Narrado por Evan
As coisas às vezes... Só não são como nós esperávamos ou planejávamos.
— É pra você ler isso aqui. — disse Alice, assim que coloquei ela na cadeirinha do carro, após busca-la na casa de Elizabeth.
— E o que é isso aqui? — indaguei, pegando o papel e abrindo-o, logo lendo a mensagem escrita em canetinha vermelha, bem grande "Prende o cabelo dela direito". — Ata.
Revirei os olhos, olhando-a na porta, rindo, antes de entrar de vez no carro.
— Você por acaso não gosta dos penteados que o papai faz? — perguntei para ela, que estava falando com o bicho de pelúcia que segurava.
— Gosto mas é ruim de tirar. — ela respondeu.
— Ué. Como assim?
— Puxa meu cabelo todo pra tirar, o gel deixa tudo duro. — ela disse.
Ri sozinho. É, gel deveria ser utilizado com moderação, anotado.
Anotado mais uma observação, das muitas que eu fazia todo o tempo em que passava com Alice, a melhor coisa que já aconteceu na minha vida.
Não planejava ser pai jovem, e a paternidade era um plano mais para o futuro, porém, quando a via, era como se ela fizesse parecer que tudo fazia sentido, que tudo o que aconteceu deveria acontecer exatamente como aconteceu, porque éramos para estar exatamente ali, daquele jeito.
Ao menos, eu gostava de pensar dessa forma, porque me consolava um pouco sempre que me pegava um tanto magoado por eu e Elizabeth não estarmos mais juntos.
No fim, acabamos virando amigos, e era estranho o quão bem nos dávamos, e como as coisas estavam de boa, tranquilas, leves. Queria que pudéssemos ser assim quando estivemos juntos, mas, por algum motivo, um sempre provocava o pior no outro. E juntos, nós éramos um caos.
Elizabeth seguiu a vida, um pouco mais fácil que eu. Ao menos, era o que parecia. Já que, aos poucos, ela foi realmente se curando, e de repente, ela estava outra pessoa, uma pessoa doce o tempo todo, sorridente, radiante, de bem com a vida.
Tinha um brilho nela que eu nunca tinha visto, um brilho que a deixava ainda mais bonita do que ela era, e era um pouco de cortar o coração, que claramente não era eu que cedia esse brilho.
Cheguei a considerar que eu apagava totalmente o brilho dela, mas, talvez, fosse o conjunto de nós dois juntos.
Vê-la tão bem, me deixou bem, ainda que não estivesse comigo, era realmente prazeroso vê-la leve assim, como nunca antes.
E também, ela era uma mãe incrível, para ser sincero, eu jamais pensei que ela pudesse ser uma mãe tão boa, mas ela simplesmente levava muito jeito. A Alice realmente deu um giro na Elizabeth, de 360 graus.
Sofri muito quando ela foi embora do meu apartamento, embora antes disso, tivéssemos decidido juntos que iríamos terminar. Foi difícil estar sem ela por perto, sem ela na cama, sem ela na mesa, sem ela pela casa. Foi meio difícil sem ela.
Ao contrário de mim, ela já parecia ter se preparado para aquilo.
Porém, ainda que separados, não tinha como não termos nossas vidas entrelaçadas, já que éramos pais. O que, me possibilitou ficar próximo dela, na medida do possível, do jeito que dava.
Conforme o tempo foi passando, tive que admitir para mim mesmo, que realmente, nós dois não funcionávamos juntos como casal. Mas, estranhamente, éramos ótimos como pais e amigos. As coisas fluíam desse jeito.
No começo, eu me aproximei com a esperança de que voltássemos em algum momento, mesmo nunca verbalizando isso ou falando sobre. Mas, nada foi acontecendo, e nada aconteceu. E quando eu lhe contei que tinha um encontro, ela sorriu para mim... Ela ficou feliz por mim, e ela... Me desejou boa sorte.
