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LUKE
A NOITE PASSADA foi intensa e eu não consegui pregar o olho, mas, estou sobrevivendo. Eu não vi a hora que meu pai chegou, mas sei que já era bem tarde, acabei me acostumando com um abismo entre pai e filho, o que geralmente me ajuda é um cigarro ou uma festa.
Estava terminando de me arrumar quando ele apareceu no meu quarto, completamente sorridente e animado, coisa que de longe eu não transparecia.
— O motorista está lavando o carro ainda, temos um tempinho para conversar, podemos?
— Você já tá aqui — Vesti a camisa branca de botões sem manter contato visual.
Mas meu pai como sempre gosta de insistir, sentou na minha cama e ficou me olhando com aquele olhar orgulhoso que claramente não era verdadeiro, nenhum pai sente orgulho de um filho que fuma.
— Vamos hospedar sua tia Sabrina por um tempo, ela quer morar em um lugar diferente mas ainda precisa de conforto — Ele ficou olhando para o meu quarto como se quisesse algo — Quero que seja educado com ela!
— Você tem que dizer isso pra Morgan e não pra mim, ela que anda revoltada com a vida...
— Como assim?
É impressionante como o meu pai não realiza o trabalho direito, ele tem duas responsabilidades na vida e prefere ignorar tudo isso e só trabalhar. Não vou dedurar a minha irmã, nossa relação já está péssima e eu não quero piorar ainda mais.
— Pergunta pra ela — Entrei no banheiro para pegar meu desodorante mas não tive nenhum tipo de privacidade.
— Olha Luke, eu sei que nos últimos meses eu tenho sido um pai distante e mais calado que o normal mas, tente entender que as coisas não são fáceis — Passei por ele voltando para o quarto — Sua mãe foi embora num momento de vulnerabilidade minha então, eu fiquei perdido como qualquer outra pessoa ficaria.
Eu já estava cansado desse papo medíocre e mentiroso, só queria procurar meu sapato em paz e não ficar ouvindo satisfações, uma hora nosso pavio explode e o meu nunca foi longo.
— Pai, eu não tô cobrando nada — Ficamos parados, se olhando até eu continuar — Tá sendo sufocante viver nessa casa porque ninguém pergunta como eu tô me sentindo e...
Era idiotice desabafar com uma pessoa que certamente colocaria a culpa na tecnologia ou nos meus amigos então, parei de falar até porque eu também estava atrasado.
— Sai do meu quarto por favor, tenho que procurar a merda do sapato e ir pra escola — Abri a porta segurando a maçaneta esperando ele ir embora e só depois de dois minutos que eu realmente fiquei sozinho de novo.
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— Minha irmã me viu fumando maconha na varanda um dia desses — Falei para o Romeo, esperando ele guardar os cadernos no armário.
— Tá com medo dela contar pro seu pai?
— Não — Balancei levemente a cabeça — É que eu sempre quis proteger a Morgan de todas as coisas ruins do Mundo e agora eu tô percebendo que a coisa ruim sou eu...
— Já pensou em uma reabilitação? Tem um monte de gente aqui na escola que faz sem pagar nada, porque assim — Fechou o armário e depositou a atenção em mim — Parece que você quer largar o cigarro então, é meio caminho andado.
— Não é assim, Romeo eu sou ansioso demais — Passei a língua o lábio inferior me preparando para falar mais — Eu preciso de alguma coisa pra me distrair durante o dia, se não for o cigarro vai ser o que?
— Sempre que te der vontade de fumar come um chocolate.
— Ótimo, aí eu saio de fumante compulsivo pra diabético! — Rimos — Vamos comer alguma coisa e esquecer desse assunto, por enquanto.
Para algumas pessoas a escola é um lugar de acolhimento ou pelo menos era o que deveria ser mas, andando pelos corredores acompanhado de Romeo, indo para o refeitório, podíamos ver uma cena um tanto quanto desagradável: Leon aparentemente conversando com uma menina, mas quem o conhece de verdade sabe que as coisas não funcionam dessa forma para ele.
Conhecer, criar uma amizade e só depois começar uma espécie de romance definitivamente não está no vocabulário dele. Leon foi muito mimado pelos pais, como não tem irmãos a atenção foi toda para ele e isso resultou num cara idiota e imbecil. Quando ainda éramos crianças, entrando na pré-adolescência, ele insinuou que todas as conquistas da minha família foram graças à venda de maconha. Fomos para a diretoria e apesar de termos ganhado as mesmas punições, meu castigo foi bem maior do que o dele, além de ter sido culpado pelos senhores Augustus.
Me vem um nojo quando eu vejo meninas inocentes caindo no papo furado dele e me sinto fazendo parte do assédio quando não faço nada mas a maioria das garotas o defendem quando tento fazer alguma coisa, parece que ele faz uma lavagem cerebral nelas. Romeo comprou duas barras de chocolate e ficamos comendo num canto menos movimentado do pátio central.
Passamos exatamente cinco minutos observando as pessoas irem e virem, até o diretor aparecer acompanhado dos novos alunos: dois garotos e uma garota, eles já usavam os uniformes mas, por algum motivo, tinham energias diferentes, os meninos eram esguios, de porte magro e cabeludos já a menina, usava óculos redondos com o cabelo preso em rabo de cavalo baixo entretanto, bem bonita.
— Dá quantos minutos para o Leon ou o Eric aparecerem dando em cima da menina? — Romeo me perguntou terminando de comer.
— Nem vinte!
Outras meninas foram para perto dela provavelmente procurando amizade, terminamos o "almoço" e fomos desperdiçar nosso tempo numa maravilhosa aula de matemática. Confesso que a aparência da menina nova ficou na minha mente por um bom período, não que eu tenha me apaixonado à primeira vista, mas ela me deixou curioso.
Mesmo ela sendo bonita e ter despertado em mim uma curiosidade que eu nunca tive, não quero enfrentar um relacionamento agora ou talvez nunca! Namoros são para pessoas mentalmente estáveis e não pessoas como eu, sem rumo.
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tchau tchau leitores
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School Of Demons
Fiksi PenggemarExistem palavras de baixo calão, hot e gatilhos!! 𝑺𝒄𝒉𝒐𝒐𝒍 𝒐𝒇 𝒅𝒆𝒎𝒐𝒏𝒔| Cada um ali tinha um problema para lidar, e talvez as soluções sejam beber até ficar tonto, fumar até a boca ficar seca e chegar em casa chapado sem conseguir abrir a...