Liguei o ar condicionado central do apartamento para que todo ele ficasse refrigerado e assim pudéssemos transitar com tranquilidade. Enquanto Camila estava na cozinha lavando a louça que sujamos, eu entrei no banho. Ainda lavava meus cabelos quando ela surgiu entrando no box. Nos abraçamos e nos beijamos, um beijo tão longo e gostoso que era impossível não despertar meu tesão.
Nos envolvemos em uma paixão mais branda, se assim posso chamar. Sorrimos durante aquele processo delicioso, onde sentia sua pele macia pelo toque das minhas mãos. Seus beijos eram uma delícia, mas vê-la ofegar, me segurar com firmeza e quase me arranhar, motivada pelo meu dedilhar em seu corpo, me acendiam ainda mais do que qualquer outra coisa poderia fazer.
Vê-la alcançar seu ápice de prazer era tão bom que, por um momento, quase consegui acompanhá-la, mesmo que não estivesse sendo tocada da mesma maneira. Eu, definitivamente, tinha muito tensão em fazê-la explodir de prazer e acho que nem todas as pessoas conseguiriam entender esse meu sentimento... será?
- Você ta com uma carinha de cansada, paulista. - Me disse ela, sorrindo, enquanto nos vestíamos no pós banho.
- Teu prazer é me zoar, né? - Brinquei.
Camila me abraçou sorrindo e, com uma carinha de safada, perguntou:
- Acho que já deu pra perceber que não é só esse, né?
Dei-lhe um beijo suave enquanto sorriamos e disse:
- Creio que não só de sexo vive o ser humano e proponho que providenciemos o nosso almoço, ou janta, tendo em vista o horário.
- Bom, já que você montou nosso café da manhã, eu vou lá fazer alguma coisa pra gente almoçar.
- Eu montei, mas você lavou, então sinto muito, mas você vai ter que, no mínimo, me deixar ajudar.
- Então vem, vou te colocar pra cortar umas cebolas. - Disse ela me soltando e saindo porta a fora.
Sorri, porque pra mim era impossível não gostar daquele jeitinho doido dela, principalmente quando abria aquele sorriso lindo e me olhava com aquele olhar travesso. Eu tinha muito medo do que estava acontecendo, do que estava sentindo, mas tudo era tão mais forte do que qualquer um destes sentimentos que eu não conseguia mais evitar... nunca consegui, na verdade.
Fui pra cozinha e, enquanto ouvíamos música, fiz um pouco de arroz, ela fez uma farofinha que eu nunca comi nenhuma melhor e fritamos uns bifes e uns ovos. Conversávamos e ríamos sobre as bobagens que existem entre paulistas e cariocas, mas que, no fim, geram trocas divertidas de disputa sobre quem é melhor... lembrando, tudo em exagero deixa de ser saudável.
Nós nos sentamos no sofá e ligamos a televisão. O fim de tarde já começava a dar seus sinais através das grandes janelas da sala. O alaranjado do por do sol tomava os céus enquanto nós, sentadas e grudadas, assistíamos a um filme de ação de uma plataforma de Stream.
Acredito que ali tenha sido nosso primeiro e real momento de desentendimento, ao que se refere a escolha de qual filme estávamos dispostas a assistir. - Riu. - Quem nunca teve esse tipo de dificuldade, não é mesmo? Acredito que uma das mais difíceis tarefas seja escolher algo para se ver, mesmo quando se está sozinha.
Meus olhos estavam pesados. Estava extremamente confortável estar ali, com ela, com o ar condicionado, com o por do sol e com o filme passando na televisão e, por mais que a história parecesse ser realmente boa, o meu corpo estava exausto enquanto minha mente parecia estar num profundo relaxamento, como há muito tempo não sentia... caso já tenha sentido, não sei.
Pra muitos aquele talvez não fosse o melhor dos programas pra um sábado a tarde de sol no Rio de Janeiro, ainda mais pra quem estava ali de férias, mas pra mim, que tenho uma alma um tanto quanto idosa, e que estava fisicamente cansada, aquele era sim o programa perfeito, principalmente pela presença de Camila.
Eu a olhei pelo canto dos meus olhos e a admirei, sem que ela me notasse. Camila parecia mais acordada e mais atenta ao que acontecia na tela. Seus olhos fixos eram lindos. Sua expressão apreensiva de quem tenta entender a história, talvez desvendar o mistério antes que o filme o revele, era tão fofa que fazia meu peito se aquecer.
Como pode uma relação de tão pouco tempo me causar tamanha emoção? Como pode aquele momento ser mais especial do que tantos outros que já vivi em minha vida? Qual feitiço aquela menina mulher havia lançado sobre mim? Eu simplesmente não conseguia evitar, não conseguia fugir e, agora, não conseguia mais negar... embora ainda não conseguisse afirmar.
Não havia mesmo outro lugar no Mundo onde eu gostaria de estar que não fosse ali, naquela sala, daquele jeito e com ela ao meu lado. Meu coração estava cheio de um sentimento diferente de tudo que já havia sentido. Havia paz, havia conforto, havia tudo que eu mais queria, ou que talvez mais precisasse.
Encostei minha cabeça no encosto do sofá e senti minha frágil consciência ir e vir. Não queria apagar, não queria não estar ali com ela, aproveitando e curtindo o nosso momento, e já estava quase mergulhada nas profundezas de minha mente quando, ao pé do meu ouvir, Camila disse:
- Pode dormir, descansa, eu ainda vou estar aqui quando você acordar.
Imóvel e imersa na quase inconsciência, senti seus lábios beijarem meu rosto com carinho, senti seu corpo se ajeitar junto ao meu e, inevitavelmente, mergulhei por completo naquele mar de aconchego e calmaria, ou seja, por fim, dormi, mas dormi com a certeza de que sim, ela ainda estaria ali quando eu acordasse... era muito bom saber disso.
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LGBT - Quando Acontece
RomanceLetícia é uma empresária rígida e bem sucedida que se vê obrigada a tirar férias de seu trabalho. O destino? A Cidade maravilhosa, Rio de Janeiro. Lá, enquanto descobre e explora novos lugares da região, ela conhece Camila, que é a leveza em meio ao...