Capítulo 19

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Pov’’FLÁVIA

- Do que você me chamou?- Perguntei, me afastando, sem realmente querer, do seu abraço.

- Eu...- Ela suspirou fundo.- Ai garota, eu estou emotiva ultimamente, só isso. Foi só... Eu te chamei assim, porque na verdade...- Paula abaixou os olhos.

- Paula, o que está acontecendo? – Minha voz ainda está muito embargada, e eu inalo profundamente pelo nariz.

- Flávia, é que é tão complicado. Mas olha- Ela faz uma pausa – Eu não quero falar de nada agora, que não seja sobre você. Como está sendo o início da gravidez? – Senti que ela estava desviando de algo, mas expliquei.

- Bom, meus seios incomodam um pouco e eu sinto bastante enjoo. Fora isso, está tudo bem.- Ela acena positivamente com a cabeça, e começa a falar sobre sua experiência. Como foi gestar Ingrid. Após um tempo, entro em um assunto que sei que ela vai gostar.

- Eu tive uma ideia, para a Terrare. – Ela gesticula com as mãos para que eu continue. Eu me inclino no sofá, e ela se abaixa na minha frente.- Por que você não faz uma campanha com a Ingrid? Mãe e filha. Um produto que sirva para ambas. O que você acha?

Os olhos de Paula ganham um brilho, e o sorriso em seus lábios é largo.

- Garota, garota...- As mãos no ar gesticulando ansiosamente.- Essa ideia é incrível, uma ideia digna da fil...- Arqueio uma sobrancelha.- Digna. Eu quero que você faça parte disso. Quero que pouse comigo e Ingrid.

- Paula, eu não sou sua filha.

- É como se fosse. – Eu quero chorar novamente. Desse vez, de emoção.- E bom, você também está grávida. Você já é mãe. Você está dentro disso, a ideia foi sua, e NÃO, não é uma opção para você.

**

Eu já estava no quinto mês de gestação. Minha barriga estava bem mais visível agora. Os enjôos já haviam passado, e em compensação, a fome e desejos estranhos estavam cada vez mais presentes. A banda estava decolando, em uma semana, nos apresentaremos no Caldeirão do Huck.

Meu vínculo com Antônio havia se reforçado muito nos últimos meses. A padaria Quën Quën estava indo bem, meu pai estava enfim, trabalhando com algo que gostava. Guilherme abriu uma ala para crianças carentes, que eu faço questão de ir, sempre que possível. Não foi uma surpresa para mim, quando a ultrassom revelou que carrego uma menininha no ventre. Dando uma última conferida no espelho, notei como meus cabelos estavam maiores e mais cheios, mais brilhosos. Acabei ganhando algumas pintas no rosto, devido a gravidez.

Antes de pegar minha bolsa, ouvi uma batida na porta, que deduzi ser de minha  amiga.

- Pode entrar, Deusa.

- Deusa está preparando seu lanche, do cardápio que Guilherme passou. Mas creio que ela está desperdiçando tempo. Você só come porcarias.

- Eu não me lembro de ter pedido sua opinião, Celina. – Um suspiro cansado saiu de meus lábios.

- Mas eu só estou falando para o seu bem, querida. Você não precisa ficar sempre na defensiva, Flávia.

- Com você eu preciso. Você não perde uma única oportunidade em me irritar, em me alfinetar. Sabe, eu juro que não entendo de onde vêm tanta raiva assim. Tudo bem que eu não sou o que você desejava para seu filho, mas você vê que eu faço bem para ele.

- Eu não vejo isso. Tudo o que vejo quando olho para você, é uma cantora de quinta, abusada e invasiva. Que além de tudo, ainda fora dançarina de “Pou-Dance”.

Flagui: Love Of The GalaxyOnde histórias criam vida. Descubra agora