Flagui: Love Of The Galaxy

Capítulo 20

⚠️ ATENÇÃO ⚠️

Caro leitor, esse capítulo contém descrições explícitas de uma crise de ansiedade. Se você for uma pessoa sensível ao assunto, sugiro que não leia. E se você, é uma pessoa que sofre de ansiedade, busque ajude, procure tratamento,  é um assunto sério, que merece atenção.❤️

( Para uma melhor experiência, sugiro que leiam escutando a música acima)

***

Eu não consegui entender bem as primeiras palavras que saíram da boca de Paula, após ela declarar ser minha mãe. Foquei meus olhos para a parede, atrás dela, em uma tentativa- falha- de esquecer o nó que havia se instalado no meu estômago, e a vontade forte de vomitar, que veio logo em seguida.

- Flávia, eu ia te contar. Eu juro que ia. Só não era o momento certo. – Minhas mãos começaram a soar, e instintivamente as limpei na minha calça rosa, segurando firme o tecido mole da roupa. – Eu fiquei com medo, e esse medo se intensificou filha, quando eu soube que você estava grávida.

“ Paula, dê um momento a ela.”

A voz de Guilherme soou baixo para mim, eu ainda seguia olhando para a parede verde do apartamento. Minha visão embaçada. Senti a ponta dos meus dedos formigarem, e uma dormência subiu por meus braços.

“ Filha, eu ia te contar. Eu só precisava te preparar para isso.”

“ O que está acontecendo aqui?”

Ingrid perguntou. Ao menos parece ser a voz dela. Está distante para eu entender bem.

“ Paula, você contou a ela, filha?”

Tuninha?

“ A Flávia precisa de um momento. Ela tem que processar....”

Eu já não ouvia muito bem. As vozes estavam se misturando, distantes demais. Embora eu saiba, que todos estão muito perto, porque o ar ficou subitamente, escasso. Meus batimentos começaram a acelerar desconfortavelmente, e ao mesmo tempo, um aperto se formava em meu peito.

“ Flávia...”

Minhas pernas falham, e espasmos se espalham por todo o meu corpo. Essas contrações fazem com que eu sinta que vou cair, e um medo cresce dentro de mim, porque eu não consigo ver nada em que possa me agarrar. O ar entra com dificuldade nos meus pulmões. Por que está tão quente aqui? Por que é tão apertado?. De repente, minha blusa preta e calça folgada rosa, se apertam desagradavelmente em minha pele. Eu sinto tremores, calafrios, e sinto que estou perdendo o autocontrole. Uma sensação estranha de sufocamento faz com que um soluço escape de mim.

Por que eu estou tão sozinha?. Eu sinto medo, e já não consigo ver bem. Droga, é tão apertado aqui. Não consigo respirar. Eu não consigo respirar. Eu quero gritar isso, mas não consigo. Eu estou morrendo. Que medo horrível é esse que cresce? Por que ninguém aparece para me ajudar? . Eu ouço alguém gritar. Alguém grita muito alto. Eu sinto que alguém segura meu corpo. Mas isso faz meu medo se alastrar, porque o toque intensifica a falta de ar. Eu não respiro bem. Os braços ao meu redor são fortes, um abraço apertado que pressiona meu tórax.

“ Me solta. Tira suas mãos de mim. Por que está tentando me sufocar?”

Essa voz novamente. A mesma do grito. Eu reconheço essa voz? Soa familiar.