20- Precisamos Mesmo

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Seus lábios, sua pele... seu calor. Achei que não a veria mais, achei que a despedida depois do Uber teria sido nosso último encontro, mas agora ela estava em meus braços e eu, completamente nos seus. Camila me abraçava e nos beijávamos enquanto caminhávamos, cambaleantes, por dentro do apartamento.

Não serei modesta, não economizarei palavras, pois aquilo era o que mais queria desde que me perdi em seu olhar e em seu sorriso. Tirei sua blusa ainda enquanto caminhávamos e não tenho como descrever o quão delicioso era sentir sua pele no tato de minhas mãos.

Nós ardíamos em paixão, isso era extremamente recíproco naquele momento e sabíamos disso. Sabe quando você saboreia sua refeição favorita? Pra mim era essa a sensação, como se estivesse saboreando o que havia de mais saboroso e, por mais que isso me assustasse, de maneira alguma me permitiria atrapalhar por qualquer que fosse o motivo.

Entramos pelo quarto, onde ela me colocou contra o armário enquanto seguíamos nos beijando cheias de paixão e desejo. Eu a segurava firme pela cintura, puxando-a contra meu corpo, até que ela se afastou e vi seus olhos percorrerem por todo o meu rosto, em silencio, numa mistura de desejo e admiração.

Camila se afastou, puxando-me pela mão, se sentou na beira da cama, me ajudou a retirar minha blusa e então começou a beijar minha barriga, mas não mais com a mesma voracidade de antes, pois agora parecia também estar saboreando aquele momento, assim como eu o fazia.

Era incrível olhar para aquela mulher tão linda e vê-la me desejar da forma que demonstrava fazer. Pra mim, confiar, é algo complicado, pois infelizmente já encontrei muitas pessoas mal intencionadas devido a minha situação financeira, mas da maneira que as coisas aconteceram, enfim, eu sentia que com ela era diferente.

Não é que eu não pudesse estar equivocada, ou fazendo julgamentos baseadas nas minhas emoções, até porque pouco a conhecia, mas havia um sexto sentido gritando dentro de mim e me dizendo que havia algo ali que era diferente de tudo que já havia vivido em minha vida... e olha que eu vivi, hein.

Me deitei sobre ela enquanto lhe beijava dos lábios à barriga. Era uma delícia ouvir sua respiração ofegante e sentir sua pele febril, e saber que todas aquelas alterações eram causadas por mim. Meu tesão crescia mais e mais, e tudo que mais queria, além de devorá-la, era fazê-la chegar ao máximo prazer que conseguisse chegar.

Minhas mãos passeavam por seu corpo, assim como meus lábios também o faziam e, aos poucos, fomos nos despindo das ultimas peças de roupa que nos separavam. Sentir seu corpo nu em contato com o meu era algo tão gostoso que me fazia querê-la cada vez mais.

Não sei precisar o tempo que passamos envolvidas por nossa paixão e nem vou detalhar sobre tudo que houve entre nós, até porque penso não é a quantidade de algo que faça a diferença, mas sim a qualidade de como as coisas são feitas e de como desenvolvemos nosso envolvimento.

O que posso dizer é que foi uma delícia tudo que fizemos... tudo que trocamos, e que já era noite quando, exaustas, após o gozo de Camila, em silêncio, me deitei ao seu lado e a abracei, trazendo-a em silencio para o meu colo e, assim, ficamos, conectadas, juntas e em plenitude... ao menos eu estava.

O único som no ambiente era o do ar condicionado, que armava e desarmava de tempos em tempos, para aliviar o calor que fazia no Rio de Janeiro, e também ali entre nós, além disso não havia mais nenhum som, nenhum fora o que fazia as nossas respirações, que se acalmavam lentamente.

Me sentia exausta, mas relaxada, como a muito não sentia e era incrível como aquilo acontecia, pois eu mantinha uma vida sexual ativa, mas aquele momento com ela, por mais que não tenhamos feito nada de mais, ou de sobrenatural, havia sido o mais especial dentre todos os anteriores.

Camila parecia adormecida, ainda em meus braços, diferente de mim, que estava bem acordada, por mais que meu corpo me pedisse por alguns bons minutos de sono. Me levantei, tentando não acordá-la e, depois de ir ao banheiro e de vestir ao menos o roupão de banho, saí do quarto e fui me abrir na escuridão da sala.

Havia uma enxurrada de emoções e pensamentos surgindo em minha mente e coração. Eu não queria me envolver emocionalmente com ninguém, justamente por não me sentir preparada pra isso, mas ela não era qualquer pessoa pra mim, mesmo que tenhamos nos conhecido há tão pouco tempo, ainda assim não era.

Peguei, dessa vez, uma lata de cerveja, e me dirigi pro mesmo cantinho onde havia me sentado na outra noite. Me sentei e fiquei, olhando pela janela, enquanto tentava encontrar no álcool algum tipo de relaxamento pra tudo que estava acontecendo dentro de mim... havia muita coisa acontecendo.

É difícil falar a respeito, mas quando se tem a idade que tenho, por mais que muitos possam me considerar relativamente jovem, significa que, no mínimo, eu vivi diversas coisas ao longo da vida, ou seja, não foram poucos os erros e acertos, assim como também não foram poucas as decepções.

Em resumo, vivi um relacionamento abusivo, que terminou com traição, e só hoje enxergo o porquê preferia, muitas das vezes, passar mais tempo trabalhando do que dentro de casa. São muitos os famosos "gatilhos" que desenvolvi por causa disso e tenho certeza que meu comportamento é reflexo disso.

– Acho que precisamos conversar.

Voltei pra realidade, olhei na direção do sofá, que era onde Camila estava parada, sorrindo com um ar constrangido e olhando pra mim. Eu sorri, porque realmente concordava com suas palavras, e disse:

– Precisamos mesmo.

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LGBT - Quando AconteceOnde histórias criam vida. Descubra agora