Quando estava beirando 3 meses de gravidez, a balança já trazia números maiores quando eu subi sobre ela. Mas meu corpo não tinha mudado muito ainda. Conseguia fingir que nada acontecia ali. Embora internamente, meu corpo estivesse tendo todos os sinais e sintomas de gravidez.
Estava trabalhando num livro de poesia. Era melhor escrevendo poesias melancólicas do que histórias. E descartei o manuscrito de "a morte ao seu lado", embora nada fosse realmente sobre o Evan, e ele ralmente tivesse exagerado nessa parte, eu era infelizmente boa escrevendo tragédias, e talvez todas tragédias sempre se assemelhassem com as que eu vivia. Assim como todos os escritores costumam colocar situações pessoais metaforizadas e quebradas no meio de suas histórias.
E não queria incomodá-lo. Então, mesmo que a história fosse muito boa, preferi deixa-la em stand by por ora.
As coisas estavam estranhas, mas estáveis na medida do possível. Evan realmente sumiu. Não soube nada sobre ele desde a última vez em que o vi, o que, me machucava, porque eu torcia que pudesse encontrá-lo em algum lugar, mas isso nunca acontecia. E nem aconteceria, ele morava do outro lado da cidade, e só me encontrou quando foi atrás de mim.
Sabia que em algum momento teria de lhe contar sobre a gravidez, e sabia que já devia ter contado. Mas não conseguia, simplesmente não conseguia.
Os dias voltaram a ser solitários, mais até do que antes de Evan. Porque agora, eu sequer saía aos fins de semana, somente em eventos a ver com trabalho.
Minha vida voltou à monotonia que costumava ser, sobre trabalho, casa e muito tempo investido na carreira.
Voltei às oficinas de escrita, aos artigos e trabalhos em paralelo que eu havia me afastado um pouco, e estava escrevendo muito no tempo livre. Isso, porque estava tentando ocupar meu tempo com algo que me trouxesse retorno.
Porque sinceramente, estava vivendo mais de um tipo de luto. Luto do fim do meu relacionamento do qual eu fui a culpada de acabar, e em luto pela minha vida antes da gravidez. Pois nada seria igual, e eu não estava pronta para isso, eu queria viver mais. Meus planos eram filhos após os trinta, e não aos 24.
Mas toda vez em que eu me pegava triste por estar grávida, me sentia mal. Era como se eu estivesse sendo cruel com o bebê, como se eu não o quisesse, como se o rejeitasse. E não era assim.
Ainda custaria um tempo para eu abraçar a ideia da maternidade, até lá, eu tinha seis meses e uma série de mudanças corporais, hormonais, físicas e mentais. E muitos planos a serem reorganizados, muita coisa a ser reescrita.
Quando enfim tive coragem de contar para minha psicóloga sobre a gravidez, me desmanchei em lágrimas. Só de dizer a palavra "grávida" em voz alta, pela primeira vez após ouvir do médico que, eu estava grávida.
E primeiro de tudo, ela comentou sobre a necessidade de informar ao Evan sobre a gravidez. E eu sabia. Sabia mesmo. Mas era difícil.
Porém, ela me deu muita força, o que me deu um impulso forte de virar à esquerda aleatoriamente voltando de um evento, e seguir o caminho até a casa de Evan.
Era sexta à noite, e estava em frente à porta de Evan. Parecia um Deja Vu. Mas dessa vez, ao invés de estar com um desespero, estava com um medo enorme de bater na porta. Mas, depois de levantar a mão, recuar, sentir um frio na barriga, dar uns passos pra trás, ir até o elevador e voltar, decidi bater depressa.
Ele não demorou para abrir, e quando abriu, senti um cheiro forte de cigarro vindo de dentro, e ele estava sorrindo, mas, fechou o sorriso assim que me viu.
Aquilo doeu.
— Elizabeth? — indagou ele, pigarreando e parecendo ficar nervoso. — O que faz aqui?
— Oi Evan... — disse, encolhendo a postura pelo nervosismo de vê-lo novamente. Com seus cabelos descoloridos bagunçados e a raiz grande pelos quase dois meses em que não nos víamos.
— Elizabeth, eu te disse que sumiria da sua vida... Isso quer dizer que também é para você sumir da minha, entende isso? — indagou de forma rude.
— Sim. E tudo bem... Mas é que... A gente precisa conversar e...
— Não precisamos. Você com certeza não tem nada de útil pra me falar. Não tenho nada pra dizer e nem quero te escutar. — disse ele.
— Não... Evan... A gente realmente precisa conversar. — insisti, me sentindo cada vez mais oprimida pela seu tom de voz. — É algo sério...
— Você tá surtando de novo? — ele disse, sinceramente, partindo meu coração com o jeito indelicado. — Tá em crise, vai se matar, algo assim?
— Nossa... — disse, em um tom baixo e cabisbaixo, não conseguindo olhar nos seus olhos. — Não... Não é nada disso...
— Olha, não me entenda mal. Mas eu realmente não quero falar com você. Não quero nem te ver. Não quero mais que você apareça aqui assim.
— Evan, por favor. Eu só preciso te contar uma coisa, é realmente importante e envolve nós dois, não é só sobre mim e...
— Quem tá aí? — escutei uma voz feminina vindo de dentro e Evan pareceu fazer questão de se virar e liberar um espaço da porta para que eu pudesse ver quem estava na sua sala fumando um cigarro. E era sua ex-namorada. Aquela, da qual briguei em uma festa.
— Ninguém importante. — ele disse para ela, voltando a olhar para mim.
Ninguém importante? Havia sido diminuída à "ninguém importante"? Não soube nem descrever o quanto escutar aquilo me cortou por dentro.
Fui condenada a sofrer por ele por anos, mas para ele, eu me tornei ninguém importante em pouquíssimo tempo.
Me vi voltando à todas as vezes em que chorei por ele, e não consegui segurar uma lágrima depressa que correu pelo meu rosto enquanto minha expressão certamente denunciava o quanto eu estava triste.
Percebi que ao me ver marejar os olhos, Evan também desfez a sua expressão irritada de repente, como se tivesse mudado algo me ver chorar.
Porém. Pra mim, toda aquela cena só me fez ficar ainda com mais medo de contar à ele sobre aquilo.
Não consegui olhá-lo mais. Ele nunca havia sido tão indiferente comigo como foi naquele dia, e embora eu tenha errado muito com ele nos meus surtos, ambos de nós falamos coisas que nos arrependíamos, e eu pensei, que embora o caos, tivéssemos terminados sem maiores ressentimentos.
Mas parecia que não.
Então, simplesmente, dei as costas e fui embora. E obviamente, chorei muito quando estava em casa, sozinha no silêncio.
Notas do autor:
Escuta aqui vcs por um acaso pararam de gostar da história é??????
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🎼A SINFONIA DO FIM🎼 Evan Peters
Roman d'amourElizabeth e Evan viveram um grande romance no passado. Romance este, cujo o término inspirou a primeira obra publicada da jovem escritora, "A Sinfonia do Fim". Anos após o lançamento, Evan descobre a existência deste livro, e o lendo, acaba dando de...