Capítulo 8

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Pov’Flávia

 

Despertei com alguns raios de sol que entravam pela cortina. Senti cheiro de café, pão quente, como se estivesse acabado de sair do forno. Abri os olhos lentamente, não acreditando que de fato, eu estava nesse quarto, nessa casa. Consegui ouvir a voz de Deusa, mesmo que a mesma estivesse distante. Ouvi também o barulho do chuveiro, me virei e notei que Guilherme não estava na cama.

Eu ainda usava sua blusa, que tinha seu cheiro, que estava grudado em minha pele. Espreguicei o corpo antes de me levantar, e ir em direção ao banheiro.

“ Você se lembra daquele dia, em Paris?”....

Escutei a voz de Guilherme assim que entrei no closet. Definitivamente ele é surpreendente, imaginei muitas coisas sobre ele, menos que falasse sozinho. Dei mais alguns passos no closet, indo rumo ao banheiro, e só então ouvi uma risada, que me parecia familiar. Não, não, isso devia ser coisa da minha cabeça..

 
“ Como me esqueceria? Nossa música!”.

 
Um frio percorreu minha espinha. Não podia ser. Eu quis parar, não queria seguir na direção que estava, mas algo me fez seguir, e assim que entrei no banheiro, me amaldiçoei mentalmente por ter entrado. Guilherme estava sorrindo, cabelos molhados, suas mãos pressionando firme a cintura bem desenhada da mulher de corpo moreno.

 
On me dit que nos vies ne valent pas grand-chose

Elles passent em um instant, comme fanent les roses

 
Ele sussurrou no ouvido da mulher de cabelos cacheados, que agarrava seu pescoço. Seus corpos colados, nus, embaixo do chuveiro. Ele guiava seus corpos, lentamente. Estavam dançando? Tinha um nó formado em minha garganta, e meus olhos estavam enchendo de lágrimas.

On me dit que le temps qui glisse est um salaud

Que, de nos chagrins, il s’em fait des manteaux

Dessa vez, Rose quem sussurrou. Porra! Eu não entendia uma só palavra. Que música era essa? O que estava acontecendo?

- Guilherme?- Eu o chamei. Ele abriu os olhos, olhou em minha direção, sorriu, depositou um beijo no pescoço de Rose, puxou seus cabelos, e seguiu.

 
Pourtant, quelqu’um m’a dit

Que tu m’aimais encore

C’est quelqu’um qui m’a dit

 
- Guilherme?- Eu quis muito gritar. Mas não tinha forças para isso. Minha mente não conseguia processar. Era coisa demais. O barco, o pedido de casamento, a boate, os tiros, ele me convidando para morar em sua casa, ele no chuveiro, começando a amar a Rose.

Eu tive vontade de correr. Tive vontade de parar de olhar, seus corpos juntos, as mãos ansiosas, os suspiros, eu chorava em um descontrole silencioso. Guilherme abriu os olhos novamente, me olhava... Mas não me via?

Que tu m’aimais encore

Serait-ce possible alors?

A música...

 
On dit que le destin se moque bien de nous

Qu’il ne nous donne rien et qu’il nous promet tout

Parait que le bonheur est à portée de main

Alors on tend la main et on se retrouve fou

Flagui: Love Of The GalaxyOnde histórias criam vida. Descubra agora