Capítulo 25

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Pov’Flávia

 

Flávia, você está bem meu amor? Está machucada?”





“ Que merda foi essa? Não sabe dirigir não?



A dor estava me cegando, me deixando dispersa. Guilherme está bem, eu também estou, tirando a dor de ter que parir. A pessoa que me disse, que a dor de dar a luz, é igual a uma cólica forte, não passa de uma grande mentirosa. Vejo Paula e Neném descendo do carro, que bateu no nosso. Eles conversam com Guilherme, que está agitado. Paula vêm correndo em minha direção.




- Flávia. Oh meu Deus, você está bem? – Suas mãos veem em minha direção, mas seu toque para no ar.



- Minha filha está nascendo.- Consigo dizer em meio ao choro.




- Ok, tudo bem. Vocês ficarão bem. O Guilherme é médico e vamos para o hospital e ele ....


- Está com a mão machucada. Paula, eu não consigo chegar até lá...



- Você consegue, você consegue tudo. Você só precisa...



- De você. Eu preciso de você, mãe. Me ajuda.



Eu já não chorava só pela dor. Era pelo alívio de ver minha mãe aqui, em minha frente. A voz de Guilherme e de Neném estavam abafadas demais para mim. Meus sentidos estavam nas mulheres mais importantes para mim. A minha mãe e minha filha-  que tinha que ficar bem- . Ela segurou minha mão, e eu me ajustei melhor no banco. Inferno, eu odeio Guilherme por me fazer passar por essa dor.



- Tudo bem filha. Eu estou aqui, e nós faremos isso juntas..



- Paula, como que você vai fazer isso? É parteira por acaso?- Ouço Guilherme perguntar. Ele está preocupado.



- Não sou parteira, mas já pari. Não sei se você sabe, mas ela é minha filha. – Oh meu Deus!



-Jura Paula? Jura ?



- Abaixa esse dedo. Abaixa essa sobrancelha,  para depois  falar comigo. Você que meteu bala na minha filha, e ago....




- Ei, ei, ei gente. O que é isso? Não é hora para isso!...- Neném continuou falando, fazendo sinal de tempo com as mãos. E isso foi tudo o que minha mente conseguiu gravar. Depois eu só conseguia sentir a dor, o calor sufocante, as vozes dos três misturadas. Ora ou outra, a movimentação de alguns carros, enquanto eu fazia força. Ótima hora para parir.




- Tem razão, eu não consigo. Não consigo, Guilherme..- A mão de Paula sai do meio das minhas pernas. Meu Deus, o Neném e o Guilherme estavam atrás de Paula. O NENÉM...



- Você consegue, Paula. É sua filha, é sua neta. Você pode.




- Elas precisam de você, Paula. Está indo tudo bem. A ambulância também já está vindo para cá.



Claro que eu nunca cogitei dar a luz dentro de um carro quebrado no meio de um túnel. Esse não era meu plano de parto. Na verdade, nem sei como isso está sendo possível, mas vejo Guilherme sair de onde estava, contornando o corpo da minha mãe.




- Não Guilherme, não saia. Segura minha mão, e fica comigo..- Meu desespero acaba quando vejo seu corpo ao meu lado, separado pelo banco do motorista. Ele segura minha mão.



Flagui: Love Of The GalaxyOnde histórias criam vida. Descubra agora