Capítulo 5

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Pov’ Flávia

Eu despertei, com os primeiros raios de sol que  começava a iluminar o céu. Um espetáculo.  Os braços de Guilherme estavam ao redor do meu corpo, seu calor me aquecia, e seu cheiro me invadia. Se não fosse as marcas em nossos corpos, eu poderia jurar que tudo fora um sonho. Aliás, quantas vezes eu o fantasiei, me beijando, dizendo que me amava, me tocando, não seria estranho se fosse sonho.

Mas nada, fazia justiça a tudo o que vivemos. Um “sonho” que vivi de olhos abertos, e meu corpo reagia apenas com as lembranças. Guilherme se mexeu, me apertando mais forte contra seu corpo. Eu não podia deixar de olhá-lo, admirada em como ele conseguia ficar ainda mais lindo enquanto dormia. Levei meu dedo indicador até seu rosto, o contornando por inteiro, decorando bem cada parte dele, cada pequeno detalhe. Toquei seus lábios com um pouco mais de delicadeza, contornado aquela parte fina e rosada. E pensar que a boca que já me lançou palavras tão dolorosas, que tanto me machucaram, me exploraram a poucas horas, me fizeram ver estrelas, disse que amava.

- Bom dia, meu amor..- Sua voz saiu baixa, quase um sussurro. Minha respiração se acelerou por alguns segundos, devido ao susto. Ele notou, e sorriu.

- Bom dia, doutor. Me diz- Ergui um pouco mais meu corpo,  e apoiei meu cotovelo sobre as almofadas, parte de meu rosto sobre minha mão.- Ah quanto tempo você estava fingindo dormir?

- Bom.- Ele disse abrindo os olhos pela primeira vez, me encarando.- Eu estava tentando me convencer de que tudo o que vivemos foi real, não um sonho. E no momento em que senti seu toque sobre meu rosto, eu confirmei isso. Quis aproveitar o carinho. E eu também sabia que você estava me admirando.

Falou num tom brincalhão.

- Mas você é muito convencido mesmo, né?- Perguntei o no mesmo tom.

- Minto?

- Não.- Eu disse sorrindo. – Estava sim, te admirando.

Guilherme se levantou, e se sentou, puxando meu corpo, para que eu fizesse o mesmo. Ele fez um carinho em meu rosto com o polegar, fechei meus olhos. O dia estava começando a ganhar cor. Por breve segundos, me lembrei do dia em que viramos a noite juntos, eu ainda como Pink, fazendo o Guilherme “dançar” comigo, ao nascer do sol. Aceitando ser apenas sua amiga, mesmo que aquilo me incomodasse, doesse, na verdade.

- Você é a mulher mais linda do mundo, Flávia.- Ele falou, e eu abri os olhos.- Você é maravilhosa. Não teria como eu não me apaixonar por você.

Eu sorri, segurei sua mão, e a levei até meus lábios, depositando um beijo demorado.

- Vamos continuar velejando?

- Claro que sim.- Ele disse como se fosse óbvio.- O destino é Paris, só temos que atravessar  todo o Oceano. – Ele disse num meio sorriso.

- Ah, Paris é logo ali.- Nós dois rimos.- Espero que você tenha trago mantimentos então. Porque eu estou morrendo de fome.

- Flávia.- Ele disse e se aproximou mais- Como cabe tanta comida dentro de um corpo tão pequeno? – Minha risada foi mais alta agora. – Eu pergunto sério.

- Não sei. O que sei, é que Paris vai ter que esperar. Vamos para superfície, porque você tem que me alimentar, doutor. Uma mulher com fome é um perigo.

Guilherme estava sorrindo, e concordou com a cabeça..

- Certo. Iremos para Paris na nossa lua de mel então. Talvez daqui uns dois meses, o que acha?- Ele disse calmo.

- Lua de mel, claro...- Eu encarei seus olhos, estavam brilhantes. Sua face iluminada pelos raios de sol, que deu um contraste ainda mais lindo para sua pele.- Gui...

- Como sou desatento, não é? – Guilherme falou como se estivesse se esquecido de algo muito, muito importante.- Eu não fiz o pedido. – Meus olhos se arregalaram. – Flávia, minha garota roubada, você aceita se casar comigo? Aceita compartilhar o tempo que temos juntos, da melhor maneira que pudermos?

- É claro que eu aceito, meu doutor das Galáxias. Eu quero tudo com você. Tudo Gui. – o Sol coloriu o céu, marcando sua presença e imponência. Todo o barco estava iluminado, assim como minha vida, como o sorriso nos lábios do homem da minha vida.

