CAPÍTULO 3

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Pov’ Guilherme

Eu estava esperando Flávia no nosso tão conhecido Restaurante Chique. Faltava pouco para sete horas quando ela chegou.
Um vestido preto justo, que ia um pouco acima do joelho, as alças finas uma jaqueta da mesma cor, sua meia arrastão e uma bota preta. O delineado, dessa vez não azul, mas rosa, os lábios pintados num vermelho perfeito, a gargantilha dourada. Flávia é a definição de perfeição. Ela sorriu assim que me viu, e eu fiz o mesmo.
- Você está lindíssima, Flávia. Lindíssima.- Disse apenas a verdade. Ela inclinou o pescoço para o lado, e me deu um meio sorriso. Muito parecido com o que ela me deu na clínica, quando estava internada após a cirurgia. Dia em que ela me perguntou se eu não a achava gata, já sabendo da resposta.
- Digo o mesmo, Doutor. – Ela parou por um segundo.- O restaurante Chique.
- Boa noite! O que o casal deseja?- Flávia me olhou como se esperasse que eu fosse o primeiro a pedir.
- Bom, nos traga o melhor vinho da casa, por favor!
- O melhor da casa?- O garçom já conhecido por mim e por Flávia indagou, e eu acenei.- Mas vocês não são o casal de caloteiros?
Flávia soltou um sorriso e eu tive que me controlar muito para não fazer o mesmo.
- Meu caro, não se preocupe com isso. Irei pagar tudo hoje.- Ele acenou com a cabeça, mas eu sabia que ele não tinha acreditado.- Bom, de entrada, eu vou querer Berinjela com molho tahine, e o prato principal, Risoto com Queijo Brie.
- E a Senhorita?- Flávia olhou o cardápio mais uma vez.
- De entrada quero o mesmo que ele. Já o prato principal, Escondidinho de Camarão.- Ela me lançou um sorriso.- Ah, e a sobremesa, um Tiramisú.
- Excelente escolha.- O garçom disse antes de sair. Flávia tinha um quase sorriso no rosto.
- O que foi?
- Ele deve estar morrendo de medo da gente sair daqui e dá mais um calote.- Ela já sorria, e eu acompanhei.- Só o vinho que você pediu paga o salário de muita gente.
Eu lancei um sorriso para ela.
- Mas então, doutor, o que te induziu a me convidar para jantar?
- Bom, você ama comer, está sempre com fome, então achei uma boa alternativa.- Ela lançou a cabeça para traz sorrindo. – Mas não é só isso.
- O que é então?- Flávia perguntou arqueando uma sobrancelha.
- Hoje é um dia especial. – Ela me olhava em confusão.- Meu amor.- Coloquei minha mão sobre a sua, tendo nosso primeiro contato essa noite – Só de estar com você, é um dia especial. Você é especial, Flávia. E desde que você chegou em minha vida, de uma forma meio estranha, vamos admitir, tudo ganhou mais cor, mais vida.
Ela estava parada, com os olhos levemente marejados.
- Eu sabia que você estava se ligando em mim, Doutor.
- Estou totalmente ligado a você.
- Isso me agrada muito.- Ela disse enquanto passava um dos pés sobre minha perna, por baixo da mesa. Esse simples ato foi capaz de me estremecer. Flávia tinha esse poder sobre mim, não precisava de muito para me elevar.
O tempo com ela passava rápido e leve. Conversamos sobre tantas coisas aleatórias, e a forma como nosso diálogo flui, é quase que mágica. Flávia me contava mais sobre sua infância e em como não conseguia acreditar que eu havia crescido em um Club. Os pratos estavam ótimos, e ela estava na sobremesa, quando me pegou analisando seu rosto.
- O que foi? Sujei meu rosto?- Perguntou já levando a mão ao lado da boca.
- Não, não. – Me adiantei.- Só estava te admirando. Você é a mulher mais linda desse mundo.
- Você é a coisa mais linda desse mundo.- Ela disse meiga, uma graça, para logo em seguida levar mais um pouco de sua sobremesa a boca.
- Meu amor, vou pedir a conta e vou ao banheiro, rapidinho, tá ?- Ela acenou, e assim o “fiz”.
Notei que Flávia já estava um pouco inquieta no seu acento. O garçom ao lado, esperando. Ela disse algo para ele e então ele se retirou. Era o momento exato.
“ Gui, cadê você?”
“ Ué, estou te esperando aqui fora.” – Ela arregalou os olhos do outro lado da tela, e eu sorri.
“ Que brincadeira é essa, Guilherme? Você tem que pagar a conta.”
“ Eu não, já estou aqui fora “
“ Então quem vai pagar? Porque eu não tenho direito para pagar a água que pedi para tirar o garçom em cima de mim, enquanto te esperava.”
“ Aproveita a brecha meu amor. Você é a Pink.”
Eu desliguei e observei de longe Flávia se levantar disfarçadamente, pegando a bolsa preta lentamente. Ela estava vindo em passos lentos e largos. Mas isso mudou no instante em que o garçom veio atrás dela, correndo e derramando a água da taça no chão.
A puxei pelo braço, e corremos juntos, fugindo de dois seguranças e um garçom nervoso. Entramos no carro, e assim que arranquei com o carro, começamos a sorrir juntos. Ela tinha a cabaça encostada no banco, seus olhos no teto, e a respiração levemente acelerada.
