Capítulo 14 - Metade de mim

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"O mais engraçado foi não ter precisado de um beijo pra gostar tanto de você".

Pov Marília

Depois de parar na clínica para recolher amostras obrigatórias de sangue e urina, concluí que estava morrendo de fome, e, faltava meia hora para minha aula com Pêssegos. Os arcos dourados do Mcdonald's começaram a acenar em minha direção sem misericórdia. Com o saco de comida na mão e Kala estacionada em segurança, sentei-me do lado de fora da lanchonete e comecei a observar as pessoas enquanto comia meu Big Mac.

Grunhi de satisfação quando dei a primeira mordida no hambúrguer. Não tinha percebido a falta que sentia daquela porcaria enquanto estava presa. Após devorar o sanduíche, juntamente com uma porção de fritas e um refrigerante grande, me recostei no banco e tentei relaxar. Era a primeira vez que de fato relaxava desde que fui solta e, por mais que gostasse de me manter ocupada, também apreciava um descanso. Antes da Arthur Kill, costumava me sentar no Central Park, acompanhada de um maço cheio de Marlboro e uma garrafa de Jim Beam, curtindo minha existência.

Sob o sol quente de Nova York, observava a multidão na Quinta Avenida. Minha atenção sendo capturada por um casal que estava se beijando a menos de três metros. O homem estava segurando o rosto de sua mulher, perdido em um beijo carinhoso e demorado. Franzi a testa, confusa. Como aquilo podia ser prazeroso? Nunca tinha beijado daquele jeito, isso quando beijava e certamente nunca tinha "feito amor". Apesar de Sam ter falado sobre fazer amor com Naomi, eu nem sequer tinha certeza de que algo assim existia. Antes do relacionamento deles ir por água abaixo, observava, interrogativa, quando meu melhor amigo beijava e abraçava a mulher cheio de cuidado e carinho, como se ela fosse a coisa mais preciosa do mundo. Eu gostava de sexo. Não, eu gostava de foder. E, quando fodia, não havia nada de gentil e carinhoso. Talvez fosse uma babaca por fazer isso dessa forma, mas nunca ninguém tinha reclamado. Todas as mulheres que estiveram na minha cama saíram satisfeitas, e muitas tinham voltado querendo mais.
Desviei os olhos do casal, definitivamente ser gentil e carinhosa não era a minha praia. Ao olhar para o outro lado da rua movimentada, capturei um relance de cabelos pretos. Inclinei o pescoço, olhando para além das pessoas que estavam paradas à minha frente, os cantos de minha boca se ergueram em um sorriso. Era minha Pêssegos.

Meu Deus. Ela estava usando uma camiseta branca larga que exibia o pescoço e os ombros e jeans pretos. Estava vestida, como sempre, com uma pitada de classe. Transbordava sensualidade sem sequer se esforçar. A sensação estranha que tinha tomado meu estômago na biblioteca três dias antes retornou. Era algo esquisito demais e não gostava daquilo. Não era exatamente a sensação que detestava, mas a inquietação e o senso esmagador de perda de controle.

Eu sabia, se não tivesse me controlado, que teria beijado Pêssegos na escadaria da biblioteca. Como me sentiria se a beijasse? Dura e excitada? Com toda a certeza. Ainda mais desesperada para saber como seria estar dentro dela? Ah, sim. Feliz?

Deslizei as mãos pelo rosto. Droga. Esse processo de pensamentos era profundo demais para um sábado à tarde. Precisava pôr a cabeça no lugar e me concentrar no motivo pelo qual estava ali. Dei uma olhada no relógio e ergui as sobrancelhas, surpresa. Ela estava atrasada. Quase 15 minutos.

Levantei, pegando a jaqueta e o capacete e fui até ela. Ao chegar por trás de Maraisa, permiti que meus olhos dançassem por suas curvas. Ela estava encerrando uma ligação no celular quando me aproximei o suficiente para sentir o cheiro do seu cabelo. Me inclinei para falar em seu ouvido.

- Isso são horas, Pêssegos?

Ela gritou, virando-se em minha direção. Seu rosto estava espetacular, com os olhos arregalados de choque e a boca aberta. Carla Maraisa era linda de qualquer jeito.

Desejo Proibido - Malila Onde histórias criam vida. Descubra agora