Capítulo 26

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Para uma melhor experiência, sugiro que escute a música, enquanto fazem a leitura 💕

( I'm Gonna Be- 500 Milles)

(FALTA 1 DIA)

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Foi depois de colocar Zoe no berço, e depositar um beijo na bochecha rosada e gordinha da filha, que Flávia foi para o quarto. Guilherme ainda não havia chegado da clínica, ele estava deixando tudo em ordem, para caso ele fosse o escolhido... Deus, só de pensar nisso, seu peito doía.

Verdade seja dita, que a quase um ano atrás, Flávia estava convicta de que ela, seria a escolhida para morrer. Ela até achava que merecia. Entre um jogador, uma empresária e um cardiologista, ela era a mais insignificante. Não se sentia ninguém. Entrava em uma roubada, enquanto ainda nem havia saído de outra. Sua vida era um caos completo. Mas agora... Agora é diferente. Flávia não queria morrer. Ela tinha uma carreira, estava finalmente realizando seu sonho de infância de ser cantora. Ela tinha fãs, tinha pessoas que cantavam a música da banda. Ela tinha encontrado sua mãe, e para completar, ainda ganhou uma irmã e uma avó. Céus, ela tem um esposo, tem um enteado que considera como sendo seu filho. Ela tem a sua filha. Sua filha. Tem uma gatinha exótica. Ela tem uma vida.


Mas Flávia também não queria que Neném morresse, tampouco sua mãe. Elas tinham se encontrado a tão pouco tempo. Pensar que poderia ser Guilherme, isso era demais para processar. Pensar que ele poderia deixá-la, deixar seus filhos, seus pacientes... Não é justo. Que droga! Isso não é justo. Mesmo se ela não morrer, ela perde. Ou uma mãe, ou um amigo, ou o marido. Algo ainda será arrancado dela, caso a vida não seja. Ao se sentar na cama, Flávia sente o peso do mundo sobre os ombros. E como pesa. Como cansa e dói. É tão desgastante pensar que, talvez nesse mesmo horário amanhã, ela não estará nesse quarto, ou conversando com Deusa enquanto espera Guilherme. Talvez amanhã, Zoe não sinta o calor dos seus braços, não a escute cantar “ Brilha  Estrelinha “ na hora de dormir. Talvez amanhã, ela não veja mais seu pai, não abrace mais sua mãe e sua irmã, não sinta a energia do público cantando junto com ela. Talvez amanhã, ela não sinta os lábios de Guilherme nos seus, não sinta seus braços envolvendo sua cintura de madrugada.

Talvez, talvez, talvez... A palavra que substituiu o “ E Se” na sua vida. Flávia se pergunta, como será o amanhã nesse mesmo horário. Quem estará sofrendo? Quem terá partido? Ela só não quer mais pensar, mas todas as coisas em sua mente se voltam para o dia de amanhã. Deus, como ela deseja poder prolongar as horas que ainda restam no hoje. Enquanto agarra um travesseiro, ela permite que o cansaço a vença, e tenta abafar o choro nas fronhas brancas. É como se um uma caixa pesada estivesse sido posta sobre sua caixa torácica. E a dor é excruciante. As lágrimas embaçam sua visão, o choro baixo faz com que seus pulmões trabalhem mais em busca de ar. Ela escuta quando a porta se abre. Flávia sabe que ele havia acabado de chegar, e então, chora mais. Guilherme se aconchega atrás dela, e a envolve em um abraço, enquanto ela tenta calar os soluços teimosos que escapam de sua boca pressionada no travesseiro. Ele não pergunta nada, e isso é bom.


 - Está mais calma?- Guilherme pergunta, enquanto acaricia seu braço, seus dedos subindo e descendo em um carinho suave.

- É bom te ter aqui. – Flávia se vira para encará-lo. Seus olhos encaram os dele por alguns segundos, antes de descer para seu rosto, em seguida para a camisa social branca, parando em suas pernas cobertas pela calça social azul. Seus olhos estão presos um no outro, novamente.- Eu estou com medo.


Flagui: Love Of The GalaxyOnde histórias criam vida. Descubra agora