Era tão angustiante a ideia de que não precisavam de mim em minha empresa para que ela continuasse funcionando perfeitamente, principalmente enquanto eu não parecia estar funcionando da mesma forma sem ela. Tenho muito orgulho de tudo que construí ao longo desses anos e acho que tenho ciúme da minha posição e importância, mesmo sabendo que são coisas imutáveis... são?
Passei meu domingo arrumando minhas malas, pois já que pretendia ficar tanto tempo fora de casa, precisava então levar coisas que viesse a suprir minhas necessidades como roupas, sapatos e outros objetos pessoas, sendo assim quis separar o dia pra fazer essa organização com a maior paz e tranqüilidade possível.
- Oiê. - Uma voz feminina e sedutora me disse ao atender meu telefone. - Ta ocupada?
Olhei o visor pra ter certeza de que era quem eu estava pensando ser. Fiz uma careta, pois era exatamente quem eu pensava e estava evitando há dias. Julia, uma mulher linda que conheci durante uma social entre minha empresa, nossos fornecedores e clientes... será que preciso dizer no que deu esse encontro?
- Oi sumida. - Respondi, de igual, modo com minha voz sedutora. - Infelizmente to sim, meu anjo, mas parei aqui 5 minutinhos pra poder falar com você.
- Poxa linda, você sumiu, não me procurou mais. - Se queixou ela mantendo o tom "fofo".
- Oh meu amor! Perdão! Esses últimos dias foram bem corridos, pois vou precisar fazer uma viagem de negócios pro Rio de Janeiro, então imagine a loucura.
- E vai ficar muito tempo por lá?
- Vou precisar ficar sim, temos muitas coisas pra resolver por lá e só eu posso fazer isso. - Respondi.
- Poxa linda, queria tanto te ver, sinto tanta falta dessa sua boquinha maravilhosa.
Tirei o telefone do ouvido por alguns segundos enquanto controlava minha libido e voltava para meu foco, que era: Essa mulher é grudenta demais, se livra logo dessa ligação, pelo amor de Deus! - Respirei fundo e, após alguns segundos de silêncio, ainda sem saber como fazer, com tom de sofrimento, disse:
- Desculpa o silêncio, é que acabei de receber uma mensagem importante de trabalho e infelizmente vou precisar desligar. Esses dias estão muito corridos por causa dessa viagem, me perdoe de verdade.
- Poxa... ta bom então, quando você puder, me liga. - Me respondeu com um leve tom de chateação.
- Ligo sim, pode deixar. Vou desligar aqui então, fica bem, viu. Beijo.
- Um beijo bem gostoso nesse seu pescocinho lindo.
Desliguei e fiquei, por alguns segundos, um tanto quanto chateada com o que havia acabado de acontecer. Julia não era uma má pessoa, pelo contrário, ela era linda, inteligente, dona de si, madura e muitas outras coisas, mas não daria certo continuar tendo contato com ela, pois começou a demonstrar uns sentimentos por mim que não estavam sendo correspondidos e, sinceramente, não sei lidar com esse tipo de coisa.
Já que já podia me considerar de férias, por mais que, oficialmente, ela só começaria a valer na segunda feira, deixei meu celular no silencioso e o mais longe de mim possível. Coloquei minha playlist favorita pra tocar e continuei com o meu processo de organização de roupas, objetos e malas enquanto bebia um pouco de vinho e beliscava alguns biscoitinhos, deixados propositalmente próximos.
Por volta das 19h terminei de arrumar minhas coisas, todas organizadas em 3 malas, 2 necessaires e minha bolsa do dia a dia favorita. A noite parecia perfeita, pois meu apartamento estava limpo e cheiroso, já que Maria a havia faxinado no dia anterior, e agora, com todas as minhas coisas arrumadas, eu poderia aproveitar, depois de um delicioso banho, aquela noite fresca de primavera no conforto e no silencio do meu sofá... a campainha tocou.
Achei estranho, pois sendo um prédio que possui portaria, caso alguém surgisse de fora, não poderia estar diante da minha porta tocando minha campainha, até porque já havia deixado avisado que se qualquer pessoa aparecesse procurando por mim, não sendo a Lúcia, era pra dizer que eu estava fora em viagem e sem previsão de retorno, mas enfim, fui até a porta.
- Marcela? - Me surpreendi pelo olho mágico e abri a porta.
- Oi vizinha, voltei.
Ela vestia um sobretudo... somente ele, no caso. Estava de cabelos soltos e me olhava com cara de que iria me devorar por inteira a qualquer momento. Marcela era minha vizinha há poucos meses e nós já havíamos nos encontrado algumas vezes pela academia e piscina particular do condomínio... entre outros lugares também e digamos que o melhor a respeito dela, era que não estava interessada em ter relacionamento tanto quanto eu.
Como falei e reafirmo, eu queria muito ter saído do meu banho e ter permanecido no aconchego do meu sofá, enquanto degustava de mais um pouco de vinho, no silencio de minha casa, mas não havia mal algum em abrir mão só um pouquinho para degustar de outros prazeres da vida. Certo?
Marcela entrou jogando-se em meus braços enquanto fechava a porta empurrando-a com um de seus pés. Nossos lábios se misturam enquanto minhas mãos retiravam seu casaco e começavam a percorrer por seu corpo nu. Nós caminhamos como pudemos em direção ao meu quarto onde nos deitamos e eu lhe fiz encontrar o que havia ido procurar.
Faltavam apenas algumas horas para minha viagem e, mesmo enquanto estava com Marcela, aquela sensação estranha não me deixava em paz, era como se fosse uma nuvem no canto do olhar, não podia ser realmente vista, mas estava lá, eu sentia, eu sabia, sabia que havia alguma coisa me esperando e isso estava me fazendo sentir algo que sempre odiei sentir... eu sentia medo.
Obs: Curte, comente e compartilhe :)
VOCÊ ESTÁ LENDO
LGBT - Quando Acontece
RomanceLetícia é uma empresária rígida e bem sucedida que se vê obrigada a tirar férias de seu trabalho. O destino? A Cidade maravilhosa, Rio de Janeiro. Lá, enquanto descobre e explora novos lugares da região, ela conhece Camila, que é a leveza em meio ao...