Capítulo 13

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Pov’ Flávia.

Eu estava na cama. Um flash dos últimos acontecimentos veio com força em minha mente. Guilherme ao meu lado, seus olhos atentos, preocupados.

- Você desmaiou, Flávia. Mas já está tudo bem. Sua pressão abaixou. Consegue levantar?- Ele perguntou, calmo. Eu não queria levantar. Por alguma razão , tudo o que eu queria era chorar. Com certeza, esse não era um dia normal. Eu não sou de chorar por qualquer coisa.

- Flávia, você consegue se levantar? Sente alguma dor?

- Para de falar.- Minha voz saiu num engasgo. – Eu estou bem fisicamente. Emocionalmente, não.

Ele abaixou o olhar rapidamente, em seguida, passou a mão sobre seus cabelos fartos. Um suspiro saiu de seus lábios. Como se estivesse cansado demais daquilo. Eu estava.

- Foram muitas emoções em um período curto de tempo.

- Claro.- Minha voz ainda mais embaçada. Minha visão também.

- Conversamos melhor amanhã.

- Achei que não quisesse mais isso. – Ele me olhou interrogativo- Conversar. Você parecia ter uma opinião formada sobre tudo o que aconteceu hoje. Pela forma que gritou comigo.

- Flávia, eu estava nervoso. Primeiro a foto, depois o vídeo, eu não soube como reagir. Foi instintivo.

- Foi a sua falta de confiança, Guilherme.- Me levantei, ficando sentada na cama. Ele estendeu a mão, na tentativa de me ajudar. Não que fosse preciso.

- O que você pensaria? Se fosse ao contrário, o que pensaria?

- O mesmo que você. Mas eu te daria o direito de se explicar.

- Eu te dei.

- Não, você não deu.- Dessa vez eu não contive as lágrimas.- Você simplesmente fingiu acreditar em mim. Veio o caminho todo sem me dirigir uma só palavra. Assim que chegou aqui, veio a sua mãe, e você simplesmente grita comigo, antes de eu te explicar sobre o vídeo.

- Eu estava nervoso. Droga! Te chamei para conversamos. Daí você e minha mãe travam uma briga...

- Sua mãe não me suporta, Guilherme. A cada três palavras, quatro são alfinetadas para mim. Isso é insuportável.

- Ela é difícil, eu sei..

- Ela é impossível, Guilherme.

Ele respirou fundo. Seus olhos caídos. Eu chorei ainda mais com isso. Meus hormônios não estavam cooperando em nada hoje. TPM, certeza...

- Você não acredita em mim. Não acredita sobre a foto, e sobre o vídeo...

- Sabe no que eu acredito, Flávia?- Sua voz mansa. Eu não respondi. Não reagi.- Acredito no amor demasiado grande que sinto por você, minha garota. – Sua mão veio de encontro ao meu rosto. Mais lágrimas..

- Eu acredito totalmente no que você disse.- Respirei aliviada, pela primeira vez, desde o momento em que vi aquela foto.- Acredito em tudo o que disse. Quando aol vídeo, não importa, não estávamos juntos, se por algum motivo aquele moleque teve acesso a ele, é porque você confiou nele. Eu confio em você. Nos seus sentimentos. Mas devo adiantar, que amanhã, resolvermos isso. Vamos tirar toda essa história a limpo.

- Gui...- Minha voz vacilou.

- Flávia, o vídeo não existe mais. Os responsáveis pagarão caro por terem feito isso com você. Postado sem sua autorização. Se em algum momento eu te machuquei, me desculpa meu amor. Se eu duvidei..- Eu seguia chorando, ainda mais. Ele chegou mais perto de mim.- Perdoa esse seu noivo tolo, cuja o maior medo que tem, é te perder. Foi por esse medo, meu amor, que eu agi daquela forma. Me desculpa?

Eu me joguei nos braços dele. Chorando demais para responder, aliviada demais por não precisar responder. Eu só queria seus braços, seu colo. Seu aconchego.

- Ninguém vai nos separar, meu amor. Nada vai nos separar. Nem minha mãe, nem Gabriel. Nem mesmo o tempo. Porque um dia você ousou olhar para mim, e eu não vou te perder de vista nunca mais. – Ele me abraçava forte, meu rosto enterrado no seu pescoço.

- Eu te amo, Gui. Eu te amo tanto. Duvide de qualquer coisa. Do tempo, da justiça , até da medicina se quiser.- Ele sorriu- Mas não divide nunca do meu amor por você.

Falei num sussurro. No tom que minha voz permitia. Meu coração batendo forte, acelerado. O seu, no mesmo ritmo que o meu.

- Você é minha vida, Flávia. Meu amor. Eu te amo, te amo além do que consigo explicar.– Ele beijou meu cabelo, apertou minha cintura , e eu abracei as dele com minhas pernas.- Fica tranquila, meu amor. Eu estou aqui, e vou te cuidar. Vou te amar.

- Eu sei que sim.

Falei levantando meu rosto. Nossos olhos se encontraram, nossas constelações brilhando, pelas lágrimas, pelo alívio. Ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás de minha orelha, sem desconectar seus olhos dos meus. Então, acariciou seu nariz no meu, nesse nosso gesto cotidiano. Nesse nosso gesto tão nosso.

E me beijou. Beijou meus lábios, cada parte de meu rosto. Toda a extensão de meu pescoço. Beijou cada parte do meu corpo. Que ardia, e queimava. E implorava por mais toque, mais beijos.

E ele me deu. Tudo. E meu corpo demonstrava tudo o que ele causava em mim. E meus lábios tentavam dizer, através dos gemidos, dos sussurros, choramingos e pedido por mais: Mais dele, mais forte, mais rápido., o quanto eu amava ser dele. Somente dele.

Ele me amou, eu o amei. Nos amamos, e não foi delicado, não foi lento. E depois de cair exausta no colchão, com seu corpo abraçando o meu, eu adormeci. Com uma enorme paz no meu interior agitado.


“ Você não me pega.”

Uma voz doce e meiga gritava.

“ Estou te alcançando, hein”

A menina pequena, de cabelos negros corria. Um grande laço roxo prendendo uma parte de seus cabelos lisos, seu corpinho pequeno se movia rápido, em um jardim lindo.

“ HÁ-HÁ”

Guilherme a pegou nos braços, e girou o corpo da pequenina. Não conseguia ver seu rosto. Ouvi sua gargalhada, gostosa. Seus braços abertos enquanto ele a rodopiava..

“ MAMÃE, O PAPAI ME PEGOU “

Uma vontade de chorar. Como se eu conhecesse essa voz doce. Ela me chamava, eu tinha certeza. Como se fosse possível, meus olhos foram até eles. Como se eu andasse. Na primeira pessoa, sob meus olhos. Eu estava indo de encontro a eles..

“ MAMÃE “

Sua gargalhada mais alta. Eu sorri também. Tudo claro. Tudo era Luz. Então eu a avistei. Sentada na poltrona, naquela varanda que eu não conhecia, ela. Linda como sempre, com um sorriso grande nos lábios. Um que eu nunca havia visto. Um sorriso terno.

Ela, a morte, sorria e acenava para mim.

Notas da Autora:

Espero que gostem! Boa leitura 💕
Beijos de luz 💕

Flagui: Love Of The GalaxyOnde histórias criam vida. Descubra agora