- Duvida que dá próxima vez que viermos aqui eles nos barram?
- Não tenho dúvidas. Bom.- Falei e então coloquei a mão sobre sua perna, sentindo alguma pontos separados de sua pele, por conta da meia. – Vamos para outro lugar agora.
- Qual lugar?
- Surpresa.
- O Doutor está cheio de surpresas hoje, não é mesmo?- Ela perguntou e eu afirmei, apertando sua coxa, sentido ela pressionar levemente uma perna contra a outra, e isso me desencadeou muitas imaginações.
O caminho foi quase todo silencioso, mas era um silêncio confortável. Assim que parei o carro Flávia olhou em volta, sua feição denunciando surpresa e confusão.
- O que estamos fazendo aqui, no meio de tantos, “barcos”?
- Essa é a surpresa.- Disse assim que fiz a volta no carro e fui sem sua direção. Estendi a mão para ela, e Flávia segurou, a mãos pequena e quente, entrelaçando os dedos com os meus. Seguimos em silêncio, tudo o que se ouvia era o barulho do mar e nossos passos sobre a superfície de madeira. Ela ainda estava intrigada, olhando para tudo o que conseguia. Mas sua atenção se voltou para um barco mais distante, e mais iluminado.
- Estamos indo agora meu amor, para um cantinho só nosso.- Falei enquanto nos aproximávamos mais.- Aqui nós vamos velejar pelo mundo.- Disse, ela com um quase sorriso no rosto, entendendo tudo.- Flávia, meu amor, seja bem vinda ao Pink.
Seu sorriso ganhou forma de vez no momento em que seus olhos viram a palavra bem grande em um tom rosa forte. Ela se virou para mim, com o sorriso mais lindo do mundo, e se a Morte me levasse agora eu iria feliz, só por vê-la assim.
- Eu não estou acreditando.- Ela disse se lançando em meus braços, envolvendo meu pescoço em um abraço.- Eu amei Gui, amei.- Eu a abraçava forte, sentido seu perfume, o cheiro que vinha de seus cabelos.
- Vamos conhecer o Pink?- Perguntei assim que me separei dela.
- Vamos.- Ela pegou em minha mão mais uma vez. Enquanto Flávia tirava sua bota, eu liguei o barco, nos levando para um pouco mais distante da superfície. Após um tempo velejando ela saiu da cabine e foi para o convés do barco, minutos depois, fiz o mesmo, parando o barco.
Segui em passos lentos até Flávia. Podia sentir um pouco do gelado do chão do barco. A meia não amenizava tudo. Flávia abraçava o próprio corpo, os olhos vidrados no horizonte, os cabelos esvoaçantes e seu cheiro maravilhoso, tão único, vindo em minha direção como a brisa do vento quase frio do Rio de Janeiro.
Tudo ficando tão distante, o barulho da Cidade Maravilhosa, tudo tão distante, os problemas, as dores, as outras pessoas, a Morte. Tudo tão longe do fim.
- Acho que nunca vi o céu tão estrelado assim, sabia?- Disse enquanto eu a envolvia por traz, em um abraço.
- Essa noite foi incrível Gui.
- Incrível.- Afirmei antes de jogar seu cabelo para um único lado, ela inclinou mais o pescoço, me oferecendo mais espaço. Então comecei depositando beijos em sua pele, sentindo vez ou outra, o gélido do seu colar sobre minha língua, seu cheiro invadindo minhas narinas, o desejo invadindo meu corpo. Flávia arfou baixo, pressionando minha mão sobre sua cintura.
Ela jogou a cabeça em meu peito, acariciou meu rosto da maneira que conseguia estando com as costas grudadas em meu abdômen, e então enfim se virou para mim, seus olhos, pura constelação.
Nos encaramos por alguns segundos, antes dela acabar com qualquer distância entre nós. Seus lábios tomaram os meus, um beijo intenso, que fez minha virilha queimar. As mãos passeando entre meus cabelos, descendo para minha nuca. Eu pressionava sua cintura, louco por ela, minha Flávia.
Nos afastamos por falta de ar, mas seguimos grudados, testa com testa, seus lábios pequenos e macios sobre os meus, falando em um quase sussurro, me levando a um nível mais alto de desejo.
- Você sabe como ela pode ficar ainda mais incrível, não sabe Doutor das Galáxias ?- A mão em meu rosto, acariciando o local.
Uma corrente de eletricidade percorreu meu corpo e envolveu nós dois.
- Eu quero te fazer ver estrelas, Flávia. – Ela sorriu, satisfeita e maliciosa, e eu acompanhei. Internamente dei a ela minha palavra, e eu sempre cumpro minhas palavras.

Notas da autora:
Como citei anteriormente, eu fiz essa fanfic a um certo tempo. Mas desde que decidi postar, modifiquei quase tudo. A primeira vez Flagui era diferente, mas então decidi mudar, para acompanhar mais um pouco a realidade da novela. Próximo capítulo temos mais de Flagui no barco Pink.
Beijos💖💕








Flagui: Love Of The GalaxyOnde histórias criam vida. Descubra agora