Mas o fim nem sempre é realmente o fim, sabe?
3 anos depois
— E o que é isso? — perguntei, pegando nas mãos a flor que Alice me entregou.
— Parece você. — ela disse, apenas.
— E por quê? — perguntei sem entender por que a minha filha estava dizendo que uma flor murcha meio morta pisoteada arrancada de um canteiro parecia comigo.
— O papai disse pra te entregar porque parecia você. — ela disse, largando a mochila no sofá da sala. — Pede pra ele.
— Que abusado. — disse, pegando a flor e soltando na mesa.
— Tem que botar na água! — Alice gritou.
— Minha filha, essa flor tá mais morta do que viva.
— E daí? Se você não botar na água ela vai morrer de verdade.
Sorri com a sua expressão irritadiça batendo o pé.
— Tá, tá bom. — cedi, colocando a flor murcha, mole, capenga, meio morta dentro de um copo de água, não era nem doida de discutir com uma criança.
Uma criança, inclusive, que estava inteligente demais para apenas 4 anos. Ela falava muito bem, ainda um pouco embananado às vezes, mas para a idade a dicção dela era realmente boa. Evan dizia que era porque ela era filha de um ator e uma escritora. Talvez fosse.
O tempo passava tão rápido, todo mês eu me emocionava por nada quando via ela fazendo alguma coisa diferente. Recentemente, ela havia dito que queria ser artista quando crescesse, depois de rebocar a parede do próprio quarto com tinta guache de escola, sem a minha permissão. E antes de dar uma bronca, eu fiquei emocionada. Como disse, por nada.
É que é realmente extasiante acompanhar uma vida crescendo assim, uma pessoa se desenvolvendo, com a sua própria personalidade.
Nos últimos anos, ela foi o meu foco, junto com o meu trabalho, e com o meu tratamento.
Me mudei pouco após eu e Evan terminarmos, acabei publicando uma nova obra e consegui comprar uma casa em um bairro residencial. O apartamento era bom, mas apertado demais para uma criança cheia de energia, e, sem contar, que Alice simplesmente amava aquela casa, era um ambiente aconchegante e familiar, e me deixava feliz que ela tivesse criando raízes e memórias naquela casa como se fosse o ninho dela.
Ainda assim, a casa era um pouco grande para apenas duas pessoas, mas, tudo bem.
Aprendi que ser mãe é uma batalha que, quando a gente acha que tá começando a ficar fácil, fica mais difícil ainda. O primeiro ano pareceu difícil, aí de repente ela já andava e começava a falar, e aí de repente se mijou na cama algumas vezes até desfraldar totalmente, e de repente não gostava de carne tendo experimentado 2 vezes, e de repente estava falando frases inteiras, e agora, eu tinha uma mini vegetariana tagarela metida a artista que às vezes tinha umas conversas comigo que me faziam esquecer que ela era só uma criança.
E diariamente, eu aprendia um pouco mais, convivendo com essa mini querida que era a Alice.
Ela tinha uma personalidade forte, mesmo sendo tão nova já sabia que ia me causar dor de cabeça no futuro, o que me fazia já imaginar que eu seria uma mãe chata na sua adolescência e iríamos brigar bastante. Ela era a concepção de dois doidos, não dava para esperar uma criatura muito calma.
E quanto à Evan... Ah... O Evan virou o meu melhor amigo, por incrível que parecesse.
Descobrimos juntos que funcionamos muito bem como amigos, muito mesmo. Tanto, que ele era presente na minha vida, além de ser o pai da Alice, eventualmente nós levávamos ela para passear juntos, passávamos tardes os três juntos, e até viajamos os três juntos.
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🎼A SINFONIA DO FIM🎼 Evan Peters
RomanceElizabeth e Evan viveram um grande romance no passado. Romance este, cujo o término inspirou a primeira obra publicada da jovem escritora, "A Sinfonia do Fim". Anos após o lançamento, Evan descobre a existência deste livro, e o lendo, acaba dando de...