Capítulo 36 - E agora?

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Narrado por Evan.

Alice era minha pessoa preferida no mundo. Eu a olhava e via o que era amor de verdade. O que era a pureza, o que era a vontade incondicional de proteger e guardar uma vida em seus braços.

E a minha outra pessoa preferida no mundo, ainda era Elizabeth, mesmo que as coisas tivessem mudado. E mesmo que eu sentisse que nem fazia mais sentido estarmos juntos.

Desde o nascimento de Alice, nos afastamos consideravelmente, de forma que parecesse que apenas éramos unidos pelo elo que era a nossa filha.

Sentia que ela não me olhava mais como antes, ou que sentia por mim o que sentia antes. As coisas esfriaram, e eu não fiz esforços para evitar isso. Com a maternidade, imaginei dois cenários, ou, que Elizabeth surtaria e não saberia lidar, ou, que ela ficaria obcecada com isso. E acertei no segundo. Sabia que ela era feita de momentos de obsessão pelas coisas, e que por um bom tempo ela ficaria constantemente fascinada pela nossa filha.

Então eu apenas deixei isso ser assim. Deixei ela agir como agia, amar como amava, e me deixar para trás como ela deixou.

Talvez eu devesse ter tentado me aproximar mais, mas, eu apenas não quis competir o amor de Elizabeth com Alice. Porque sabia que era o tipo de competição que eu jamais iria vencer, e tudo bem.

O que aconteceu, foi que, o tempo foi passando, e nada disso foi mudando. Apenas entrando na rotina até estarmos acostumados com as poucas conversas e nenhuma demonstração de carinho ou afeto.

Eu chegava em casa, e Elizabeth nem falava comigo. Amava minha filha, mas sinceramente, sabia que nunca devia ter me animado com a ideia de sermos uma família, e ter deixado Elizabeth viver em um lugar, e eu em outro.

Éramos ótimos pais, mas já não éramos um casal.

Percebi que Elizabeth estava tentando se aproximar. Provavelmente porque alguém disse alguma coisa sobre nós, e só aí ela se tocou.

De verdade, parecia que ela nem percebia o quanto tinha se afastado. Eu a via com Alice no colo, era uma coisa mágica de se ver, porque ela olhava com tanto fascínio, com tanto amor e um brilho radiante e único no olhar. Aquela menina era muito amada, e tinha a sorte de ter Elizabeth como mãe.

Eu realmente admirava a mulher que era ela, e como ela estava sendo forte, madura e feliz.

O que fazia ser tão, tão difícil admitir que nossa relação estava em pedaços.

Porém, de repente, parecia estranho ter uma conversa normal com ela, que não fosse sobre a nossa filha, sobre as coisas da casa, ou algo assim. Parecia estranho tocá-la, chegar perto demais, abraça-la ou até mesmo rir junto com ela. E pra mim, estava sendo muito difícil ter que fugir das suas tentativas de reaproximação.

— Podíamos ir jantar fora hoje, o que acha? — indagou Elizabeth, saindo do banho propositalmente de calcinha e sutiã e me fazendo desviar o olhar dela para o chão.

— Você disse que queria pedir comida. — respondi, fingindo estar mexendo no celular e vendo ela dar a volta no quarto, sentando do outro lado da cama.

— Ah mas... Nunca mais saímos juntos. Podíamos ir jantar fora...

— Mas a Alice não para, nem é bom sairmos, nem faz bem pra ela. — disse, vendo-a ir até o guarda roupa, mexendo nos seus vestidos.

— Mas e se formos só eu e você? — perguntou. Engoli em seco. — Podemos deixar a Alice na minha mãe... E buscamos na volta... Ou até mesmo deixamos ela passar a noite lá...

— Por que isso? — perguntei, soltando o celular e olhando-a com a expressão séria.

— Pra passarmos um tempo juntos... — ela sorriu, sentando-se ao meu lado. — Faz tempo que não fazemos nada só nós dois...

🎼A SINFONIA DO FIM🎼 Evan PetersOnde histórias criam vida. Descubra agora