- Eu te amo, muito. – Ele disse, inclinando seu corpo para frente, ficando mais perto de mim. Meu peito já batia mais forte.

- Eu também te amo muito, Gui. E eu quero viver tudo o que poder ao seu lado, já que não sabemos o quanto de tempo ainda temos.- Disse com a voz embargada, pela alegria e pelo medo.

- Cada minuto conta. – Guilherme disse antes de me beijar. Era um beijo calmo, como se ele tentasse me tranquilizar, me fazer esquecer do prazo. Suas mãos estavam em minha cintura, e as minhas no seu pescoço. Parei o beijo, e encarei seu rosto, tão lindo.

- Vamos reviver tudo o que fizemos ontem, doutor.- Disse assim que me sentei em seu colo, me encaixando exatamente onde queria. Ele me sorriu malicioso.- Eu te disse que uma mulher com fome, é um perigo, não disse?- ele acenou com a cabeça, enquanto eu beijava seu pescoço.- E estou com muita fome.- Falei sobre sua pele, pude ouvir sua risada rouca. Guilherme enfiou uma das mãos em meu cabelo, e me puxou, para encara-lo, eu sorria, satisfeita, excitada antes mesmo de ser tocada.
Sua boca invadiu a minha, tirando de mim, a capacidade de raciocinar.

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- Eu já imagino a cara da sua mãe, quando souber que vamos nos casar.- Falei enquanto ajustava o cinto de segurança.

- Ela vai ter que aceitar. Nada e nem ninguém, vai separar a gente.- Guilherme disse e fez um carinho rápido em minha coxa. – Você vai ficar na Paula, mesmo?

- Sim, eu quero chama-la para ser nossa madrinha.

- Tudo bem, eu acho ótimo. Vou falar com Joana também.

Acenei positivamente. Nós começamos a falar sobre o casamento, sobre a cerimônia, sobre os convidados, e nesse momento, me tornei a mulher mais feliz do mundo. Eu poderia imaginar absolutamente tudo sobre o que falávamos. Devo admitir que antes mesmo de descer do carro, no momento em que beijei Guilherme para me despedir, já estava sentindo saudades. Ele me chamou antes de eu chegar na portaria do prédio. Me virei.

“ TE AMO”
“ EU TAMBÉM TE AMO”

Respondi sorrindo.

- Oi Flávia.- Tuninha me atendeu, sorrindo como sempre.

- Oi Tuninha.- Disse enquanto a abraçava. – A Paula está?

Perguntei enquanto me dirigia para a sala. Antes que ela pudesse me responder, ouvi o barulho de saltos sobre o piso.

- Garota... O que você faz aqui?

- Bom dia para você também..

- Vem.- Ela disse fazendo sinal para que eu a seguisse até a sala de jantar.

- Tenho uma coisa para te falar.- Falei enquanto pegava um morango, dando uma mordida generosa.

- Você tá encrencada de novo?

- Nossa Paula, não.. Eu quero te fazer um convite, na verdade. – Mordi outro morango. É Guilherme tinha razão, não sei como eu conseguir comer tanto. Não tinha nem uma hora que eu havia tomado café da manhã com ele, em uma lanchonete chique demais para ser lanchonete.

- Diz logo garota.- Ela disse estalando os dedos, aparentemente, ansiosa.
- Eu quero te convidar para ser a madrinha do meu Casamento.

Ela enganou.

- Paula, você está bem?

- Pera aí...- Ela disse batendo sobre o peito, na tentativa de desengasgar. – Você, a garota, e...

- O Doutor das Galáxias.

- Eu não acredito. Você conseguiu mesmo, hein....- Ela disse e eu sorri.

– Parabéns, eu fico feliz por vocês. Ao menos alguém está aí lado de quem ama.

- Você e o Neném.. 

- Não, nem fale disso agora. - Falou gesticulando com uma das mãos.

- Ok.. Então, você aceita? – Perguntei em expectativa.

- É claro que eu aceito, garota.

Fui em sua direção e abracei. Ela ao seu modo, retribuiu.

- Obrigada.- Eu disse baixo.- Você é muito especial para mim. O mais próximo que já tive de uma mãe..

Ela não disse nada, eu não esperava que dissesse. Só pude agradecer internamente por ter Paula Terrare ao meu lado, em minha vida. Mesmo que não fosse ela a minha mãe, eu ainda estava feliz por ser ela, minha madrinha.



Boa leitura!











Flagui: Love Of The GalaxyOnde histórias criam vida. Descubra agora