Capítulo 29 - Susto e surpresa

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Na sexta, quando saí do apartamento de Evan, fiquei parada do outro lado da rua do seu prédio, chorando dentro do carro até que minhas mãos se acalmassem. E o vi levando Emma para o portão logo após eu descer. Sua cara estava péssima de repente, mas não quis sequer entender como ele estava. Apenas fui embora.

Aquele encontro, e vê-lo com outra pessoa, me deixou muito mal. Pior do que pensei que ficaria. E no dia seguinte, estava me sentindo fraca e enjoada, mas era da gravidez, então apenas fiquei deitada o dia inteiro.

No domingo, despertei e fui direto para o banheiro urinar, e assim que me sentei no vaso e abaixei o short, percebi que havia sangue na minha calcinha, e sangue no vaso. O tanto que me assustei, foi o suficiente pra gelar o meu coração.

Me levantei depressa e entrei no chuveiro para tomar um banho e ir para o hospital, surtando dentro do box achando que ia ter um aborto espontâneo.

Porém, a campainha começou a tocar desesperadamente, e eu saí depressa do banheiro, vestindo apenas uma camiseta e percebendo que não tinham saído direito as manchas de sangue pelas minhas pernas, e me sentindo ligeiramente tonta, junto com a sensação de susto.

Abri a porta e encontrei Evan, com uma cara de arrependido e algumas palavras que eu não consegui prestar atenção, porque estava surtando pelo sangue repentino saindo de mim, e pela tontura, e vê-lo parou ainda mais meu coração, minha respiração ficou descompassada, e eu não sabia nem o que fazer.

Evan chegou falando muita coisa, e eu andei até o centro da sala com as mãos na cabeça tentando me concentrar para não desmaiar, porque senti tudo girando de repente.

E ele veio vindo perto, e mais perto, e de repente, senti que ia vomitar, então corri para o banheiro, e só deu tempo de me abaixar.

Vomitar aliviou um pouco a sensação de que tudo girava, mas ainda estava tonta, e esgotada, e suando muito.

— Meu deus, o que você tem? — Evan apareceu, parado na porta, parecendo com receio de entrar e se aproximar. Afinal, já não tínhamos intimidade para isso.

— Olha, Evan... Não é uma boa hora. — disse, ajeitando meus cabelos e respirando em cima do vaso, porque não conseguia me recompor para levantar.

— O que houve? Você bebeu? Tomou o quê?

— Não. Não tomei nada. — disse, pigarreando. — Eu apenas estou me sentindo mal, estava me arrumando para ir para o hospital.

— O que você tem?

O olhei, sem saber o que dizer.

— Só estou muito tonta.

— Quer ajuda?

— Não! — exclamei, me erguendo e dando a descarga, mas me sentindo muito tonta para realmente sair de perto do vaso.

— Sim, você quer. — ele disse, saindo do banheiro.

— Não... — resmunguei, percebendo que estava ficando mais fraca. Me levantei, puxando energia do fundo da minha alma e escovando os dentes, sentindo minha cabeça pesada demais.

— Toma. — ele disse, me entregando uma calça. Olhei para a peça e olhei para ele. — Se veste, vou te levar para o hospital.

— Você abriu meu guarda-roupa e pegou uma roupa minha assim, aleatoriamente? — indaguei incrédula.

— Não é momento de ter um surto por isso. — ele disse, empurrando a calça para que eu pegasse.

— Não precisa me ajudar Evan. — disse, tentando ser firme.

— Precisa. — ele disse. — Se você não for comigo eu vou chamar uma ambulância aqui. Não vou deixar você ter outra overdose.

Aquilo me magoou. Me magoou por ele me resumir à uma drogada, quando na verdade, estava nos nervos, muito preocupada que tivesse perdido o bebê.

Não quis discutir, não tinha força, não tinha vontade, e queria ir imediatamente para o hospital, então apenas me vesti, peguei minhas coisas e fui junto com ele até o pronto atendimento, esperando que ele me deixasse ali e fosse embora. Mas não, ele estacionou, e estava tirando o seu cinto.

— Evan, por favor, deixa eu ir sozinha? — perguntei, me sentindo ainda tonta, e com vontade de vomitar de novo.

— Não. — ele disse, saindo do carro e abrindo a porta para que eu saísse.

Esperava então, que ele fosse ficar sentado na sala de espera, e enquanto ele vinha ao meu lado, mais em pânico eu ficava, porque não queria sua companhia, não queria que ele descobrisse assim. Só queria estar sozinha.

E, pra se concretizar meu pesadelo, ele foi comigo até o balcão. E como se não bastasse, começou a falar.

— Acho que ela pode estar tendo uma overdose. — ele disse, depois de eu dizer que estava tonta e vomitando e precisava que minha ficha fosse de urgência.

A atendente começou a digitar mais rápido, e eu entrei em pânico.

— Não! — exclamei, me apoiando no balcão. — Olha, na verdade, eu estou grávida e tive um sangramento essa noite, e estou há dois dias com fraqueza, tontura e vômitos, não só de manhã. Então, eu estou muito em pânico e com muito medo de ter perdido o bebê, por isso preciso de urgência.

Quando terminei de falar, olhei para Evan, e ele estava tão pálido que parecia ter passado farinha na cara. Sua expressão ficou estática, os olhos arregalados, e um silêncio ensurdecer se fez presente entre nós.

Depois daquilo, ele quis me acompanhar até na consulta, mesmo ficando em silêncio o tempo todo.

Me senti extremamente desconfortável com ele ao meu lado, com aquela cara de assustado e sem dizer uma palavra sequer. Mas tudo bem, seguimos a consulta.

O médico me pediu um ultrassom, e nos encaminhamos para a ala correta. Me preparei e me deitei na maca, vendo a enfermeira arrumando os aparelhos.

Já tinha feito ultrassom mais de uma vez, estava um pouco paranoica com a gravidez então fazia questão de ir de 15 em 15 dias ao médico ver se estava tudo bem. Mas, assim que a enfermeira se aproximou com aquele instrumento, senti como se fosse a primeira vez.

E quando o aparelho tocou minha pele, vagando por cima da minha barriga com aquele gel gelado, a tela ao nosso lado transmitia uma imagem confusa do que se passava por dentro do meu corpo.

Inspirei e não consegui mais soltar o ar, desviando o olhar para Evan e o encontrando com os olhos cheio de lágrima, chocado com o que via, parecendo não acreditar.

Meus olhos também marejaram e por impulso, segurei na sua mão, do qual, ele correspondeu o toque, entrelaçando seus dedos aos meus e me olhando nos olhos, ainda desacreditado, mas se deixando soltar uma lágrima emocionada que percorreu seu rosto.

— Tudo certo com o bebê. — disse a enfermeira.

— Viu? — indaguei para Evan, que desviava o olhar entre mim e a tela do ultrassom. — Tá tudo bem com nosso bebê

🎼A SINFONIA DO FIM🎼 Evan PetersOnde histórias criam vida. Descubra agora