Capítulo 30 - Condições

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Evan e eu permanecemos em completo silêncio assim que saímos do hospital. Ele me levou até em casa, e no caminho, nunca um silêncio entre nós foi tão barulhento como aquele.

Assim que o carro parou, tirei o cinto e suspirei.

— Acho que precisamos conversar. — disse ele, quebrando o silêncio enfim, e me fazendo olhá-lo nos olhos, sentindo uma dor imensa só no tom da sua voz.

— Não sei se realmente precisamos.

— Precisamos. — disse ele, tirando o cinto e me acompanhando até estarmos sentados no sofá da sala.

Olhar nos seus olhos estava difícil, bem como, parecia difícil pra ele também.

— Quando pretendia me contar? — indagou.

— Então... — pigarreei. — Não sei o que você quer que eu diga...

— Quero só saber por que não me contou. — disse ele. — Isso é algo meio que, muito importante.

— Eu ia te contar... Fui até sua casa, e te encontrei com sua ex-namorada. — disse, suspirando. — Não consegui fazer nada além de ir embora e... Ficar extremamente triste.

— Me desculpa por aquilo. — disse ele.

— Você não esperou muito pra seguir em frente e começar a me odiar... — citei, falando baixo.

— Eu estava carente. — respirou fundo. — Ela me chamou para conversar assim que terminamos, e eu acabei convidando-a para ir lá. Mas que bom que você apareceu, me fez perceber que aquela era uma merda que eu ia me arrepender. Então, a mandei embora, e não fizemos nada.

— Eu não ligo. — disse. — Não ligo mais.

— Mas eu ligo...

— Agora é meio tarde pra ligar pra alguma coisa. — disse. — Você tem noção do quanto foi cruel da sua parte falar daquele jeito comigo? Tem noção do quanto me magoou ter sido bloqueada de novo por você em tudo, e não poder fazer nada além de aceitar?

— E você tem noção do quanto foi doloroso pra mim ver você naquele leito? Depois de quase morrer por uma overdose que foi culpa minha?

— Com certeza você não sentiu mais dor do que eu. — disse. — Evan, eu me pergunto se alguma vez você realmente me amou... Porque sempre parece que não. Parece que você fantasia uma pessoa em mim que não existe.

— Eu te amei, e ainda te amo, Liz. — disse ele, me atingindo no peito. — E se quer saber, acho que nunca vou amar alguém como amo você. O seu nome tá escrito no meu passado, no meu presente, e no meu futuro.

— Então por que você vive indo embora? — perguntei. — Te perder me magoou de formas que você nunca vai entender. Ver você partir me destruiu sem ter como reconstruir, eu mudei drasticamente depois que você foi embora. O fim foi devastador, mas revivê-lo é pior ainda. Talvez estejamos fadados a viver o mesmo fim, várias e várias vezes, feito uma eterna sinfonia...

— Acha que pra mim é fácil decidir partir? — indagou. — Eu sofro a cada briga, cada partida, cada vez que eu decido que não posso ficar perto de você, não por mim, mas por você. Eu te destruo sem nem querer, e parece que é impossível ver você bem ao meu lado. Eu te faço sofrer mesmo querendo te dar tudo de melhor. Eu te adoeço.

— Adoece. — confirmei. — Você me deixa instável, faz com que eu perca a cabeça, me enlouquece.

— Então!?

— Mas você nunca experimentou tentar me entender.

— Você nunca se abriu totalmente. — disse ele. — Eu não sei quase nada sobre você, parece que você só me mostra o que quer que eu veja, tanto, que se afoga sozinha na ideia de tentar ser uma pessoa que deduz que é quem eu quero, e aí você se perde... E você muda.

🎼A SINFONIA DO FIM🎼 Evan PetersOnde histórias criam vida. Descubra agora