Capítulo 33 - Pequenas rachaduras

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O tempo passava, meu corpo mudava, minha mente se acalmava, e cada dia era um aprendizado, cada dia era uma nova oportunidade de descobrir algo novo sobre a vida.

Me olhando no espelho, no quinto mês de gestação, e finalmente vendo minha barriga dando sinal, foi motivo de sobra para me por a chorar, de emoção mesmo, desacreditada que era eu mesma naquele reflexo, que aquele era meu corpo, que aquela era minha barriga, e que aquele ser humano que se formava ali dentro era meu filho.

Evan se fez totalmente presente na minha vida, e embora tivéssemos transado algumas vezes, não tivemos sequer uma briga, e as coisas estavam bem. Muito bem.

Cada dia eu o via evoluir mais como pessoa, e descobria um lado dele que jamais podia imaginar como podia ser perfeito. Ele sendo um pai.

Ele estava ansioso com a gravidez, nervoso demais. A todo tempo queria falar sobre decoração do quarto, e já tinha comprado uma quantidade questionável de roupinhas com frases brega como "bebê do papai". E ele me mostrava todo babão, o que me deixava extremamente de coração quentinho por ele.

Por outro lado, minhas mudanças de humor estavam mais fortes com os hormônios e eventualmente eu me pegava em paranoias muito, muito tensas e desconfortáveis, como por exemplo, simplesmente aleatoriamente me imaginar sendo atropelada enquanto eu estava apenas caminhando na rua. O que me fazia arrepiar a espinha e ficar ligeiramente nervosa.

Minha psicóloga havia dito que isso era normal, e que por eu estar passando por uma fase naturalmente mais tensa, não devia me preocupar tanto com isso.

Eu e Evan não tínhamos oficialmente voltado, mas com o andar da carruagem, me senti mais confortável em dividir meus pensamentos com ele eventualmente, mesmo que, ele não me compreendesse muito bem.

— Tá mas, isso é tipo um pensamento psicótico ou algo assim?

— Não, Evan... — suspirei. — É só uma noia, mas logo passa. Só que quando eu sinto eu fico meio nervosa, sei lá.

— Será que não é sequela das drogas?

O encarei com cara de tédio, sinceramente decepcionada com o que havia escutado. O lance com as drogas deixou Evan com uma visão deturpada sobre mim. Mal sabia ele que eu só estava usando várias coisas enquanto estivemos juntos, porque normalmente, eu mal fumava maconha sozinha.

— Deve ser... — disse, afim de encerrar o assunto.

— Ah, olha... — disse ele, vindo com o celular aberto no Pinterest de novo. — Olha que bonitinho esses quadros... Estava pensando, podíamos fazer duas decorações diferentes, uma aqui e uma no meu apartamento. Ele ia amar.

— Ele? — indaguei confusa com a utilização do pronome de repente.

— É... Ele.

— Por que ele?

— Estou com um sentimento que é um menino.

— Eu acho que é uma menina. — disse.

— Quer apostar?

— Apostar o sexo do nosso bebê!?

— Sim. Se for um menino, você vai me dar alguma coisa... — ele sorriu.

— E o que quer? Não me fale que é anal, pelo amor de deus.

— Eu tinha pensado em algum presente caro mas acho que isso é uma boa. — ele riu. — É isso mesmo, Elizabeth, se for um menino você vai me dar o seu...

— Garoto, você é ridículo! — dei risada, empurrando-o. — E se for uma menina, você vai transar comigo usando um vestido.

— O quê?! — indagou incrédulo. — Que raio de fetiche é esse?

🎼A SINFONIA DO FIM🎼 Evan PetersOnde histórias criam vida. Descubra agora