33│ᴀ ᴍᴀʟᴅɪᴄᴀᴏ ᴅᴀ ғᴀᴍɪʟɪᴀ ᴍɪʟʟᴇʀ ᴘᴛ2

194 13 3
                                    

parte dois


SARAH

MINHA VIDA NUNCA FOI fácil. Geralmente, quando escutam isso me acham vitimista, pois uma garota branca e rica não deveria ter problemas, mas infelizmente eu tenho e eles convivem comigo desde o meu primeiro dia de vida.

Talvez eu tenha feito algo de errado e estou pagando por isso.

O pivô de todos os meus problemas sempre foi o meu pai, que por trás daquela imagem de empresário rico e gente boa, estava um homem maldito e sem amor. Na verdade, ele nunca foi uma boa pessoa, mas eu era uma criança e confiava nas histórias da minha mãe.

O meu refúgio em meio às crises de ansiedade é um cigarro, sei que sou muito nova para fumar, mas eu não tive outra escolha e era isso que eu fazia enquanto esperava por Briam: fumava até esquecer os pensamentos ruins. O clima de repente mudou, o céu que era limpo e claro se transformou num tempo frio e nublado.

— Sarah? — Um garoto tocou levemente meu ombro direito, eu estava de cabeça baixa então não o vi chegar.

Quando olhei para cima, vi Romeo sorrindo para mim. Meu Mundo caiu ali mesmo, subitamente várias memórias da minha infância vieram à tona, eu não havia conversado com meu pai e sim, com meu irmão.

Eu literalmente larguei tudo para trás e comecei a correr, deixei meus passos aumentarem o quanto eles quisessem a única coisa que eu queria naquele momento era fugir dali. Jamais imaginei me encontrar com meu irmão dessa maneira tão repentina, espero nunca mais vê-lo e tomara que ele me esqueça.

— Sarah, deixa eu conversar contigo! — Parei bruscamente em um cruzamento movimentado, Romeo corria atrás de mim e para piorar ainda mais a minha situação, havia começado a chover.

De repente, fiquei girando sem sair do lugar naquela avenida cheia, completamente ensopada, procurando algo que me fizesse sair dali o mais rápido possível. Mas, eu não podia invalidar a curiosidade que eu tinha, meu irmão queria conversar comigo, ele deve estar morrendo de raiva querendo que eu pague pelos erros da nossa família.

Minhas pernas estavam tremendo e eu tinha certeza que o causador daquilo não era o frio, mas eu até queria que fosse.

Eu fiquei sentada no banco do ponto de ônibus e me envolvi com meus próprios braços. Não posso negar que a minha vontade de chorar ali era incontrolável, em toda minha vida eu nunca havia sentido uma tristeza tão profunda como agora.

— Sarah! — Olhei para o lado e avistei Romeo correndo na chuva, na minha direção, eu pensei em sair correndo de novo, mas sua expressão era diferente — Não vai embora, por favor! Me espera!

Ele queria falar (e não brigar) comigo.

— Ainda bem que você não saiu correndo — arrumou o cabelo com a mão, tirando o excesso de água — Eu não iria aguentar correr mais nessa chuva — riu.

— Desculpa, eu...

— Ficou sem reação? — Assenti, sem reação — Imaginei. Posso me sentar com você?

Confirmei com a cabeça. Romeo parecia ser diferente do meu pai, ou o pai dele... Nosso pai.

— Primeiramente, eu quero dizer que te entendo, eu também teria a mesma reação que você, até porque eu cheguei de uma forma muito repentina...

— Obrigada por entender, mas eu preciso te pedir desculpas, até porque aquela minha atitude foi mal pensada e infantil!

— Não me venha com essa! O infantil aqui foi eu, eu fingi ser meu pai pra conversar com você e, enfim, descobrir as coisas da minha família.

School Of DemonsOnde histórias criam vida. Descubra agora