Capítulo 24

86 7 27
                                    

Pov' Flávia

Enquanto vejo o sangue sujando o rosto de Guilherme, sinto as lágrimas e desespero se infiltrando em mim. Eu tento entender como que chegamos aqui.

A banda estava estourando, havíamos começado a fazer show em vários lugares nas últimas semanas. Especialmente na duas últimas. A festa surpresa do meu enteado foi perfeita. QMVM melhor tocou, e ele simplesmente amou. Guilherme entregou a chave de seu apartamento no mesmo dia.


Ele me contou na noite em que encontramos Fifi Feiurinha, sobre Tucão. Os seguranças voltaram a rondar ora ou outra a casa de meu pai e o colégio de Antônio. Eu raramente estava sozinha, a casa estava bem segura. O delgado Torres e sub delgado Prado, nos garantiram proteção. Essa última parte eu não posso levar em consideração, mas a intenção era boa. No entanto, aqui estamos. Dentro de um carro, com Tucão apontando uma arma para minha cabeça, e seu capanga, apontando uma arma contra o quadril de Guilherme, que dirige tentando manter a calma.



" Você me avisou que ele não era um fã" . A frase se repete em minha cabeça toda vez que olho para o homem careca que me abordou a pouco mais de um mês atrás. Que pressiona uma arma contra meu marido, e que acertou um soco em seu rosto. Meu Deus, eu devereia ter avisado Guilherme sobre ele. Sobre como foi estranha a forma como ele me parou.



- Por favor, tenha cuidado com isso. - Ele diz olhando pelo retrovisor.- Ela está grávida.



- Não sou cego, doutor. - Tucão diz enquanto direciona a arma para minha barriga. Eu estremeço imediatamente.- Mas não se preocupe, eu tenho uma certa tara em mulher grávida.- Ele sorri e eu sinto meu estômago revirar.- Você é um homem de sorte. Fode com a Pink, e ainda deixa uma sementinha dentro dela.- Seu capanga sorri. Asquerosos.



- Flávia Santana Monteiro Bragança. Esse é o nome dela.- Guilherme diz com os dentes cerrados. Vejo seus dedos ficarem brancos quando o homem ao seu lado diz: " Cale a porra da boca. Você perdeu a noção do perigo?".



Eu respiro com dificuldade, quando Tucão começa a passar a ponta da arma na extensão da minha barriga. Eu seguro o choro, olhando para o lado, para a estrada, vendo os carros passarem, em uma tentativa de não pensar muito sobre o que está acontecendo agora. Tentando ignorar a mão dele que sobe no interno de minha coxa.



- Quantos meses? - Pergunta desinteressadamente.



- 32 semanas.



- E eu lá sei quanto é 32 semanas ?! Perguntei os meses.



- Início do oitavo mês.- Falo com a voz embargada. Ele se aproxima mais, e cheira meu cabelo. Eu sinto uma angústia, e busco Guilherme com o olhar. Ele está com a mandíbula travada. Claramente, tentando se controlar. Seu olhar pelo retrovisor diz que devo fazer o mesmo. Mas eu não consigo. Não com a quantidade enorme de hormônios causados pela gravidez. Não com uma arma na minha barriga, uma mão subindo para o centro de minhas pernas e o hálito quente e nojento de Tufão no meu pescoço.



- Você cheira tão bem...- Ele está tentando provocar Guilherme. Sei disso pela maneira nojenta como ele diz. O homem careca sorri mais uma vez.- Ela é boa na cama, Doutor? - Guilherme não responde, e ele segue com as provocações.- Já me disseram que sim. Que com a Pink não tem frescura, que ela é...



- O que você quer, Tucão?- A voz de Guilherme soa estranha até para mim. É sombria e rouca. Eu sinto ódio da forma como Tucão se refere a mim. Uma grande e clara mentira. Como se alguma vez eu tivesse me deitado com alguns dos porcos conhecidos dele. Sei que Guilherme compartilha dos mesmos sentimentos que os meus.


Flagui: Love Of The GalaxyOnde histórias criam vida. Descubra agora