Plágio

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A segunda amanheceu ensolarada em Seul. Jiyoung decidiu tirar o final de semana para trabalhar em sua música e estava feliz por finalizá-la.
Quando cruzou o corredor do estúdio naquela manhã, estava aliviada por ter entregue sua música para masterização. Era um momento especial, pois ela sentia que sua música tinha tudo para fazer sucesso.

No entanto, toda sua alegria foi embora depois que Suga entrou no estúdio bravo.

-Como assim você já enviou para masterização?

O rapaz estava arrumado, pois estava, junto aos meninos, gravando episódio do Run BTS.

-Aish, não é isso o que fazemos depois de concluir uma música?

-Pensei que você me mostraria primeiro. - Ele balbuciou.

-Eu mostrei a você. Você gostou da melodia, esqueceu?

-Eu poderia masterizar.

-Sinto muito. Você estava muito ocupado com a sua agenda.

O rapaz continuava extremamente incomodado.

-Eu poderia masterizar para você...

-Não se preocupe, encontrei alguém disponível.

-E você conhece o trabalho dele? Já verificou antes?

Agora era Jiyoung que estava ficando incomodada. Antes que pudesse perceber, os membros entraram no estúdio, no entanto, logo perceberam o clima pesado que estava no ar. A produtora virou-se para o rapaz com um olhar furioso.

-Isso virou um interrogatório agora? - Ela disse.

-O que tá acontecendo aqui? - Jungkook interrompeu.

-É só Min Yoongi sendo um pé no saco. - A garota falou.

Suga estava tão furioso que sua mandíbula se contraiu.

-Uau. - Jhope falou rindo.

-Podemos voltar em outra hora. - Taehyung disse.

-Não. - O produtor interviu em defesa dos amigos. - Vocês podem ficar.

-Produtora, está tudo bem? - Jimin perguntou à garota, que não respondeu.

Por um momento, todos acharam que o assunto já tinha acabado, mas Yoongi soltou:

-Você só precisa saber de uma coisa, Jiyoung... Não pode confiar cegamente nas pessoas...

-Pare de ser chato, tudo isso por conta de uma música? Da próxima vez eu deixo você masterizar...

-Não estou sendo chato...

-Sim, você está. - Ela bufou. - E essa conversa acabou.

A garota, por fim, saiu do estúdio batendo a porta, deixando os membros se entreolhando, confusos.

Ela sabia que, no fundo, Yoongi tinha razão, mas ao mesmo tempo que ela tinha essa certeza, sabia que não deveria incomodá-lo. Como colega de trabalho, ela fazia de tudo para não o sobrecarregar.

. . .

-Mas que droga!

Jiyoung tinha pulado da cama ao ouvir a melodia conhecida. Fazia pouco mais de um mês que ela tinha enviado a música para masterização. Kim-Hee, o produtor novato que ficara responsável com o trabalho, tinha feito uma merda muito grande.

Ela odiava ter que admitir que estava errada, principalmente depois de ter discutido com Yoongi sobre o assunto. Ele a alertara e ela ignorou. A relação dos dois, que já não era a mais tranquila, tinha azedado completamente e ela estava extremamente envergonhada de ligar para o rapaz e admitir o erro.

Sua música tinha sido roubada. A verdade veio da maneira mais dura. Jiyoung sentiu todo o seu projeto profissional ir para o ralo, quando escutou sua música sendo tocada na rádio 1 mês depois. Não era assim que ela queria estar se sentindo, ela queria estar feliz, orgulhosa com o trabalho feito e grata ao apoio recebido. Mas ao invés disso, só sentiu desgosto e seu estômago revirar. Sua música tinha sido roubada.

Quando ela pegou o celular para discar o número, suas mãos estavam trêmulas. Ela tentou controlar sua raiva ao ouvir sua música tocar na rádio, mas foi inevitável não gritar com a histeria. Sua avó notou o desespero da garota e indagou:

-Jiyoung, você está bem?

Não estava nada bem, mas era mais difícil explicar toda a situação para a sua avó.

-Tudo bem, não se preocupe. - Jiyoung sentia que poderia explodir de raiva.

Ela sentou-se na cama com o celular em mãos, ouvindo a chamada se completar. Quando ouviu a voz conhecida de Suga do outro lado da linha, foi como um alívio.

-Alô?

-Está muito ocupado?

-O que você quer?

-Você escutou a música?

-Escutei.

-Precisa ligar agora o rádio.

-Não vai dar, estou ocupado.

-Você ainda está bravo comigo?

-Não.

-Então ligue o rádio, agora.

-Eu já disse, não vai rolar. -Ele suspirou. - Preciso desligar.

-Yoongi!

Era tarde, ele já tinha desligado.
A sua raiva aflorou e ela precisou abafar o grito com o travesseiro. Ela não tinha certeza do que faria naquele momento, mas sabia que, quando chegasse na empresa, pela manhã, não deixaria aquilo barato.

. . .

Dan Jiyoung

Quando atravessei o corredor dos estúdios eu ainda estava furiosa. Não tinha dormido bem, estava cansada e com dor de cabeça. Desativei a trave de segurança do Genius Lab e entrei rapidamente, jogando minhas coisas no sofá, onde Suga estava sentado.

-Oi. - Ele me olhou confuso após a ação. - Está tudo bem?

-Não fale comigo. - Girei os calcanhares e saí da sala batendo a porta.

Eu não estava com cabeça para conversas, precisava me resolver com Kim-Hee. Imediatamente fui até o elevador e subi, indo até o andar de cima. Meu instinto me alertava da localização do embuste.

Minhas bochechas queimavam, meu ouvido pulsava com a pressão no sangue e eu tentava manter o máximo de calma até eu encontrá-lo. Quando a porta do elevador se abriu, caminhei a passos largos, ignorando quem estava pela frente. Ignorei a porta da sala de Kim-Hee e abri com uma força que nem sabia que tinha.

-YAAA! - Gritei ao vê-lo sentado diante de uma mesa mexendo em seu laptop.

-Jiyoung?

-SEU IDIOTA! - Corri até ele e pus toda minha força ao empurrá-lo. A cadeira caiu para trás e ele foi junto.

-O que você está fazendo?

-Eu que deveria estar te perguntando isso! - Minha fúria só crescia. - Como se atreve a pegar minha música e vender para uma empresa rival.

-O QUE?

-NÃO SE FAÇA DE SONSO! - Gritei.

Ele riu. Seu susto tinha passado e ele começava a entender o que acontecia. Talvez já esperava por isso.

-Você não tem provas! - Ele me lançou um sorriso sarcástico.

-Eu não preciso de provas. - Berrei. - Eu vou acabar com sua raça.

Antes que eu pudesse pensar, bati a mão na mesa, derrubando tudo o que estava em cima dela. Ele tentou se proteger.

-Aish, você está louca? - Disse apontando para mim.

-Se estivesse louca não teria jogado o laptop. - Berrei. - Eu teria dado um soco na sua cara primeiro, seu babaca.

-Jiyoung, pare! - Um voz conhecida falou antes de eu partir para cima dele. Logo fui interrompida quando algo agarrou minha cintura, puxando-me para trás.

InterludeOnde histórias criam vida. Descubra agora