31| sᴜᴀ ᴍᴇʟʜᴏʀ ᴄʜᴀɴᴄᴇ

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ERIC

EU ME SINTO UM LIXO!

A mulher que me criou, que cuidou de mim durante toda minha vida e que eu chamei de "mãe" por todos esses anos, estava internada, e eu ainda não a visitei. Por causa da porra de um sentimento estúpido chamado orgulho, porque sei que se eu for naquele hospital, irei perguntar coisas que não devem ser perguntadas.

Nesse momento eu encarava meu reflexo no espelho do banheiro, após tomar uma ducha, e graças ao vapor quente, não pude enxergar as lágrimas escorrendo, mas as sentia. Sentia também um aperto no peito e um nó se formando na garganta.

Nos últimos dias, eu emagreci demais pois não tenho disposição para nada, a não ser ficar pensando na minha verdadeira família.

— Eric!

Alguém havia entrado em casa, vesti uma bermuda rapidamente e sai do banheiro em passos largos. Desci as escadas correndo e encontrei Leon perto da porta.

— Como entrou aqui? — Perguntei me aproximando.

— Esqueceu que eu ainda tenho a chave reserva? — Sorriu de canto — Quando você esquecia alguma coisa ou vínhamos jogar videogame juntos, eu a usava.

Realmente, eu havia emprestado uma cópia da chave quando éramos amigos.

— Veio devolver?

Cruzei os braços.

— Não, minha mãe... — não, minha mãe — Disse o que aconteceu com você nesses últimos dias e eu fiquei... Como posso dizer? — Olhou para cima, pensando em algo — Eu fiquei pensando demais e tive a ideia de te ver.

Eu nunca gostei que as pessoas sentissem pena de mim.

Talvez fosse por isso que eu agi como um valentão durante muito tempo, quando na verdade, eu só tentava esconder sentimentos que eu achei que deveriam ser escondidos.

— Ok. Pode sentar, eu vou pegar uns salgadinhos pra gente.

Voltei depois de alguns minutos trazendo uma tigela e duas garrafas de refrigerante. Sentei ao lado de Leon, nossa aproximação ainda era estranha.

— Cara, eu sinto muito por tudo — os olhos dele eram tristes — Eu me senti tão inútil, porque gostaria de estar ao seu lado quando tudo aconteceu, eu queria te abraçar e fazer com que você entendesse que eu estaria ali pra sempre.

Quando Leon disse aquilo, eu tive certeza absoluta de que iria chorar bastante.

— Eu não quero que o assunto seja sobre mim, mas... — Suspirou — Eu acho que nós dois precisamos de apoio — Olhou para mim — Nós dois precisamos um do outro.

— Por que diz isso?

Parecia que Leon sentia vergonha de me contar alguma coisa. Ele mordia o lábio na intenção de segurar o choro, apertava as mãos e evitava me olhar diretamente.

— Eu fiz muita merda quando tava longe de você, eu talvez tenha perdido uma garota maravilhosa, eu bati nessa garota, eu traí essa garota e eu fui o maior babaca com os meus pais!

Wow.

— Sim, eu sei, isso é coisa de louco!

Por um mínimo momento, eu queria abraçá-lo, não porque acho que ele é a vítima nessa história, mas porque a alma dele está cansada e ele transmite isso pelo olhar, é estranho descrever a sensação, mas é isso que eu sinto.

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