Capítulo 23 - A morte em te ver partir

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Acendi um cigarro enquanto minha televisão preenchia o ambiente com Lana Del Rey em volume alto.

Dancei sozinha na sala, sentindo a dor da ausência de Evan, e sabendo que por mais que fosse mais difícil dançar sozinha, eu estava condenada a ter de aprender a dança dos meus próprios passos. Porque depender dos dele, eu não podia mais.

Não saía de casa há três semanas; era o tempo em média em que Evan não falava comigo.

Tentei insistir logo depois que ele saiu da minha casa na última vez em que o vi. Mas ele não quis mais me responder. Disse que precisávamos de um tempo distantes, que eu precisava me organizar, e que ele precisava pensar e se ver longe de mim de novo. E depois de alguns surtos em que o liguei no meio da madrugada, em prantos, bêbada e a todo custo implorando por perdão, ele me bloqueou. Em tudo.

Disse que voltaria logo. E eu odiava quando ele fazia aquilo.

Ao todo, era a terceira vez em momentos distintos da vida em que eu o via ir embora e dizer que em algum momento voltaria.

Da última vez, levaram 4 anos até ele voltar. E sinceramente, diante a minha imagem no espelho, 5kg mais magra em tão pouco tempo, concluí sozinha que ele nunca deveria ter voltado.

Não me sentia tão sozinha há algum tempo. E durante aquelas semanas, provei da solidão em uma grande taça, com um pouco de gelo, e senti cada parte do gosto de whisky puro dela, bebendo cada gole como se fosse exatamente o que eu merecia.

Não queria falar com ninguém, embora a solidão estivesse me corroendo. Só queria que Evan voltasse. Mas ao mesmo tempo, sabia que uma vez que começamos a nos partir, não ia sobrar nada no final.

Deitei na minha cama com uma flanela xadrez que pertencia à Evan e havia sido esquecida na minha casa. Senti o que sobrava do seu perfume, e me perguntava como alguém podia mexer tanto comigo sem ter essa noção.

Ele conseguia me destruir se quisesse. E estava conseguindo naquele meio tempo.

Decidi sair de casa em um sábado à noite, quando cansei do som estrondoso do silêncio, cansei de sentir que não conseguia mais falar, depois de tanto tempo sem ouvir minha própria voz. E cansei do efeito pacato do álcool e dos comprimidos; precisava de algo mais forte.

Fui até uma festa em uma boate onde rolava muita droga, e eu sabia disso. E logo que cheguei, encontrei pessoas que eu conhecia, que após alguns drinks, becks, cigarros e comprimidos, tiraram algumas fotos comigo e postaram no Instagram. E logo, repostei.

O tempo passou mais lento enquanto as drogas que eu já havia ingerido faziam efeito no meu organismo. E em algum momento, percebi que meu celular estava vibrando incessantemente. Quando o peguei em mãos, vi que era Evan. Fui até a área de fumantes e atendi.

— Estou na frente da boate em que você está, pode sair, por favor? — perguntou ele, em um tom não muito amigável.

— E o que está fazendo aqui? — perguntei.

— Preciso conversar com você.

Saí depressa da boate, encontrando-o na frente, um pouco distante da fila. Assim que o vi, corri em sua direção e pulei nos seus braços, mas, ele recuou meu abraço, segurando meus braços e olhando fundo nos meus olhos, com uma expressão difícil de entender.

Mas logo se fez compreensível.

— Eu sabia. — disse ele, olhando nos meus olhos. — Não acredito, sério?

— Evan... — tentei abraça-lo de novo, sentindo vontade de chorar ao ver sua expressão de decepção mais uma vez.

— Vou te levar pra casa. — disse ele, me puxando, mas dessa vez, eu quem recuei.

🎼A SINFONIA DO FIM🎼 Evan PetersOnde histórias criam vida. Descubra agora