O Pequeno Príncipe

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Havia duas semanas que eu havia voltado para casa, nesse meio tempo não tive nenhuma lembrança dos últimos oito anos, o que já estava me deixando frustrada e sem esperanças, será que teria que me acostumar a viver com um buraco na minha vida para sempre?

Eu voltei para o meu trabalho tentando seguir com as coisas. No primeiro dia, claro, eu estava totalmente perdida. Quando eu cheguei na empresa, eu era apenas uma estagiária perto de conseguir meu diploma, agora tinha um escritório só meu e era uma advogada renomada. Minha assistente Karen me ajudou com tudo que eu precisei, meu Deus eu tinha uma assistente! Aos poucos estou pegando a manha que perdi junto com a minha memória.

Com a Aurora as coisas estão caminhando bem, às vezes eu cometo uma gafe ou outra, mas consigo disfarçar, minha filha é tão incrível, eu me sinto tão orgulhosa dela, ela é minha maior motivação para não desistir de recuperar minhas memórias. Depois que ela voltou para casa, Oliver me ligou furioso por eu ter tirado ela dele daquele jeito, um medo tomou conta de mim no momento, mas respirei fundo e fingir ser a Lizzie inabalável que aparentemente me tornei, ele também veio até a minha casa me ameaçando a tirar a Aurora de mim, foi um momento bem estressante e eu mau consegui reagir, uma coisa é fingir pelo telefone e outra é pessoalmente, minha versão de oito anos atrás aparentemente ainda não consegue lidar com ele, me lembro a primeira vez que retruquei em uma das nossas brigas, parece que foi há alguns meses apenas. Oliver costumava ser tão diferente, quase um príncipe encantado... eu nunca entendi como ele mudou tão de repente, nós nos amávamos, tínhamos tantos planos, então ele começou a ficar distante e depois foi se transformando em um monstro, não era mais carinhoso, caçava qualquer motivo para discutirmos e brigarmos, então veio a saideira, a voltar tarde e a ter problemas com bebida, foi quando eu fiquei grávida da Aurora, achei que as coisas talvez mudariam, mesmo que não tivéssemos planejado a gravidez, sempre tínhamos conversado sobre ter filhos, mas as coisas não melhoraram e aos poucos meu amor por ele foi morrendo, foi uma fase triste e deprimente, até que eu descobri a primeira traição, na verdade uma das peguetes que ele deu o fora ficou inconformada e me contou tudo, engraçado que naquele momento meu amor por ele já estava tão morto que minha reação foi começar a rir quando ela me contou, acho que eu me senti de certa forma liberta de todos os sentimentos que tinha por ele, mas minha filha precisava de um pai, mesmo sendo ele, então eu aguentei o "relacionamento".

Depois que ele veio até a minha casa me ameaçar, eu liguei para a Maggie que veio me fazer companhia e ela me acalmou um pouco, me contando que ele não poderia tirar ela de mim, pois nunca foi um pai presente.

Hoje com a Aurora no ensaio das líderes de torcida, eu decidi dar uma limpeza no apartamento, talvez mudar algumas coisas de lugar, numa tentativa de sentir que o lugar era meu, ainda não tinha me acostumado com o apartamento. Fui até o meu quarto e estava pegando as roupas para lavar, até que notei umas roupas masculinas no meio das minhas, algumas calças, blusas, cuecas e uma jaqueta de couro preta, deixei o cesto no chão e fui abrir as minhas gavetas, até que achei uma com mais roupas parecidas. Bucky... sorri com o pensamento observando uma das camisas, as coisas entre nós eram mais sérias do que eu imaginava, tinha até roupas dele aqui.

Nas últimas duas semanas nós não nos falamos, depois que ele disse que se afastaria, ele realmente o fez, não me ligou ou veio me procurar e com a correria, eu acabei não fazendo o mesmo. Eu fui até ao móvel ao lado da minha cama e pego meu telefone, o número dele também estava na discagem rápida, eu paro com o dedo em frente a tecla de ligar um pouco nervosa o que eu iria dizer? "Oi eu achei suas roupas no meu cesto de roupa suja e agora to te ligando" ai se manca Lizzie. Acabei desistindo, talvez outra hora seja melhor, eu sei que ele falou para eu ligar se precisasse, mas não sei... por algum motivo ele me deixava nervosa, tipo com borboletas no estômago, ele ainda é algo que meu cérebro não conseguiu processar desde que acordei. Fiquei olhando um tempo o nome dele na lista de contato até que rolo a tela para tira-lo da minha mente, como se fosse adiantar alguma coisa, então a tela para e aparece um nome "Dra. Vanessa" "Ah! Antes de eu ir, talvez seja melhor ligar para a doutora Vanessa, ela ter sido sua terapeuta nos últimos anos, deve saber mais de você que qualquer outra pessoa, deve te ajudar" foi o que o Bucky disse antes de ir embora, talvez fosse uma boa ideia ligar para ela, eu venho tentado um monte de coisas nessas semanas, talvez falar com ela me ajude, já que ela é minha terapeuta.

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