Camila se aproximou, enrolada em um lençol, e se sentou ao meu lado, no chão mesmo, onde me encontrava. Olhamos uma pra outra com um ar de constrangimento e sorrimos. O som de seu sorriso era tão gostoso.
– Você não deve ter entendido nada do que eu fiz, né? – Me perguntou ela.
– Pra te ser sincera, realmente não entendi, mas não posso dizer que reclamo. – Sorri.
– Existem coisas que ainda são difíceis pra mim, difíceis até de falar a respeito, mas juro que não sou doida, a vida é que não tem sido muito fácil.
– Não posso te julgar, a minha também tem sido uma loucura, mesmo que só por dentro, muitas das vezes.
– Pois é... – Respirou fundo olhando pro nada. Me olhou e continuou. – Eu pretendia não te procurar, uma porque não to bem e outra porque não quero que pense que tenho algum interesse por qualquer que seja a sua situação financeira, que nitidamente parece ser muito melhor do que a minha.
– Por isso você não me contou sobre sua demissão e mentiu sobre o seu endereço?
Eu sempre fui uma pessoa de muita sinceridade e essa pergunta, além de ser uma pergunta real, também servia pra mostrar que haviam alguns detalhes sobre ela que eu já estava ciente, como o endereço errado e sua demissão.
Camila me olhou surpresa, nitidamente não sabia que eu já tinha aquelas informações, e disse:
– Sim... eu não menti por mal, espero que acredite, apenas não queria que você soubesse dessas coisas.
– Não te julgo, a gente mal se conhece, acho natural não querer me dar seu verdadeiro endereço, não vejo nada demais nisso, de verdade, até porque já fiz isso na vida. – Sorri.
– Você é muito rodada, não é, paulista? – Me perguntou em tom de brincadeira.
– Melhor não responder essa pergunta. – Brinquei.
– Hmm. – Sorriu. – Enfim, é mais ou menos isso.
– Tudo bem, mas se queria tanto sumir, por que veio bater na minha porta? – Perguntei sorrindo, mas com o coração ansioso pela resposta.
– Ah!... eu não conseguia pensar em outra coisa desde ontem, aí, como tive que vir no restaurante pra assinar uns papéis, acabei vindo parar aqui.
– Você tava no restaurante agora de tarde?
Me assustei com aquela informação, até porque eu havia estado pela praia com a minha ex e não queria que Camila tivesse nos visto. É estranho, muito estranho, porque mal a conhecia, mas meu sentimento era de não querer estragar algo que estava acontecendo entre nós, mesmo que não tivesse vontade de dar andamento a nenhum relacionamento.
– Sim, eu precisei vir, me ligaram hoje de manhã pedindo.
– Almocei lá hoje.
– Imaginei que faria isso. – Abaixou a cabeça.
Um silêncio gritante se instaurou entre nós. Eu não sabia o que dizer e acredito que ela também não. Nitidamente havia mais poeira embaixo do tapete, mas no meu também tinha e nem por isso falei a respeito, então não me vi no direito de fazê-lo também, ainda mais sem querer levar nada adiante... queria?
– Fiquei triste. – Confessei. Ela me olhou. – Achei que não te veria mais.
– E eu que tava me corroendo de angustia e ansiedade. – Brincou. – Tu fez um feitiço pra me amarrar, não fez não, paulista?
– Fiz sim, o nome dele é "quase ser atropelada por burrice". – Ri.
Realmente rimos daquele meu episódio, que ela nem faz ideia do porquê daquilo quase ter acontecido e, sinceramente, não pretendia falar a respeito. Que loucura, tudo aquilo acontecendo enquanto minha ex surge, só Deus sabe como, no Rio de Janeiro atrás de mim.
Quando percebi nossos corpos estavam inclinados um na direção do outro, o que aproximava nossos rostos, enquanto riamos daquele meu episódio e brincávamos a respeito. Por um momento no silenciamos, ainda com sorrisos nos lábios e nos olhamos. Irresistivelmente eu me aproximei um pouco mais e a beijei, com carinho.
A sensação de paz que me dava ao estar em sua companhia era indescritível. Meus problemas e confusões ainda se faziam presentes, mas não conseguiam mais me dominar como o faziam quando me encontrava sozinha. Estar ao seu lado era como recarregar minha bateria emocional, era como aliviar toda a tensão de meses... quem sabe até anos.
Seus lábios, sua pele e seu cheiro me causavam uma emoção tão grande e tão nova que, por mais que eu me esforçasse para resistir, o que realmente fazia, mesmo que não pareça, era simplesmente uma das coisas mais difíceis que já fiz em toda a minha vida... parece exagero, mas é verdade.
– Não sei o que fazer contigo, paulista. – Disse ela, com o rosto ainda próximo ao meu.
– Confesso que também não sei. Você não é a única a ter problemas. – Brinquei.
– Eu acho que devo, mas não quero me afastar de você... não agora.
Respirei fundo e, indo contra meus pensamentos, disse:
– Vamos fazer assim, não vamos pensar nisso, vamos fazer o que nos der vontade de fazer e é isso. Depois que eu voltar pra São Paulo tudo vai se resolver... eu acho. – Sorri, de desespero, no final.
– Eu topo.
Disse ela enquanto se erguia e se sentava em meu colo, de frente pra mim, e começávamos a nos beijar, novamente cheias de paixão, do jeito mais delicioso possível. Dali fomos para o quarto, onde passaríamos mais algumas horas de prazer, desejo e paixão, antes que nossos corpos realmente apagassem pelo excesso de cansaço.
"Eu topo", disse ela. Liguei o foda-se e me senti feliz... por que não?
Obs: Curte, comenta e compartilhaaaaa :D
Me segue no insta: kakanunes_85
VOCÊ ESTÁ LENDO
LGBT - Quando Acontece
عاطفيةLetícia é uma empresária rígida e bem sucedida que se vê obrigada a tirar férias de seu trabalho. O destino? A Cidade maravilhosa, Rio de Janeiro. Lá, enquanto descobre e explora novos lugares da região, ela conhece Camila, que é a leveza em meio ao...