E a vida sempre toma uns rumos estranhos, não é?
— Você tá drogada... — disse Vic, após quase espancar minha porta. — Tá uma bagunça aqui, Liz... Meu deus...
— Eu não estou nem aí. — disse, me jogando de volta para o sofá e dando play na série em que eu estava vendo.
— Te liguei centenas de vezes!
— Meu telefone tá desligado há dias.
— Sua mãe me ligou preocupada. Disse que a sua agente está furiosa com você, porque você não atende o telefone.
— Não tô nem aí, Vic. — insisti.
— Mas eu estou. — disse ela, se sentando na mesa de centro, atrapalhando minha visão. — Fazem duas semanas que você não sai de casa. Seu porteiro disse que você só tá pedindo entrega para comer. E pela bagunça dessa casa, você nem se levanta há esse tempo também.
— Não tô nem aí.
— Elizabeth! — ela gritou. — Não dá pra ser assim. Isso tudo por causa do Evan?
— Não. Eu só estou irritada. E triste, e chateada. — respondi, piscando com certeza lerdeza. — Não quero sair de casa, não quero fazer nada, e sim, estou vivendo de fast food, e sim, não limpo minha casa há mais de duas semanas, e sim, eu estou um trapo. E de novo, eu não tô nem aí.
— Não dá pra ser assim. Sério... Eu estou preocupada com você.
— Mas não devia. Você me conhece mais do que ninguém. Sabe que às vezes eu preciso de um tempo.
— Mas esse tombo foi feio, e foi por pouca coisa.
— Eu te disse que isso aconteceria. O Evan é uma víbora, um sanguessuga, um vampiro. Ele sugou minha alegria, minha vontade de viver, minha vitalidade, minha energia. Mas logo eu me recupero.
— Não quero saber. Você vai levantar agora.
E foi assim que Vic e eu brigamos de quase sair no soco. Na verdade, ela realmente me deu um soco, depois me jogou na banheira gelada, me xingou e me viu chorar, depois me consolou, me ajudou a limpar a casa, e me fez agradecer mentalmente pela 900ª vez por tê-la na minha vida. Não seria muita coisa sem ela.
Evan e eu não nos falávamos há quase três semanas, e eu surtei depois da sua festa. O bloqueei em tudo, e depois apaguei minhas redes sociais. Fiquei farta de ver o mundo feliz enquanto eu estava tendo um colapso mental que eu sabia que teria, mas mesmo assim fiz tudo que não devia, e não o evitei.
Mas, Vic conseguiu me tirar daquele buraco, antes que piorasse. E estava muito perto de ficar pior.
Nos últimos dias, fiquei a base de maconha, álcool, rivotrol e Lisdexanfetamina, sabendo que estava me intoxicando de várias formas diferentes, e só assistindo à mim mesma indo de mal a pior.
Me odiei quando Vic foi embora, depois de passar a noite comigo. Devia ser um saco ser minha amiga e ter que me socorrer quando eu estivesse perto de me matar. Mas, ela parecia lidar tão bem com isso que me assustava. Ela me conhecia mais do que ninguém, e sabia meus limites, sabia como me acalmar, e sabia como me fazer voltar aos eixos (na força do ódio), me ajudando como eu precisava (ameaçando me internar).
Parecia tóxico falando assim, mas na verdade, era só assim pra eu reagir.
E eu reagi. E depois de me desintoxicar um pouco da última semana de surto, falar com minha mãe (chorar no colo dela) e explicar o que aconteceu (xingar Evan de 1001 formas diferentes e ouvi-la concordar) e me resolver com minha agente (implorar para ela não me deixar, usando a desculpa de que eventualmente artistas surtam), alguém bateu na minha porta plenas 23h de um sábado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
🎼A SINFONIA DO FIM🎼 Evan Peters
Roman d'amourElizabeth e Evan viveram um grande romance no passado. Romance este, cujo o término inspirou a primeira obra publicada da jovem escritora, "A Sinfonia do Fim". Anos após o lançamento, Evan descobre a existência deste livro, e o lendo, acaba dando de...