O que me fez sentir um tanto egoísta, porque quando lhe disse isso, eu queria a Elizabeth louca de volta, nem que por um segundo, fechando a cara, gritando em 5 línguas diferentes, irritada por eu estar seguindo em frente, não me deixando sair com outra pessoa, fazendo o inferno na minha vida em cinco minutos...
Mas, ela só... Não fez isso.
Elizabeth fez eu perceber que eu gostava do caos que ela era, e do caos que éramos. Foi tão estranho não brigar, não discutir, não ficar irritado, não gritar... Que era como se eu não merecesse a calmaria.
Tive que ir para a terapia, ao perceber que aquela toxicidade realmente me viciava, e era por isso que não conseguíamos sair do loop de sempre, um surtava, o outro surtava, os dois surtavam, e surto, e mais surto, e muitos surtos.
Mas, após um tempo, visto que, realmente, não teria volta... Eu decidi tentar seguir em frente. Conheci novas pessoas, saí com muitas, mas só me envolvi de fato com 3. E não seguiu até muito longe, porque não fluía tão bem.
É que elas não tinham o meu humor, elas não entendiam minhas piadas, elas não gostavam dos filmes que eu gostava, elas não conversavam sobre coisas absurdas assim, de repente, elas não gostavam de vinho, não gostavam de dançar, não me faziam sentir como se estivesse dentro de um terremoto...
Elas não riam até a barriga doer, elas não queriam descolorir o meu cabelo, elas não gostavam de polaroids, não gostavam de ficar no sol por motivo nenhum, não gostavam tanto da minha comida, não eram conquistadas com sushi, e gostavam de doces sem graça com nomes bonitos.
Elas não me enlouqueciam, não me prendiam o bastante para que eu só tivesse um nome na cabeça, ou se expressavam tanto, o tempo todo... Elas não eram artistas, não eram poetas, não eram escritoras, não eram doidas, não eram pequenas e tinham um corte de cabelo repicado com uma franjinha sempre abaixo dos olhos, dividida ao meio, elas sabiam se maquiar, sabiam andar de salto, não andavam pela minha casa com uma camiseta tão velha que já estava cinza, e tinham pijamas fofos, e não eram o equilíbrio perfeito entre suavidade e sensualidade...
Elas não eram ela. Só isso.
Sempre vai ter uma coisa na vida que vai ser melhor do que tudo, que vai ser única, sempre lembrada, uma sensação realmente única. E não adianta, depois que provamos dessa coisa, nada, meu parceiro, nada consegue ser tão bom quanto essa coisa.
Já Elizabeth, não se envolveu com ninguém durante longos três anos. O que, pra ser sincero, e egoísta, eu dava graças à Deus. Não sei dizer se lidaria bem em saber que ela estaria em outros braços, com outra pessoa, e sendo feliz em outra cama, em outro abraço. Só de imaginar que ela poderia a qualquer momento transar com outro cara, eu ficava com dor na boca do estômago.
Às vezes eu tinha vontade de ir até sua casa e lhe dizer que tudo bem, tudo bem se fôssemos do jeito que éramos, que eu queria que ela voltasse para minha vida e explodisse aquela bomba atômica em cima de mim, que me devastasse de novo, que me deixasse maluco, que me desse de volta aquela adrenalina constante que era estar com ela.
Mas não podia.
Pela primeira vez em sabe-se lá quanto tempo, ela estava feliz. Feliz de verdade. E se estava feliz longe de mim, talvez fosse melhor assim.
Uma hora ou outra, eu ia parar de inconscientemente esperar que ela fosse voltar para mim, e ia conseguir seguir em frente.
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Notas do autorAmigos e amigas, devo avisar-lhes que está história já está chegando na reta final 😭
Mas como sou fanfiqueira, comecei a escrever mais uma com o querido do Evan Peters 🤩 querem ler querem querem querem???????
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🎼A SINFONIA DO FIM🎼 Evan Peters
RomanceElizabeth e Evan viveram um grande romance no passado. Romance este, cujo o término inspirou a primeira obra publicada da jovem escritora, "A Sinfonia do Fim". Anos após o lançamento, Evan descobre a existência deste livro, e o lendo, acaba dando de...