Capítulo 33 - Mãe e Filha

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"O melhor lugar do mundo é sempre ao lado de quem te faz feliz".

Pov Almira

Assim que Marília deixou a sala de estar, me perdi em pensamentos enquanto observava a neve cair, fresca, limpa e linda. Fiquei lembrando do rosto do homem que tinha sido tudo para mim. Eu amava Felipe de todo o coração, com exceção daquele pedaço que sempre pertenceria a Marco Cesar.

Sequei as lágrimas e dei uma olhada por cima do ombro quando ouvi o som distante de risadas e uma porta sendo fechada. Precisava dar o braço a torcer em relação a Mendonça. Ela se manteve firme, sem pestanejar. Expôs suas ideias de forma articulada, demonstrando amor incondicional e lealdade à minha filha.

Sabia também que Maraisa estava totalmente apaixonada por Marília Mendonça. Era um amor que muitos nunca chegariam a encontrar na vida, um amor que ninguém jamais poderia extinguir. Era grande, poderoso, do tipo que consumia tudo. Podia vê-lo nos olhos de Maraisa quando ela olhava para Marília ou quando a defendia das minhas palavras. Era o mesmo olhar que eu lançava inúmeras vezes ao meu pai logo que apresentei Marco à minha família.

Tudo o que queria era que Maraisa fosse amada de um jeito apaixonado, de tirar o fôlego. Queria que minha filha fosse consumida pelo amor, sem medo de se sentir fragilizada por ele ou preenchida por sua força. Queria que Maraisa fosse às nuvens e desse cambalhotas e se perdesse em uma mulher que a amasse tanto quanto ela a amava. Queria tudo aquilo para minha filha, e Maraisa o tinha. Mas Marília não poderia ser mais diferente da mulher que tinha imaginado.

Depois de ouvir a confissão de Mendonça, a minha ansiedade com relação ao relacionamento delas tinha diminuído de maneira considerável. A mulher tinha salvado meu bebê, pelo amor de Deus. Quando tinha apenas 11 anos. Eu era grata a ela além do que as palavras podiam expressar, mas a mamãe ursa dentro de mim se recusou a recuar.

Entrei na cozinha e encontrei minha mãe e meu parceiro sentados à mesa. Duas garrafas de vinho estavam abertas, bem como uma garrafa de Jameson. A expressão de Maria agora era mais amena.

- Ei - falei baixinho - Cadê...?

- Maraisa está lá fora com Marília - Maria suspirou - Venha. Sente-se.

Aproximei-me de Felipe com o estômago pesado. Era amor. Era culpa. Era vergonha. Era lamento. Me sentei devagar e fiquei olhando para o perfil dele. A barba escura por fazer marcava seu maxilar e os olhos castanhos-escuros estavam perturbados enquanto fitavam o copo de uísque em suas mãos. Nós tínhamos tanto que dizer um ao outro, mas Maraisa era minha prioridade. Eu precisava acertar as coisas.

Dei uma olhada hesitante para a porta dos fundos.

- Diga a ela como você se sente - disse Felipe, os olhos ainda fixos na mesa.

- Não sei como - confessei.

- Sabe, sim.

- Estamos tão distanciadas.

- Vocês vão se aproximar de novo. Seja honesta - ele tirou o seu casaco de moletom e me entregou - Está frio lá fora.

Peguei o moletom com um sorriso de gratidão.

- Sinto muito, Felipe. E eu amo você. Muito.

- Eu sei - respondeu, olhando para mim pela primeira vez. Aproximei-me e dei um beijo carinhoso no canto da boca do meu marido. Ele se virou na direção do beijo com um suspiro - Vá - pediu com delicadeza.

As unhas de Doc sapatearam com alegria no chão enquanto ele me seguia até à porta. Coloquei o moletom de Felipe, adorando o cheiro e a maneira como ele engolia meu corpo pequeno e abri a porta devagar. Meus olhos logo encontraram dois corpos aconchegados, sentados no degrau da varanda.

Desejo Proibido - Malila Onde histórias criam vida. Descubra agora