: uma águia, chamas e vinhas.
Fechei os olhos à medida que as lembranças da noite anterior passavam por minha cabeça. Havia me comportado como uma lunática, envergonhando a mim mesma e tratando Marília como um saco de pancadas. Tinha ficado louca? Meu Deus, onde estava com a cabeça quando decidi pegar um táxi e ir até o apartamento dela bêbada? Por falar nisso, minha boca tinha um gosto amargo e meus olhos estavam grudentos das lágrimas que tinha derramado ao longo dos três últimos dias. Como é que podia ter deixado que Marília me visse daquele jeito?
Ouvi um grunhido baixinho junto ao meu cabelo, fazendo com que a região entre minha pernas esquentasse com a lembrança dela em cima de mim, esfregando-se em meu corpo, me chupando, lambendo e sussurrando palavras deliciosamente depravadas. Deus, nós quase transamos! Óbvio, que esse tinha sido meu plano desde o minuto em que, estúpida e bêbada, liguei para Henrique e pedi o endereço de Marília.
Esfreguei a mão no rosto e segurei seu pulso da maneira mais gentil possível enquanto retirava seu braço de minha cintura. A resposta foi rápida e imediata. Ela me apertou ainda mais, pressionando meu corpo contra o seu. Senti a sua pelve deliciosamente encostada em minha bunda e mordi o interior do lábio para impedir que um gemido de surpresa escapasse. Ela estava com tesão?
- Aonde você vai? - murmurou com a boca perto de minha nuca.
A sua respiração era quente e sua voz, rouca de sono.- Hum, banheiro?
Ela não me soltou de imediato. Em vez disso, cheirou meu cabelo e murmurou algo indecifrável antes de erguer o braço e se deitar de barriga para cima. Tentei ignorar a sensação de vazio que penetrou na minha espinha, quando o ar frio atingiu minhas costas e removi as cobertas com um suspiro. Minhas pernas estavam meio bambas quando me levantei da cama e cambaleei em direção ao banheiro, sem ousar olhar para trás, para a mulher que tinha deixado lá. Fechei a porta com um ruído suave e encostei a testa nela. O que eu estava fazendo?
Bem, a resposta para aquilo era bastante autoexplicativa. Tinha feito de pinico os ouvidos de Marília e a usei como um brinquedo de foda para eliminar da minha cabeça a raiva e a dor que me haviam estraçalhado no dia em que fui embora da casa de Maria. Eu dirigi 15 horas ininterruptas de Chicago até Nova York. E isso depois de ter esmagado o celular na calçada porque ele não parava de tocar. Por que almira e Rosi pensavam que iria querer falar com alguma delas de novo?
Afastei-me da porta, dando uma olhada no lindo piso de mármore e no chuveiro maravilhoso, e me arrastei até o espelho retangular pendurado na parede. Nossa estava um caco. Peguei um pouco de papel higiênico e coloquei debaixo da torneira antes de esfregá-lo vigorosamente debaixo dos olhos, em uma tentativa de limpar a mancha gloriosa causada pelo rímel. Meu rosto espelhava o que eu sentia: cansaço, raiva e solidão.
Joguei o papel na privada e me apoiei na pia. Não, pensei. Aquilo não era verdade. Não estava sozinha. O fato de estar no apartamento de Marília provava isso. Ela era a única que parecia me entender, que parecia saber do que eu precisava ou mesmo queria. Ela me conhecia como ninguém, de um jeito que tanto me entusiasmava quanto me alarmava. Só queria ter pensado um pouco mais nas consequências antes de aparecer na porcaria da porta de Mendonça e pedir a ela que me fodesse. Mas, na realidade, a única coisa em que tinha pensado enquanto dirigia aquela noite era encontrar ela. A única pessoa que queria ver era Marília. Os únicos braços que queria em torno de mim, o único peito no qual queria descansar o rosto, a única boca que queria contra a minha e o único cheiro que queria sentir eram o dela.
Utilizei o banheiro, lavei as mãos, enxaguei a boca e fui até à porta, colocando o ouvido nela, buscando por qualquer som do outro lado. Tudo estava quieto. Girei a maçaneta o mais silenciosamente que consegui e abri a porta, espiando por trás dela.
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Desejo Proibido - Malila
FanfictionCarla Maraisa nasceu em berço de ouro. Filha e neta de senadores, a bela garota de cabelos negros e curvas perfeitas se formou em Literatura e surpreendeu a todos ao decidir dar aulas em uma penitenciária. Mas quando Marília Mendonça, uma detenta in...