Capítulo 21 - I saved you

1.1K 121 18
                                    

"Lamentar uma dor passada, no presente, é criar outra dor e sofrer novamente".

Pov Marília

Não fazia ideia para onde levar Pêssegos, mas ela parecia tranquila com relação a isso, o que era um alívio enorme. Eu não sabia o que era um gesto romântico ou íntimo, só queria devolver o sorriso ao seu rosto. Teria que me virar ao longo do caminho e rezar para o que quer que achasse legal e perfeito fosse perfeito para ela também.

Dirigi por horas, voando pela Ponte de Brookly ao lado de um Porche irado que tentou me ultrapassar. Girei a mão direita para trás e acelerei Kala para passar à frente do idiota. Gostei quando Pêssegos riu animadamente atrás de mim. Nós dirigimos até o East New York, atravessamos o Cypress Hills, passeando pelo parque e pela Broadway, até retornarmos a Manhattan. Era a primeira vez que realmente esticava as pernas de Kala desde que fui solta, e aquilo era demais. Estava achando radiante ter Pêssegos atrás de mim, segurando meu corpo, em especial quando o vento nos acoitava ao passarmos por cima da água, de volta à ilha. Não podíamos conversar, mas sabia que aquilo era provavelmente o que ela queria, mas apesar disso, ela ria alto enquanto eu acelerava pela Rua 47, entre o enorme tráfego.

Podia sentir suas mãos em minha jaqueta e em duas ocasiões, coloquei a mão na dela, acariciando e apertando. Queria reconfortá-la, certificar-me de que estava bem e, em ambas as vezes, ela havia segurado os meus dedos em resposta.

Eram quase seis da tarde quando entrei na Quinta Avenida, perto do Central Park. Tinha começado a chuviscar, mas não parecia ser relevante. Se aquilo significava que haveria menos pessoas em volta, então estava achando ótimo. Fiquei sentada por um momento com Pêssegos ainda agarrada a mim, ouvindo o motor de Kala pipocar enquanto esfriava.

- Tudo bem aí? - perguntei, destravando o capacete.

- Sim - murmurou ela - Estou tão relaxada que quase peguei no sono.

Esfreguei suas mãos, que ainda estavam segurando meu tronco, e virei a cabeça em sua direção.
- Quer que eu leve você para casa?

Para meu alívio, ela balançou a cabeça.

- Não. Não estou pronta para ir para casa ainda.

- Ótimo - respondi com um leve sorriso - Nem eu.

Ajudei-a a descer da moto, segurando sua mão. Fiz menção de soltá-la, mas Pêssegos continuou segurando, deslizando os dedos por entre os meus. Arregalei os olhos surpresa e ela olhou em minha direção, apertando o lábio entre os dentes.

- Tudo bem?

Sorri. Aquilo estava mais do que bem.

Caminhar despreocupadamente pelo Central Park, de mãos dadas com Maraisa, era uma experiência estranha. Sentia-me com três metros de altura e, ao mesmo tempo, pequenina e vulnerável. O caos em que meu corpo se encontrava fazia-me sentir radiante e extremamente assustada. Era intenso.

- Você ainda está aqui comigo? - perguntou Pêssegos enquanto caminhávamos até a estátua de Alice no País das Maravilhas.

- Sim - respondi - Por quê?

- Você parece, sei lá, nervosa.

Ri em um ruído estranho, estrangulado.

- Hum, estou bem.

Ela fitou-me, em dúvida, mas não me pressionou. A chuva começou a abrandar. Nós tiramos as jaquetas e nos sentamos sobre elas. Observei a estátua de Alice no país das Maravilhas por um instante. Era assombrosamente linda.

- Aqui.

O ar no meu peito explodiu para fora de meu corpo quando Pêssegos bateu um livro com força contra meu corpo.
- Mas que...

Desejo Proibido - Malila Onde histórias criam vida. Descubra agora