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ROMEO
POR QUE EU sou tão burro?
Os últimos acontecimentos não me deixaram pensar sobre o quanto eu estava sendo estúpido, caso meu pai esteja realmente traindo a minha mãe não é meu dever bancar o detetive, ela que deveria estar fazendo isso. A partir de hoje serei um novo cara, vou voltar a frequentar as festas em que sou convidado e conhecer garotas novas.
— Merda! — Ou nem tão novas assim.
Ingrid reclamava dos livros jogados no chão, não havia ninguém ao lado dela então eu fui ajudar. Me aproximei sem pressa pois percebi a fúria que aquele corpinho carregava, ela estava com uma respiração forte e nada simpática. Agachei-me pegando apenas dois livros e rapidamente os entreguei.
— Toma cuidado da próxima vez — Fui completamente ignorado — Um agradecimento seria bom...
— Obrigada — Fechou o armário e passou por mim sem olhar.
— Ei — Fui atrás, ficamos lado a lado — Pode me dizer o motivo desse estresse?
Balançou a cabeça de forma negativa.
— É que eu queria saber se você soube da briga — Ela parou com a mesma expressão de antes, parecia que estava sendo obrigada — A Giovanna está envolvida.
— Fala logo, Romeo, não tenho tempo pra brincadeirinhas idiotas!
Eu não respondi de imediato porque estava ocupado demais prestando atenção no comportamento ansioso dela, suas mãos eram pálidas e provavelmente geladas e tentavam se agarrar ao máximo nos livros para não ficarem tremendo constantemente.
— Você tá bem? — Fui ignorado novamente mas, dessa vez, o silêncio veio carregado de tensão, aqueles olhos verdes marejados me deixaram comovido — Vai estudar muito quando chegar em casa, né?
Respondeu que sim.
— Porém hoje não porque vamos sair para o cinema — Franziu o cenho — Eu vejo o quanto se sente sobrecarregada com aquele diretor chato pegando no seu pé por causa das redações mal escritas — Girou a cabeça em tom de estranhamento — Sim, você escreve mal contudo, isso não é motivo para se trancar num quarto enfiando a cara nos livros.
— E o que você sugere que eu faça? — Sua voz estava trêmula, embargada.
— Vista uma roupa que goste porque hoje você esquece a escola por, pelo menos, uma hora — Meus olhos acompanharam aquela boca, tão delicada mas tão convidativa ao mesmo tempo — O que acha?
Ingrid olhou para baixo durante segundos, mostrou agrado, no entanto, permanecia com o mesmo olhar triste e eu estava disposto a acabar com isso.
— Acho legal — Tentava a todo instante não manter contato visual — Por que tá fazendo isso? Eu sempre te tratei de forma rude.
— Apesar de você ser desse jeito, meio grosseira — Soltei um riso abafado enquanto terminava a última palavra — Eu sei que você não é assim.
— Obrigada — Exibiu apenas os dentes de cima — E você vai na festa do Patrick Waite? Ele disse que convidou a escola toda.
Rapidamente lembrei do que Luke me falou, eu não sinto ciúmes da Ingrid até porque nunca tivemos nada mas, é estranho pensar que tratam ela como um troféu e quem conseguir beijá-la primeiro ganha.
— Ele falou com você? — Assentiu — Pessoalmente? — Assentiu de novo — Olha, não dá tanta abertura porque, ouvi comentários, de que ele sente atração por você.
— E o que tem de mal nisso?
Levantou os ombros uma única vez, mostrando que não se interessava.
— Não é aquele tipo de atração boa, ele acha que vai te conseguir a todo custo, os meninos da escola enxergam as meninas como uma espécie de prêmio e a maioria cai na lábia e eu te vejo diferente delas, sei que não vai ser fácil pra ele.
— Obrigada por avisar — Sorriu mais uma vez — E que horas vamos ao cinema? Pode ser a noite?
— Pode sim mas, algum motivo especial?
— Não, é que minha mãe vai à academia no período da tarde e eu acabo ficando sozinha, gosto de fazer alguma coisa — Corou, talvez tenha sentido vergonha do que disse.
— Só espero que guarde os livros um pouco e gaste tempo com você mesma ou com as pessoas que gosta.
— Mas, eu vou gastar tempo com pessoas que eu gosto — Deu de ombros — A noite.
Andou lentamente chegando até o fim do pátio e com um aceno se despediu de mim, ela ficou tão bonita naquele ângulo, as pequenas ondulações no fim do cabelo e a curta linha tornando-se um sorriso envergonhado depois, me fizeram paralisar no tempo por alguns minutos.
➝➝
— Bom dia Senhor Romeo — Lúcia, uma das mulheres que trabalham aqui, me esperava na sala — Sua mãe e seu pai tiveram que viajar de última hora, passarão duas noites fora e pediram que o Senhor não fizesse bagunça.
Fechei a porta e joguei a chave sobre a mesa de canto.
— Okay — Demonstrei concordância — Já disse que não precisa me chamar de Senhor, eu sou um adolescente e não um dono de empresa — Rimos.
— Sim, eu sei — Entrelaçou as duas mãos e as colocou em frente ao corpo — Porém, seu pai pediu que nós empregamos mantenhamos a formalidade diante dos patrões e como você é herdeiro disso tudo, precisamos obedecê-lo.
— Perto dele ninguém precisa.
Eu estava me aproximando da escada quando pensei em uma boa forma de conseguir pistas, mesmo não querendo agir como um agente policial, eu quero saber o que acontece dentro da minha própria casa.
— Lúcia — Ela se virou — Como anda meu pai ultimamente? Ele continua se esquivando da minha mãe e colado com aquele notebook pra cima e pra baixo?
— Infelizmente eu não posso dizer, querido — Ela sempre me tratou com muito carinho, trabalhou como minha babá desde os meus dois anos de idade — Mas sugiro que dê uma olhada no quarto dele, Briam esconde tantas coisas naquele lugar que nem mesmo eu posso entrar para arrumar, vou terminar de regar as plantas no jardim.
Entrou em uma passagem que dava entrada a área da piscina, normalmente Lúcia era bem discreta e só falava quando era solicitada e por esse motivo estranhei a atitude, apesar disso, escutei o conselho.
Não era muito diferente, havia uma cama no centro, uma poltrona perto das compridas cortinas blackout e duas janelas que vinham do chão até o teto mostrando o topo da imensa árvore que tem no jardim. Meu objetivo não era esse. Meus pais são muitos vaidosos e não é atoa que o closet é cheio de coisas principalmente gavetas, e foram nessas mesmas gavetas que eu procurei uma coisa útil.
Gravatas. Cuecas. Meias. Um celular que claramente não é de uso diário. Eu sei que isso não é certo e que mesmo tendo senhas impedindo minha entrada, a curiosidade falou mais alto, assim que o liguei uma mensagem chegou, cujo meu pai salvou com nome de "Jack" e esse tal Jack dizia que uma garota chamada Sarah perguntou de mim novamente, segundos depois mais uma mensagem informando que alguém não estaria aguentando tanto segredo.
Quais segredos?
Quem é Jack e Sarah?
E por que meu pai guarda esse número com tanta segurança?
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tchau tchau leitores
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School Of Demons
FanficExistem palavras de baixo calão, hot e gatilhos!! 𝑺𝒄𝒉𝒐𝒐𝒍 𝒐𝒇 𝒅𝒆𝒎𝒐𝒏𝒔| Cada um ali tinha um problema para lidar, e talvez as soluções sejam beber até ficar tonto, fumar até a boca ficar seca e chegar em casa chapado sem conseguir abrir a...